quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

O dito está dito. E assine embaixo



“É muito conveniente: só há um Deus, ele está no comando de tudo, é maior que você, e você não pode incomodá-lo. E eu não posso nem falar com ele! Eu gostaria de ter esse emprego!" - Iggy Pop

quinta-feira, 24 de dezembro de 2009

"Intimidade entre estranhos"






Quarta-feira, 17 de dezembro, consegui carregar minha irmã para o show de Roberto Frejat, ex-guitarrista e ex-vocalista do Barão Vermelho [a banda está em recesso desde 2007], que apresentava seu terceiro álbum solo “Intimidade entre estranhos”. no The Pub, aqui no Recife Embora o ingresso marcasse 22h para o início do show, Frejat só entrou no palco minutos depois que o relógio marcou 1h (da manhã, claro) e eu já estava descalça e sem paciência. Tudo passou quando ele abriu a apresentação à Marina:

Pra começar, quem vai colar
Os tais caquinhos do velho mundo?
[Ninguém aqui vai]
Pátrias, famílias, religiões e preconceitos
Quebrou não tem mais jeito
Agora descubra de verdade
O que você ama...
Que tudo pode ser seu


Contrariando a crítica não-especializada (leia-se: meus amigos, que não quiseram me acompanhar), o show do novo disco de Frejat não atraiu (somente) velhos – ao contrário, trouxe uma rafaméia de pós-adolescentes-loucas que gritavam histericamente à beira do palco e empurravam um segurança mau humorado, prostrado de costas pro show.




 NOVO ÁLBUM - "Intimidade entre estranhos"


Bem, depois de vê-lo cantar bem de perto e passar a semana ouvindo um dos seus álbuns solos (o primeiro, “Sobre nós dois e o resto do mundo”), posso classificá-lo como um compositor de contrastes. Frejat assina canções excelentes (vide "Amor pra recomeçar"), boas (vide "Túnel do tempo") e péssimas (vide "Seu amorzinho"). Isso, sem contar aquelas que foram fruto de sua parceria com Cazuza, como “Bilhetinho Azul”“Bete Balanço" e "Maior Abandonado". Além disso, o rapaz (hoje com 47 anos) vai muitíssimo bem na guitarra e no violão. Em suma, é mais ou menos isso: composições que vão do céu ao limbo, guitarra de encher os ouvidos e um voz mediana (mas me agrada, confesso, sem vergonha).

No palco, Frejat estava solo, mas acompanhado pelos ex-barões André Palmeira (baixo) e Maurício Barros (teclado), ambos da formação original do Barão Vermelho, (aquela que tinha Cazuza nos vocais). O set list contemplou canções próprias e de terceiros, repaginadas em versões que poderiam até deixar velhas conhecidas irreconhecíveis (como a versão “frejatiana” para “Pra começar”).

Nosso encontro aconteceu como eu imaginava
Você não me reconheceu, mas fingiu que não era nada
Eu sei que alguma coisa minha, em você ficou guardada
Como num filme mudo antes da invenção das palavras

Afinei os meus ouvidos pra escutar suas chamadas
Sinais do corpo eu sei ler nas nossas conversas demoradas
Mas há dias em que nada faz sentido
E o sinais que me ligam ao mundo se desligam
(...)


Com o Barão, Frejat já recebeu quatro prêmios Sharp “Melhor Grupo Pop/Rock” (em 1990, 1992, 1994 e 1996), um Vídeo Music Brasil além de uma indicação ao Grammy Latino. O álbum apresentado aqui no Recife é o terceiro trabalho individual dele, que já gravou “Amor pra recomeçar” (2002) e “Sobre nós dois e o resto do mundo” (2003).

Ademais, o The Pub, bar-boate onde aconteceu o show, é organizadinha, honesta e garantiu uma noite agradável (até a hora da saída, quando uma fila estranha atrapalhou tudo). O show correu na paz, mas chamando um lado “Fernanda Young”, digamos que eu ainda me irrito com fãs descabeladas e gente cara-de-pau que se acha no direito de sair empurrando todo mundo e estaciona bem na sua frente.


