segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Motivos para amar...

Clarice

Ainda bem

Ainda bem que sempre existe outro dia. E outros sonhos. E outros risos. E outros amores. E outras pessoas. E outras coisas.

sábado, 20 de novembro de 2010

Como transformar o ócio de sábado

Nada pra fazer no sábado à noite. Sensação esquisita de sábado à noite com preguiça de domingo. Eis que surge uma programação bem oportuna. Sem pensar muito, eu topo e fico feliz. Eu sempre ouvia as histórias da minha tia sobre o Rock in Rio de 1985, sempre tive vontade de ir.

Minha prima entra no MSN. Segue o diálogo:



Tati diz: Comprei o ingresso do Rock in Rio!!!
Karina diz: Eita, e foi? Pra quê dia?
Tati diz: Qualquer um. O cartão dá direito a qualquer dia. Vou decidir quando sair a programação
Karina diz: E quem tá confirmado?
Tati diz: Red Hot Chili Peppers e Capital Inicial... mas eu quero ver show de Lobão!
Karina diz: E vai com quem?
Tati diz: Sei lá... sozinha...
Karina diz: E vai ficar onde?
Tati diz: Sei lá...
Karina diz: Tu é doida!

A quem interessar possa, tudo esquematizado no site oficial do evento, aqui.

Eu até já sugeri à produção do evento que chame Lobão, mas o que eu queria mesmo, não dá. Então, fica a memória!

sexta-feira, 19 de novembro de 2010

Você (se) acha o bastante?

Reclamaram comigo hoje por esse novo hiato aqui - logo eu, que reclamo do silêncio, da falta do que dizer, "dessa eterna falta do que falar", promovo um minuto de silêncio em memória da inspiração. Logo eu, sempre rotulada como criativa, promovendo uma grande ode ao vácuo. Que grande contradição. Mais uma.

Experimente trabalhar o dia todo numa função que é, ao mesmo tempo, mas em outra hora, o seu hobby. O seu passatempo preferido. De dia, é obrigação; à noite, pode ser prazer. (risos) Por um momento, pareceu-me isso a descrição de algo como a prostituição. Mas não deixa de ser; não deixa de ser a venda, de certo modo, de parte de mim. Todo dia, por horas. Por muitas e mal pagas horas extras.

E não é o bastante. Talvez precisasse de mais tempo, uns cinco segundo a mais em cada hora do dia e uma hora a mais em cada dia da semana. Isso me daria umas 25.320 segundos a mais. E se um dia normal tem 86.400 segundos, numa regra de três safada, deu dízima periódica que, arredondada, fica 0,29 dia. Viu? Não é o bastante. Nunca é, e basta.

quinta-feira, 11 de novembro de 2010

Motivos para amar...

Saramago


E ficarmos quietos, olhando

Talvez isto é que seja o destino, sabermos o que vai acontecer, sabermos que não há nada que o possa evitar, e ficarmos quietos, olhando, como puros observadores do espectáculo do mundo.

terça-feira, 9 de novembro de 2010

O dedilhar feroz de Yamandú

Esse fim de semana, desenterrei o meu CD de Yamandú Costa tocando com Dominguinhos, um fascinante exemplar da mais legítima música brasileira. Pode soar exagerado, mas de fato, a aposta foi certeira. A gravação é de 2007, da Biscoito Fino, e eu "ganhei" no aniversário do ano passado (as aspas: foi uma troca. De novo, pela quinta vez, eu tinha ganho "Samba meu", de Maria Rita), numa garimpagem pouco trabalhosa na Passa Disco.

Mas, voltando.

Vale a pena dar uma voltinha nas faixas do álbum. Particularmente, eu gosto da 9.

Eu vi Yamandú tocando ao vivo uma vez, durante a Mostra Internacional de Música de Olinda (a Mimo), em setembro de 2007, e poucas vezes vi algo tão impressionante. Foi por sso que quando bati o olho no CD, não consegui desistir da ideia de leva-lo.

Yamandú Costa, gaúcho, músico, autodidata, é talvez o melhor violonista vivo no Brasil. Ele é, na minha opinião (até por Dilermando Reis já ter partido). Assustador, fascinante e intrigante.


sábado, 6 de novembro de 2010

Musique-se

Total fã dos Titãs da década de 80.
E essa letra me dispensa de qualquer obrigação de comentários.

