quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009

Mia Couto, poeta de Moçambique

Sua primeira obra foi escrita aos 14 anos. Qual foi a repercussão?

Ela marca minha decisão de viver o mundo por via da poesia, a necessidade de poetizar a vida. Não é apenas um livro, é uma declaração de fé numa crença que não tem nome, senão o desejo de estar disponível para ser encantado.



Entrevista completa na Revista da Cultura.

quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009

Selo!

Recebi esse selo do dono do 1000 acasos, Luan. Obrigadinha!

Regras:

- Exibir a imagem do selo "Seu blog é ROXIE!" e escrever essas regras abaixo dele.
- Colocar quem te deu o selo nos seus blogs indicados (amigos).
- Escrever 5 coisas que são ROXIE (1ª sobre música, 2ª sobre televisão e cinema, 3ª três países que gostaria de conhecer, 4ª três cores favoritas e 5ª três hobbies)
- Indicar 10 blogs que você ache ROXIE.
- Avise a pessoa que você indicou, deixando um comentário para ela.

Coisas que são ROXIE pra mim:
(pelo contexo da coisa, acho que "roxie" é:)

Sobre música: Todo mundo sabe que, na minha lista, só Cazuza podia vir em primeiro. Em seguida, mas não menos importantes: Tom Jobim, Chico Buarque, Vinicius de Moraes, Elis Regina, Clara Nunes, Raul Seixas, Toquinho, Nana Caymmi, Rita Lee... e por aí vai. Gosto de coisa velha, viu?

Sobre televisão e cinema: Eu assisto mais TV do que deveria. Novela é comigo, mas eu também assisto noticiários (claro, preciso), programas de culinária e quaisquer futilidades (exceto BBB...). No cinema, eu gosto basicamente do nacional. Não é ufanismo não, juro. O último (bom) filme que vi foi "Romance". Recomendo...

Três países que gostaria de conhecer: Jamaica, África do Sul e Irlanda (a lista é maior...).

Três cores favoritas: Azul marinho, verde e preto.

Três hobbies: Ouvir música, ler e falar.

Indicações:
Apesar de ser jornalista, conheço poucos blogueiros. Lá vai:

http://ideiasvadia.blogspot.com
http://naocontaporqueesegredo.blogspot.com
http://vozderessaca.blogspot.com
http://tacyviard.blogspot.com

domingo, 8 de fevereiro de 2009

Cem anos de Carmen Miranda

Era uma manhã de sábado e eu tinha uns 11 anos de idade. Meu pai me levou ao cinema para assistir a um filme sobre Carmen Miranda, "Banana is my business". Esse foi meu primeiro contato com a pequena notável luso-brasileira Maria do Carmo Miranda da Cunha. E eu nunca mais esqueci aquele filme, o chiado das falas de Carmen, suas roupas e músicas. Ficou tudo gravado.

Amanhã, Carmen faria 100 anos e eu estava procurando bons textos sobre a data. Escolhi o de Ruy Castro, colunista da Folha de S. Paulo, que não só publicou uma matéria interessantíssima sobre ela, como registrou nomes daqueles que estiveram nos primórdios do nosso samba. Confira que vale a pena!

(Em tempo: Ruy é o escritor do livro que estou lendo agora, "Chega de Saudade", sobre a Bossa Nov - recomendo!! Também assina "Carmen Miranda - Uma biografia")

Além da matéria que vai abaixo, sugiro aos interessandos que assistam ao filme que eu vi com meu pai no cinema. O Canal Futura o exibe nesta segunda, 9, às 19h. Ruy também recomenda o sítio www.carmen.miranda.com.br, com todas as gravações da cantora.