Em tempo: Estou arrasada por que não fiz o texto logo depois do show e perdi o “time” da coisa. Também não levei uma máquina decente para registrar e acabei tendo que me conformar com as fotos fubentas do celular. Promessa de que não faço mais isso.

sábado, 12 de dezembro de 2009

Para continuar pensando

Eu entrei atrasada nessa história, mas fui atrás da repercussão. E olhaí o depoimento da Dra. Ana Flávia Pinto sobre o episódio do aeroporto de Aracaju:



Eu posso apostar que se a cena do aeroporto não tivesse sido gravada e postada no youtube (de onde já foi retirada por "violar as normas de uso") já tinha virado fumaça. Outra: tento, mas não consigo me comover com o depoimento da doutora aí. Imagine se todo mundo que esteja passando por "momentos difíceis" da vida ou que tenha planos frutrados se ache no direito de xingar terceiros? O negócio ia ficar bom de vez...

Bem, fora a historia que está no vídeo da postagem anterior, há informações que dizem que o funcionário da Gol, Diego José Gonzaga dos Santos, ainda ouviu da passageira que perdeu o voo: “eu sou médica e você, se dependesse de mim, morreria”. É bom o Conselho de Medicina de Sergipe ficar de olho nesse tipo de médico e dar uma revisada no juramento de Hipocrates, que, parece, não serve mais de nada.


RESUMINDO

"Segundo depoimento da vítima na delegacia plantonista, a médica Ana Flávia e o marido iriam viajar em lua de mel em um dos voos da Gol para a Argentina, mas a passageira chegou para fazer o check-in 10 minutos antes da partida da aeronave e o embarque já estava encerrado. O check-in de voos internacionais é feito duas horas antes do horário previsto de saída. O Boletim de Ocorrência, registrado preliminarmente na Delegacia Plantonista relata que a médica teria invadido o espaço destinado aos funcionários da companhia aérea após ser informada de que não poderia embarcar. “Ela gritou bastante e ficou descontrolada quando informei que o embarque já estava encerrado e a aeronave iria decolar. Essas regras são estabelecidas em todo o Brasil e não podemos abrir mão. A partir disso, ela passou a quebrar objetos do balcão da empresa e a jogar papéis no chão”, relata o funcionário."


Em entrevista, a delegada Georlize Telles disse que a Polícia Civil sergipana já instaurou inquérito para apurar os fatos e garantiu que todas as providências vão ser tomadas.  "Queremos tranquilizar a sociedade e dizer que tudo será apurado com isenção”, garante Georlize.

Engraçado... não consigo ficar tranquila.

sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

Para parar e pensar

Há coisas que acontecem até hoje que provam o quão primitivos ainda somos, mas a que mais me incomoda é a intolerância religiosa, racial, sexual... enfim. Qualquer babaquice dessas.

Recebi um vídeo por e-mail, uma matéria de telejornal que trata justamente disso. Uma cena lamentável de intolerância. Nesse caso, eu diria, é uma cena crassa de ignorância.

É muito preocupante que esse tipo de coisa ainda aconteça.
Por favor, assista e, se possível, mande sua opinião.

quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

Clarice de “modernismo remodernizado”

Hoje é “aniversário de morte” (!) de Clarice Lispector, que deixou essa terra em 9 de dezembro de 1977. Particularmente, me identifico muito com suas falas – ela é, das mulheres da literatura, aquela por quem tenho mais apreço. Não desmerecendo Raquel e Cecília (de Queiroz e Meireles, respectivamente), mas por conseguir compreender “profundamente” melhor as palavras de Clarice do que o regionalismo e as efemeridades das outras (respectivamente). Clarice se auto declarou impulsiva, certa vez. Muitas vezes, eu também o faço. 

Aliás, a simples afirmativa de “identificar-se com Clarice” é pequena e vasta. Pequena, por que “ser” o que Clarice escreve é muito fácil - no fim das linhas, acabamos nos mesmo lugares, com os mesmos anseios e os mesmo medos. “Vasta” é uma tentativa frustrada de descrever a grandiosidade do que ela foi capaz de (d)escrever, embora ainda acredite que o predicado seja simplório demais para coisa tão grande.
Sou o que se chama de pessoa impulsiva. Como descrever? Acho que assim: vem-me uma idéia ou um sentimento e eu, em vez de refletir sobre o que me veio, ajo quase que imediatamente. O resultado tem sido meio a meio: às vezes acontece que agi sob uma intuição dessas que não falham, às vezes erro completamente, o que prova que não se tratava de intuição, mas de simples infantilidade.