Go back



Versão: TitãsComposição: Sérgio Britto e Torquato Neto
Você me chama
Eu quero ir pr'o cinema
Você reclama
Meu coração não contenta
Você me ama
Mas de repente
A madrugada mudou
E certamente
Aquele trem já passou
Se passou, passou
Daqui prá melhor
Foi!...
Só quero saber
Do que pode dar certo
Não tenho tempo a perder
Só quero saber
Do que pode dá certo
Não tenho tempo a perder...(2x)
(...)
-"Não é o meu país
É uma sombra que pende
Concreta
Do meu nariz em linha reta
Não é minha cidade
É um sistema que invento
Me transforma
E que acrescento
À minha idade
Nem é o nosso amor
É a memória que suja
A história que enferruja
O que passou
Não é você
Nem sou mais eu
Adeus meu bem
Adeus! Adeus!
Você mudou, mudei também
Adeus, amor! Adeus!
E vem!

quarta-feira, 3 de novembro de 2010

A (nossa) vida e suas verdades

Eu só tenho 27 anos e 3 meses. São quase 10 mil dias de vida. Acho pouca coisa. A terra de bilhões de anos. E eu só tenho 27.

O arrudeio é pra ajudar na pseudofilosofia de hoje. O danado do tempo é um grande piadista, faz você pensar que conhece as coisas, as pessoas. Deve ficar te observando, todo senhor de si, e, quando você menos espera, te puxa o tapete. Vai te provar que, na verdade, você não conhece ninguém, não sabe de nada e, muitas vezes, que não conhece a si mesmo. Pior é quando o sujeito do engano é alguém bem próximo de quem você não espera contravenções. Mas eu aviso aos mais inocentes que me lêem: acreditem que até seu irmão é capaz de te surpreender. Negativamente, na maioria das vezes.

Tem um texto creditado a Shakespeare que diz que as pessoas erram mesmo e que você tem que estar preparado pra perdoá-las. Isso foi em 1600 e alguma coisa. Quer dizer, as porradas que a gente leva e dá são ciência há séculos.

Tava lembrando de uma coisa básica. Eu tenho um amigo que é físico e, anos atrás, me ajudando para uma prova do colégio, pegou uma bola e jogou na parede bem devagar. A bola voltou devagar. Depois, sacudiu a bola com força e ela, claro, voltou como bala. Então ele sentou, escreveu umas fórmulas e explicou sobre a lei da ação e reação. As coisas vão e precisam voltar; vão e voltam na mesma proporção. Nada existe sem ocupar espaço, sem interferir no entorno.

Mas, só pra lembrar, o bem e o mal têm proporções diferentes. É como um copo de água e outro, igual, mas cheio de óleo. Pesos diferentes, entendem? Padre Luís (nosso mentor espiritual) dizia que, se você fizer bem a "João", isso ficará entre vocês dois; se você fizer mal, todo mundo ficará sabendo.

São das regras da vida. E, de verdade, são difíceis de aceitar, mesmo que você já tenha quase 10 mil dias de incansáveis lições.

terça-feira, 2 de novembro de 2010

Dilma e os impasses da política econômica

[íntegra da matéria publicada na edição de hoje da Folha de Pernambuco]

Em 1º de janeiro, será encerrada a Era Lula. De certa forma. Com a eleição de Dilma Rousseff, o espírito é muito mais de continuidade que de recomeço. E com Dilma eleita, atenção para a economia brasileira, um dos pilares mais fortes da política lulista. É necessário que os cidadãos acompanhem as especulações quanto ao destino econômico, rumo que interfere diretamente na vida de todos.

O professor de Economia da Faculdade Boa Viagem (FBV), Antônio Pessoa, considera positiva a manutenção da atual política econômica, responsável por boa parte do que o País conquistou nos últimos anos. "Mas deve haver algumas mudanças. Lula assumiu o governo com o Real desvalorizado e hoje temos o inverso: um mercado interno crescendo, especialmente para as classes C e D. Agora, é necessário o controle do gasto público", explicou. 

Os analistas vêm o cenário mais favorável para o início do governo Dilma. Estável. Com isso, pode-se apostar em uma reforma tributária. Antônio Pessoa analisou que o ICMS (o Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços) pode ser alvo das mudanças com a retomada das discussões a respeito do Imposto sobre Valor Agregado (IVA) que incide no mercado de destino, que o poderia substituir. "Essa questão já está em debate na Câmara, mas o governo precisará de muita negociação já que a mudança onera o estado de origem", disse Pessoa. Hoje, funciona assim: se Pernambuco compra mercadorias de São Paulo, 17% do valor é pago à Fazenda paulista e Pernambuco fica com a diferença entre esse percentual e a tarifa do ICMS estadual. Se for de 25%, no final das contas, Estado fica com 8%. Com o IVA, o imposto é pago à fazenda do estado de destino.