E olha ela e nossas bananas aí, em cena do filme "The gang's all there":



O site tem essa logo comemorativa, muito legal:





E eis seu túmulo, registrado por mim, no Cemitério São João Batista, no Rio de Janeiro:




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A Carmen que o Brasil não conhece

Carmen Miranda, que faria 100 anos amanhã, fixou o jeito de cantar o samba e a marchinha e gravou quase 300 músicas no Brasil, mas o país ainda só a conhece por seus turbantes e filmes de Hollywood


Carmen Miranda no início da carreira de cantora, em 1930, no Rio


RUY CASTRO
COLUNISTA DA FOLHA

De setembro de 1929 a maio de 1939 (com direito a uma curta prorrogação em setembro de 1940), Carmen Miranda gravou 281 músicas no Brasil, em discos avulsos de 78 rpm -uma música por face, como se dizia. Se na época já existisse o álbum convencional de 12 faixas, isso equivaleria a 23 LPs -mais de dois por ano, durante dez anos. Se se fizer os cálculos baseados nas avaras possibilidades dos 78s, Carmen lançou uma média de 2,5 músicas por mês, todo mês, chovesse ou fizesse sol, durante aqueles dez anos. Nenhuma outra cantora brasileira, antes, durante ou depois, chegou perto de tais números -até hoje.

Noventa por cento desses discos eram de gêneros musicais recém-criados e que ainda estavam se estabelecendo no começo dos anos 30, como o samba -em diversas variações: rasgado, de Carnaval, de breque, samba-choro, samba-jongo, samba-batuque- e a marchinha -idem: de Carnaval, junina, natalina. Esses ritmos não nasceram prontos e acabados. Foram se definindo à medida que eram produzidos e gravados e, nesse caso, a participação de Carmen, cantando-os à sua maneira, foi fundamental para a sua fixação.

Em pouco tempo, muitos autores de sambas e marchinhas começaram a compor explicitamente para a voz e o estilo -a "bossa"- de Carmen, o que a tornou não apenas o veículo ideal para os ritmos, mas, de certa forma, sua inspiradora. Esses compositores e letristas eram garotos, todos menores de 30 anos em 1930, recém-chegados à cena musical carioca, vindos de Minas Gerais, da Bahia, do Estado do Rio ou dos subúrbios cariocas mais distantes: Ary Barroso, André Filho, Lamartine Babo, a dupla João de Barro e Alberto Ribeiro, Assis Valente, Ataulpho Alves, Synval Silva, Alcyr Pires Vermelho, Herivelto Martins, Dorival Caymmi. Alguns deles, como Ataulpho, Synval, Alcyr e Caymmi, tiveram em Carmen sua primeiríssima intérprete; outros, como Ary, André ou Assis, tiveram nela sua principal ou mais frequente intérprete. É difícil imaginar esses autores nas vozes de Gesy Barbosa, Olga Praguer Coelho ou da própria Aracy Côrtes, que eram as cantoras já estabelecidas quando Carmen apareceu -todas formidáveis a seu modo, mas refinadas demais para o que o samba exigia. Carmen, por sua vez, já nasceu falando a língua e a linguagem deles.

Drible de língua
Ela levou as ruas para a música popular, liquidando com o sotaque lírico, de bibelô, que marcava suas antecessoras. E que ruas eram essas? As da Lapa, onde foi criada, dos seis aos 16 anos, entre 1915 e 1925, um caldeirão onde se cozinhavam políticos, empresários, ministros de Estado, turistas, escritores, jornalistas, boêmios e malandros, entre a fauna que efetivamente trabalhava ali: policiais, garçons, cozinheiros, engraxates, motoristas de táxi, leões-de-chácara, cafetões, prostitutas. Na Lapa nasciam as gírias, os duplos sentidos, as corruptelas e outras modernidades que fariam da nova língua cantada algo a anos-luz das lindas valsas e modinhas de Freire Jr. e Bastos Tigre que predominavam até bem pouco.

Saíam as pálidas morenas, os luares prateados e as velas em silhueta à beira-mar para dar lugar a "Já me disseram que você andou pintando o sete/ Andou chupando muita uva e até de caminhão/ Agora anda dizendo que está de apendicite / Vai entrar no canivete, vai fazer operação" ("Uva de Caminhão", por Assis Valente, que Carmen gravou em 1939). Mas, mais do que isto, Carmen levou um jeito novo de cantar -esperto, moleque, malicioso- em oposição ao "sentimento" ou "sinceridade" dos outros cantores. Com um drible de língua, podia-se ouvi-la sublinhar certas palavras ou extrair conteúdos insuspeitos de um verso.