Clarice morreu aos 57 anos incompletos, um dia antes do seu aniversário. Nasceu Haia Lispector, na Ucrânia, em 1925, mas veio morar no Recife bem cedo. Viveu aqui durante toda infância, até mudar-se para o Rio de Janeiro. No centro da cidade, temos uma estátua dela, na Praça Maciel Pinheiro. Inclusive, me bateu agora a curiosidade de saber como anda o estado da tal pedra. Dia desses, passo lá na praça para averiguar e ainda registro foto melhor do que esta, que foi a única que encontrei no Google. Aproveito também para fotografar e identificar (não nessa ordem) o prédio onde viveu a escritora e jornalista, que fica na esquina da praça com a Travessa do Veras.



"Pedra" de Clarice, na Praça Maciel Pinheiro, aqui no Recife

Não vou me perder mais falando da biografia de Clarice, já que dados e comentários sobre isso se encontram aos montes em qualquer simples busca. Mas uma coisa que li aqui me chamou atenção: Em 2005, em artigo publicado pelo The New York Times, Clarice foi “descrita como o equivalente de Kafka na literatura latino-americana” (ou latinoamericana?) por Gregory Rabassa, que traduziu a obra da “ucrano-brasílica” para o inglês.

E outra: em 14 de setembro, Clarice dormiu enquanto fumava e causou um incêndio que deixou seu quarto ficou totalmente destruído. Com inúmeras queimaduras pelo corpo, passou três dias sob o risco de morte — e dois meses hospitalizada. Quase tem sua mão direita — a mais afetada — amputada pelos médicos. Dizem os registros que o acidente mudou totalmente a vida de Clarice. Eu não sei o quanto, mas já me interessei em procurar. Lembrem-me, por favor.

Há um tempo, ganhei um exemplar de “A descoberta do mundo” que, confesso, ainda não li. Não sei exatamente de quem ganhei, mas sei exatamente o porquê: era um dos livros preferidos de Cazuza. A pessoa que me deu decerto me conhecia bem.

Sugiro àqueles que gostam de Clarice [e àqueles que ainda não tiveram o prazer de conhecê-la], que acessem o sítio www.claricelispector.com.br. Ali, ganhe dez minutos lendo o artigo escrito por Tristão de Atayde:

No seu último livro, em dedicatória escrita um mês antes de morrer e que recebi, no próprio escritório de seu último editor, José Olympio, essa mulher atormentada terminava suas palavras de afeto, ao seu primeiro editor, com essa sentença literal que tudo explica: “Eu sei que Deus existe.” Sua trágica solidão teve também um Companheiro. (leia na íntegra clicando aqui)






BELA CLARICE 
“Através de meus graves erros — que um dia eu talvez os possa mencionar sem me vangloriar deles — é que cheguei a poder amar. Até esta glorificação: eu amo o Nada. A consciência de minha permanente queda me leva ao amor do Nada. E desta queda é que começo a fazer minha vida. Com pedras ruins levanto o horror, e com horror eu amo. Não sei o que fazer de mim, já nascida, senão isto: Tu, Deus, que eu amo como quem cai no nada.”

terça-feira, 8 de dezembro de 2009

Já não era sem tempo

Recebi uma nota da assessoria da Fundação do Patrimônio Histórico e Artístico de Pernambuco (Fundarpe), sobre a reabertura do Cinema São Luiz, adiada do dia 9 para 28 de dezembro (por "incompatibilidade na agenda do governador Eduardo Campos). "A escolha da nova data é simbólica: marca a primeira exibição cinematográfica dos Irmãos Lumière, conhecidos como os pais do cinema, em 1895. A exibição inaugural do São Luiz continua sendo a do filme Baile Perfumado, de Lírio Ferreira e Paulo Caldas".