A medida mais "emergencial" para Dilma é a política cambial. "Não é algo que se faça de imediato, é uma questão mundial. Com o Real valorizado frente ao Dólar, por exemplo, nosso produtos ficam mais caros lá fora e os importados, mais baratos por aqui", analisou Antônio Pessoa. Outro ponto é a da dívida pública. Sim, deve haver o controle, mas o professor explicou que a brasileira não é tão alta, ficando em torno de 40% do Produto Interno Bruto (PIB). "É administrável por medidas como redução da taxa de juros, administração do gasto público e a manutenção do crescimento da economia", enumerou.

Analistas consultados pelo Banco Central aumentaram a estimativa de expansão para o PIB brasileiro em 2010 - de 7,55% para 7,6%. Para 2011, a projeção tem se mantido nos 4,5% há 47 semanas. "Certamente o crescimento durante o primeiro ano do governo Dilma será menor, aposto na variação entre 5% e 5,5%. Se houver em 2011 um PIB tão alto quanto neste ano, é provável que haja inflação", analisou Antônio Pessoa. "A vantagem do programa de governo do PT é o crescimento descentralizado, mais que no governo de Fernando Henrique Cardoso", destacou. O professor lembrou ainda que Dilma terá vantagens como a Petrobras à frente do Pré Sal. Mas, antes de qualquer coisa, Dilma foi eleita por e para suceder o governo Lula. Aliás, uma grande responsabilidade.

segunda-feira, 1 de novembro de 2010

Com Keith, num sábado à tarde [e num domingo à noite]



Estava por aqui aproveitando um momento ócio, que há tempos não me dou, e lembrei da minha penúltima ida a São Paulo, em agosto, quando visitei a exposição de Keith Haring, no Conjunto Nacional.



Eu gosto bastante do tipo de obra, das cores e, principalmente, do que ele comunica. Haring, assim como Cazuza, foi contaminado pela Aids na década de 80. Cazuza disse certa vez que, lendo sobre a doença, teve certeza de que seria "tocado" - Keith Haring disse:

"Em minha vida, fiz muitas coisas, ganhei muito dinheiro e me diverti muito. Mas também vivi em Nova Iorque no ápice da promiscuidade sexual. Se eu não pegar Aids, ninguém mais pegará".


E aproveitando o ínicio da madrugada da segunda...




Nessa exposição, ganhei um exemplar de "O livro da vida", escrito em memória desse artista americano que nasceu em 4 de maio de 1958 e faleceu em 16 fevereiro de 1990, em decorrência de complicações causadas pela Aids. No livro, há passagens bem interessantes a respeito da forma como Haring lidou com a doença. Segundo Antonio (infelizmente, não sei de quem se trata, mas ele assim assina o texto), Haring era um ser disciplinado e aplicado em seu trabalho, "uma pessoa transbordando otimismo, luz, humor e alegria".

Após o diagnóstico da contaminação pelo vírus da Síndrome da Imuno Deficiência Adquirida (Sida, na sigla em Português), Keith Haring tornou-se assíduo na procura de tratamento e de informações sobre a doença. Mas, claro, seus alegres e coloridos desenhos tornaram-se sombrios. [O mesmo aconteceu com Cazuza - principalmente as músicas de "Burguesia" têm o peso da doença na vida do artista].


Não surpreendemente, apesar de enérgico como sempre, sua vida tornou-se um pouco menos otimista - não em razão de alguma auto-piedade, nem a atitude envenenada e temerosa em relação ao HIV/Aids nos anos 80, os preconceitos terríveis e a demonização da comunidadegay em particular e a inutilidade de todos os tratamentos disponíveis. Como pessoa, ele se tornou um pouco mais reservado e um pouco menos "disponível". Trabalhou mais do que nunca, viajou mais do que nunca, doou mais generosamente do que nunca e quando veio a público com o seu diagnóstico (...), experimentou em primeira mão as reações mistas que essa confissão traz. (Pimblott et al, sem data)



Bem semelhante aos problemas enfrentados por Cazuza aqui no Brasil. E sabe o que mais? Eu não tenho como terminar esse post de forma melhor do que dar voz ao próprio Keith Haring:


Não importa quanto tempo você trabalhe, sempre vai terminar em algum momento. E há sempre coisas deixadas inacabadas. E não importa se você viveu até 75 anos. Ainda haveria novas ideias. Ainda haveria coisas que desejou ter concluído. Você pode trabalhar por várias vidas. Se eu pudesse me clonar ainda haveria muito trabalho a fazer - mesmo se houvesse cinco de mim. E não há arrependimentos. Parte da razão de eu não estar tendo dificuldade em enfrentar a realidade da morte é que ela não é uma limitação, de certa forma. Poderia ter acontecido a qualquer momento, e isso vai acontecer um dia. Se você vive sua vida de acordo com isso, a morte é irrelevante. Tudo o que estou fazendo agora é exatamente o que eu quero fazer".