Obras-primas
Nesse sentido, pode ter sido tudo, menos uma cantora romântica ou dramática -lacuna que só se preencheria em 1935, quando surgisse Aracy de Almeida. Equivale a dizer que, por cinco anos, Carmen reinou sozinha, e a única cantora a lhe fazer alguma sombra era sua irmã Aurora -mas uma sombra benigna, porque as duas viviam se apresentando juntas e até trocavam repertório. Considerando-se que tudo que Carmen gravou no Brasil foi em primeira mão -ou seja, legítimas criações suas como intérprete-, devemos a ela, como se não bastasse, uma quantidade de obras-primas do patrimônio musical brasileiro.

Mas o poder da máquina é arrasador. Quando Carmen foi trabalhar nos Estados Unidos, teve de deixar para trás seu grande instrumento de trabalho -as sutilezas da língua portuguesa- e trocá-lo por sua graça como dançarina e comediante e limitar seu repertório a músicas mais simples, como "Mamãe Eu Quero" e "Touradas em Madri". Em Hollywood, por imposição da indústria, os turbantes, os balangandãs e as saias só fizeram crescer. Nada de mal nisso -mas esta foi a Carmen que o mundo passou a conhecer e que, ironicamente, o Brasil também pôs no lugar da cantora que tinha quebrado tudo.

RUY CASTRO é autor de "Carmen - Uma Biografia" (editora Companhia das Letras)

quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009

"Só digo o que penso, só faço o que gosto e aquilo que creio"

Maysa na TV Cultura, em 5 de novembro de 1975. Interessante. Interessantíssimo...

Letras de músicas [1]



Meu mundo caiu
Maysa

Meu mundo caiu
E me fez ficar assim
Você conseguiu
E agora diz que tem pena de mim

Não sei se me explico bem
Eu nada pedi
Nem a você nem a ninguém
Não fui eu que caí

Sei que você me entendeu
Sei também que não vai se importar
Se meu mundo caiu
Eu que aprenda a levantar

terça-feira, 3 de fevereiro de 2009

Playmobil®, in memorian

Transitando entre sites, deparei-me com a notícia da morte do inventor do Playmobil®. Sim, aqueles bonequinhos fantásticos, plásticos, cheios de uma imaginação própria que participaram da infância de muita gente. Inclusive da minha. Hans Beck morreu nessa segunda, 2, em sua casa, que fica às margens do lago de Konstanz, na fronteira entre Suíça, Alemanha e Áustria.

É muito interessante pensar que alguém, com uma idéia aparentemente simples, contribuiu com a nossa diversão através dos seus 2,2 bilhões de pequenos bonequinhos. Os Playmobils® têm 7,5 cm e começaram a ser comercializado em 1974 (nem tanto tempo assim, aliás).

Mas a morte de Hans Beck é apenas um detalhe. Vamos registrar seus feitos, que é melhor. Ele nasceu em Turíngia, Alemanha, em 1929, e começou como carpinteiro. Logo ficou expert em fabricar brinquedos.

Em 1958, ele começou a trabalhar na empresa Geobra, dedicando-se às maquetes de aviões, maquinaria e veículos industriais. Somente 13 anos depois, foi para o departamento de brinquedos, com a tarefa de desenvolver uma nova linha de produtos para crianças, com bonecos e automóveis. Seu primeiro protótipo do Playmobil® de poucos centímetros, movia braços e pernas e era facilmente manipulável pela mão de uma criança.

Com o tempo, o protótipo virou um boneco versátil, que se adaptava a qualquer situação (o meu, por exemplo, era sorveteiro e amigo da Barbie!). No começo, o brinquedo era indicado para crianças até quatro anos. Depois, virou paixão até para adultos.

E daquela pequena idéia, a Geobra, hoje, importa Playmobils® para 70 países em todo mundo. O desenho do boneco, observe, nada mais é que a reprodução de um desenho infantil, com dois olhos e uma boca sorridente.


CRIADOR E CRIATURA - Valeu, Hans