Já não era sem tempo!

domingo, 6 de dezembro de 2009

Enem, a piada do ano

Eu vou dizer a você, hoje, caro brasileiro que me lê, o que é uma palhaçada bem feita, com circo armado e tudo. Hoje, 6 de dezembro, essa palhaçada chama-se Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). Sim, com certeza você vai se cansar de ler desagravos a partir de hoje, mas preciso registrar aqui o que vi desde o mês de outubro.

Primeiro, tudo que é de aluno, de norte a sul, ficou sabendo que o Enem viria com mudanças. Aí corre menino, corre professor, corre todo mundo pra reorganizar as coisas. Tudo feito nas coxas, sem respeito àqueles que estão começando a vida e precisam, sim, de segurança para fazer escolhas. Enfim, vamos deixar a pedagogia de lado.

Segundo, o Enem é um concurso cuja primeira organizadora responsável não passou por licitação. Até aí, nenhuma novidade nesta merda de país. Mas aí, fato inédito (pelo menos no Enem): a prova vaza. Corre MEC, corre ministro, corre todos os otários brasileiros pra saber o que houve: um zé mané qualquer entrou, pegou a prova e saiu na boa. Burro, ainda ligou pro Estadão, tentando "vender" a prova. Burrice mesmo... quer furo maior pra um jornal do que o vazamento desse tipo? Ladrão burro!!!

Aí, a prova que ia ser em outubro, passa pra dezembro. Pronto, instaurado o samba do crioulo doido. Federais mudam datas, federais recusam nota do Enem e os estudantes, pobres coitados, que se virem pra resolver o duelo pressão x zona. Né? Desculpe-me, mas esse é o único nome que eu consigo encontrar pra descrever.

Mas no final, vai dar tudo certo. Ânimos acalmados, nova data marcada e vamos em frente. Aqui eu entro:

Estou de gaiata nessa, já que já sou formada há um ano e meio, mas queria cursar Letras. A UFPE não abre ingresso para portador de diploma para este curso há tempos, então tive que me virar no vestibular, 9 anos depois de ter feito o 3º ano.

Aqui no Recife, não temos o horário de verão (assim como no restante do NE e N do País). Então, veja que maravilha. Sábado, 5 de dezembro, sol escaldante do meio-dia: dia, data e hora da primeira prova do Enem. Imagine você o que é uma prova de 90 questões (que reúnem biologia, química, física, geografia e história) com textos longos, na hora do almoço? Junte aí o calor infernal que faz aqui no Recife (imagine Teresina e São Luis, que são ainda mais quentes) com uma sala suja e a cadeira quebrada de uma escola pública estadual (isso explicaria a evasão escolar?). O sol era tanto que batia no teto da quadra da escola e refletia dentro da sala, deixando todo mundo cego. Resultado: janela fechada e ventilador. Ma.Ra.Vi.Lha!

Corri e consegui ler a prova toda e pensar (olha, que ótimo!), mas não sem reclamar com os dois caboclos que faziam papel de "aplicadores" de prova e conversavam animadamente dentro da sala enquanto eu tentava desenterrar vestígios de química orgânica da época do Salesiano (salva, Ernani!). Pedi silêncio, né? Óbvio!

Hunf...

Sim, mas bom mesmo foi hoje, domingo, dia 6 - português, redação e matemática (minha maior inimiga). De novo, 90 questões (mais a redação) para serem resolvidas. Olhe, nem que seja pra me desmentir, entre no site do Inep e veja com seus próprios olhos a prova absurda de matemática. Uma coisa de louco! Ninguém, em todo Brasil, deve ter conseguido fazer a prova toda. Chega uma hora que, ou você sai chutando tudo, ou não vai ter tempo de marcar gabarito... (marcar gabarito, lembra? riscar as bolinhas...). Eu não consegui ler a prova de matemática toda, mesmo tendo feito a redação em 25 minutos (ser jornalista TEM que servir pra alguma coisa). 

Mais: 45 questões de português e NENHUMA de gramática! Acentuação e pontuação, então, nem se fala...

Para completar, a confusão se armou agora há pouco no site do G1, que tinha aberto link pro pessoal fazer comentários sobre a prova. Acho que o negócio lá pipocou quando o MEC divulgou gabaritos ERRADOS! Confundiu tudo. Tinha resposta dizendo certa alternativa que dizia que o vírus da Aids é transmitido por animais. Eu quase infarto achando que tinha emburrecido de vez.

Bem, esse é o desabafo deste domingo. Uma falta de preparo imperdoável do Ministério da Educação, que só ratifica o buraco onde estamos, cada vez mais fundo. E estamos, meu caro, num país onde não se respeita nada. Nada!

Agora eu to querendo saber onde isso tudo vai parar. Olha só o que divulga o G1:

Segundo o ministério, os gabaritos foram embaralhados e saíram trocados. Ao menos seis questões estão com problemas na resposta.
(...)

"O que aconteceu foi muito ruim. A alta abstenção já mostrou que a prova ficou desmoralizada. Esses problemas no gabarito reforçam a visão de que a prova foi feita sem a estrutura adequada. O Enem acaba virando um motivo de chacota", disse coordenador do Curso Etapa, Edmilson Motta.




Bora, Haad! Agora põe a cabeça pra fora de Brasília e vem logo resolver isso!

sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

Filme Michael Jackson sai dos cinemas com 250 milhões de dólares em bilheteria


A Sony Pictures divulgou nesta quinta-feira (3) os números finais da bilheteria do filme de Michael Jackson, This is it. Desde sua estreia no final de outubro, mais de  250 milhões de dólares foram arrecadados pelo mundo após quatro semanas em cartaz. As altas cifras também tomam conta do estúdio, que anunciou arrecadação recorde de 3,4 bilhões de dólares até agora este ano.

Previsto para ficar apenas duas semanas no cinema, This is it, montado sobre os vídeos do ensaio de Michael Jackson para a interrompida turnê em Londres, ganhou mais 15 dias em cartaz, devido ao sucesso nas bilheterias. Em 2010 um DVD com mais de duas horas de extras do filme será lançado.

Os recordes bilionários da Sony Pictures tomaram forma também com os sucessos como "2012", ainda em cartaz e que já rendeu 620 milhões de dólares em todo o mundo, o thriller "Anjos e Demônios", a ficção científica de sucesso inesperado "Distrito 9" e o blockbuster repleto de ação "O Exterminador do Futuro: A Salvação".

PS: Algum duvidou que isso fosse acontecer?

PS2: Segundo um provérbio italiano, "quando mil pessoas dizem a mesma coisa, pode ser a voz de Deus ou uma grande besteira". O negócio é fazer diferente. Sempre.
Taí Michael pra comprovar.

quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

Intimidades bem comuns


Na minha vida de companhias majoritariamente masculinas, ainda me surpreendo com as atitudes de alguns homens. Meu namorado, aliás, é mestre nisso. Quando penso que decifrei a peça, ele me vem com algo diferente e eu recomeço a saga da esfinge. Afinal, com os homens sempre é assim: ou nós, mulheres, os deciframos, ou eles nos devoram (figurativamente! Calma...).


Posts atrás, falei da coluna "Nossa Intimidade" do jornalista Ivan Martins, de Época. Agora, volto a dizer que virei fã do homem – ora, ora, ora. Nada muito inimaginável de acontecer, mas algo, de fato, curioso. Apesar de viver com eles, poucas vezes penso como eles. Entendo, mas discordo de opiniões e condutas na maioria das vezes, já que homens tendem a querer ser racionais e conseguem ser totalmente passionais. Tenho também um bom exemplar desses: meu pai, que vez por outra, mete os pés pelas mãos e faz uma daquelas.


Sim, mas voltando aos textos de Ivan. São curiosos. Às vezes eu acho graça. Outras, fico surpresa ou ainda me identifico com o que ele fala. Dá sensação de que não só todos os homens são iguais, mas todas as mulheres também. Todo mundo é igual, gente? Será?

Bem, deixando firulas de lado, selecionei alguns trechos de postagens de Ivan, pra você entender do que eu estou falando:

1.       OS HOMENS SÃO COMPLICADOS

Alguém decretou, faz tempo, que o gênero de Adão, quando se trata de sexo, é uma expressão matemática sem incógnita: diante do estímulo apropriado (um beijo na boca, a vista de um decote, uma conversa apimentada), espera-se que os machos da espécie se comportem de maneira previsível. (5/5/09)


2.      COMO SER HOMEM

(...) Homens crescem para ser valentes, altivos, independentes, viris. Cada um de nós carrega ao alcance dos olhos a imagem de um herói que tem de ser imitado. Quando as nossas ações nos afastam do modelo, – como é inevitável que aconteça – sofremos como o diabo, de um sofrimento difícil de compartilhar, inteiramente subjetivo, carregado de humilhação. Nos sentimos menos homens.

O que as mulheres precisam saber sobre isso? Basicamente, que elas jamais compreenderão inteiramente nossos códigos de honra e de conduta e a importância que eles têm para a nossa auto-estima – assim como nós não podemos partilhar aspectos essenciais da existência feminina, como a maternidade. Essa é uma zona escura das emoções masculinas com a qual os próprios homens têm dificuldade de lidar – e que há décadas vem sendo recheada com lixo pela chamada indústria cultural. (13/5/09)



3.      QUEM GOSTA DE HOMEM CIUMENTO?

Ontem li um artigo da Newsweek que esbarra no tema do ciúme. Há uma escola de pensamento chamada de Psicologia Evolucionista que sustenta que o ciúme - assim como o estupro e o infanticídio - seria herança da nossa longa evolução desde as savanas africanas.
Ao longo de um milhão de anos, a natureza teria aprimorado um "gene do ciúme" - para impedir que o macho fosse traído e perpetuasse a descendência dos outros - e ele continuaria funcionando ainda hoje, como um nódulo troglodita no meio do cérebro moderno.

O artigo da Newsweek demole esse álibi. Mostra que o cérebro humano não evoluiu por nódulos de pré-programação. Ele se adapta livremente ao ambiente que o cerca. Em nosso caso, à cultura.

(1/7/09)


Esses são apenas alguns trechos interessantes dos muitos textos interessantes da coluna. O assunto rende. Mas vamos em frente...

NOSSA VITÓRIA

Do site da Fenaj, com informações da Secretaria de Imprensa da Presidência do Senado


PEC dos Jornalistas é aprovada na CCJC do Senado


 A PEC 33/09, que restitui a exigência do diploma de jornalista, foi aprovada pela Comissão de Constituição e Justiça do Senado nesta quarta-feira (02/12). Na semana passada o presidente do Senado, José Sarney, prometeu a dirigentes sindicais dos jornalistas que se empenhará na agilização da tramitação da matéria. Representantes da FENAJ reunem-se ainda nesta semana com a Frente Parlamentar em Defesa do Diploma para definição dos próximos encaminhamentos.

A apreciação da matéria na CCJ começou às 11h, com pronunciamento de vários senadores. Posta em votação às 14h15, a PEC 33/09 foi aprovada por 20 votos contra dois. Posicionaram-se contra apenas os senadores Demóstenes Torres (DEM/GO) e ACM Júnior (DEM/BA). A matéria agora segue para apreciação em plenário.

“Os patrões vieram para a disputa e jogaram pesado”, conta o presidente da FENAJ, Sérgio Murillo de Andrade. Prova disto foi o acompanhamento da reunião da CCJC pelo próprio presidente da Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão (ABERT), Daniel Slaviero, que, antecedendo os debates, fez um corpo-a-corpo junto aos parlamentares, inclusive distribuindo panfleto da entidade.

Para Murillo, a presença de representantes do empresariado reforçou o que a FENAJ já vinha apontando, que a questão do diploma não está ligada às liberdades de expressão e de imprensa, mas sim às relações trabalhistas entre empregados e patrões. “Foi mais uma vitória importante do movimento pela qualificação do jornalismo”, disse o presidente da FENAJ. “Mas ainda temos muito trabalho pela frente”, completou, controlando o tom comemorativo de outros dirigentes da entidade e de Sindicatos de Jornalistas que o acompanhavam.

Nesta semana deve ocorrer, ainda, uma reunião entre os autores e relatores das PECs que tramitam na Câmara dos Deputados e do Senado, juntamente com a coordenação da Frente Parlamentar em Defesa do Diploma e com dirigentes da FENAJ. A o objetivo da reunião é estabelecer ações para que a tramitação das matérias avance ainda mais em 2009.

Agilizar a tramitação
Em visita ao Senado no dia 25 de novembro, diretores da FENAJ e dos Sindicatos dos Jornalistas do Ceará, município do Rio de Janeiro e de São Paulo foram recebidos pelo presidente da Casa, senador José Sarney (PMDB/AM). O presidente da FENAJ, Sérgio Murillo de Andrade, pediu o apoio de Sarney ao restabelecimento da obrigatoriedade do diploma para o exercício profissional. O parlamentar assumiu o compromisso de agilizar a tramitação da matéria no Senado.

Sarney lembrou seu ingresso no Jornalismo, aos 17 anos, como repórter dos Diários Associados no Maranhão, e manifestou-se favorável à causa, mas ressalvou que não é favorável "a exageros", referindo-se à preocupação do Supremo Tribunal Federal (STF) em preservar a liberdade de expressão. Os representantes da categoria esclareceram que a posição da categoria é flagrantemente a favor "da livre manifestação da opinião na imprensa". A figura do colaborador, do especialista que escreve sobre a área de seu conhecimento, é permitida pela regulamentação da profissão, explicaram.

terça-feira, 1 de dezembro de 2009

Verdades musicadas

Às vezes eu fico pensando na vida
E, sinceramente, não vejo saída
Como é, por exemplo, que dá pra entender?
A gente mal nasce, começa a morrer

Depois da chegada, vem sempre a partida
Porque não há nada sem separação
(...)

sexta-feira, 27 de novembro de 2009

Sentidos rejeitados de tempo

Criar mundos requer responsabilidade - construções inacabadas podem desfazer ilusões vitais, essenciais, que terminam fragilizados pelo tempo.Momentos de silêncio, de uma contemplação dolorosa do próximo, que apesar de perto, parece longe o suficiente para ser paupável e ilusório ao mesmo tempo.

Vazios sempre fizeram parte, mesmo depois da última lição aprendida. Doação demais dói tanto quanto os arrependimentos dos titubeiam. Mas há a chance de construir certezas, mesmo que sejam fragéis como um castelo de incontáveis cartas de amor. "Ridículas..."

A busca pelos vocábulos parece corroer os sentimentos. Palavras não têm o poder de transpirar, elas unem-se e não somam forças; perdem o significado por que a vida já perdeu há tempos. E foram-se os sentidos.

Como bom lutador, tento agarrar-me aos últimos fios de sonho, que desfiam lacerando e tornando nada o que havia de mais valioso.



São ausências, quando se pretendia presenças; juntam-se amarguras quando se queria um outro sabor, só pra variar do gosto. Consegue-se silêncio, quando deseja-se retorno. Restam lamúrias, quando se queria conquistas. Desvalores de ações, pouco importa.

E resta o tempo para ser apreciado. Se o medo de outrem, ou qualquer outra falta de desejo que o freie, deixa a gélida sensação dos deveres descumpridos, entre a razão, prova-se que todos os caminhos foram percorridos, mas nem todos os perigos foram enfrentados. E ainda doem.

O que se tem por fim, enfim, são palavras válidas que perdem direito de trânsito. - proibidos sentidos, pensamentos sob censura, cláusula para os sonhos. O que resta é pouco e já não aquece as ingratas mãos que, por hora, ainda estão disposta a continuar ferindo a si mesmas pelo desejo de divisas da existência.

E já que as palavras, por quaisquer que sejam, parecem ínfimas em suas funções, é permitido a elas calar. Se o silêncio antes fora condenável, hoje é questão de honra ou sobrevivência;. Cada vez que é quebrado, perde-se um pouco da pulsação e, em pouco, ele se tornará insuficiente às funções. É a morte do eterno que jamais existiu.

quarta-feira, 25 de novembro de 2009

De passagem [2]

UTILIDADE PÚBLICA (?) - E nesta quarta-feira quente de lascar com uma bobagenzinha que eu encontrei no site do G1: uma doceria  britânica está fazendo bolos para "festas de divórcio". Sim, sim, você leu certo - DIVÓRCIO. Dá uma olhada, que belezinha:




A Pink Rose Cakes oferece bolos personalizados, com noiva empurrando noivo, pombinhos atirando com rifles um no outro e ainda os dizeres "enfim, livre!". A dona da doceria, Fay Miller, diz que muitas pessoas consideram a guloseima "insensível", mas outras vêem os bolos como "um final apropriado pra um período de sua vida - e também uma oportunidade de fazer festa", segundo publicou o G1.

Os bolos de divórcio custam entre 300 e 500 libras esterlinas (algo entre R$ 850 e R$ 1.500). Segundo Fay, "têm finalidade de incentivar uma 'atitude positiva' diante da adversidade" [hahahaha]. Ela disse ainda que quer "surfar na onda" de produtos feitos para quem está no processo de separação. "Acho que as pessoas estão definitivamente se dobrando à idéia de gritar para o mundo que elas estão de volta no mercado"(!), disse a doceira.


E, só veja que coisa: Em países como a Grã-Bretanha e a Áustria já existem "feiras do divórcio". Os produtos em exposição são serviços de advogados e empresas, para ajudar os ex-casados a ter um processo o mais pacífico possível.

Aí, só pra contriar, vem o IBGE e afirma no relatório "Estatísticas do Registro Civil referentes de 2008" que o total de casamentos registrados no Brasil aumentou 4,5% entre 2007 e 2008. Mas que maravilha...


Melhor ainda é a justificativa: "a melhoria aos serviços de registro civil de casamento, a maior procura dos casais por formalizarem suas uniões consensuais, incentivados pelo código civil renovado em 2002 e as ofertas de casamentos coletivos promovidos contribuíram para este crescimento estatístico".

Números de separações e divórcios também entraram na pesquisa. O maior índice de relações rompidas foi registrado no Distrito Federal, que teve índice de 3%. E parece que o processe de desfazer casamento anda menos traumático (ou menos trabalhoso), já que 76,2% das separações judiciais foi obtiva em consenso das duas partes. Melhor parte: "separações judiciais de natureza não consensual foram, em 71,7% dos casos, requeridas pelas mulheres".

JORNALISTA FALIDO - Me chamou atenção (por motivos óbvios) a sinopse de "Se nada mais der certo" (BRA, 2008. 16 anos),  filme dirigido por José Eduardo Belmonte, que tem Cauã Reymond e Leandra Leal no elenco.

Ainda não vi o filme (que está em cartaz no Cine Rosa e Silva, aqui no Recife), mas as informações disponíveis dizem que o longa, produzido em 2008 com lançamento previsto para abril novembro de 2009, trata sobre “ser ninguém numa cidade qualquer e o profundo mal estar que isso pode causar”. Vou esperar para averiguar pessoalmente. Quem quiser saber mais, basta entrar no site do filme, clicando aqui. Segue a sinopse:

Aquele jogo na Barra Funda não deu certo, aquele serviço com o gordo não deu certo, aquele truque do Antenor não deu certo, aquele negócio com o padre também não deu certo, aquele cara que o Abílio pediu pra votar não deu certo de novo, aquele trampo era roubada, aquela cd pirata que comprei não funcionou, aquele fim de semana choveu... mas, tudo vai dar certo.

Leo é um jornalista endividado, que faz alguns trabalhos esporádicos, pelos quais não recebe pagamento. Falta-lhe dinheiro para tudo: aluguel, para a esposa anoréxica e viciada, o filho dela, o salário da empregada. Para tentar sanar suas dívidas, ele acaba se envolvendo em golpes armados por Marcin.


ARTISTAS PELA VIVA CAZUZA - Artistas posam para calendário da L’Oreal em benefício da Sociedade Viva Cazuza (SVC). Os calendários custam R$ 10 e estão à venda em mais de 100 salões de beleza em todo País.  Informações: 0800-7017237. Conheça a SVC: www.vivacazuza.org.br.



Eu quero!! =D

segunda-feira, 23 de novembro de 2009

Pensando com... Edilberto Souza


Em tempos de gripe suína ainda assombrando, uma pessoa propensa aos vírus fica ainda mais vulnerável. Então desde que a Influenza A desembestou lá pelos lados do México, Eddi passou a sentir calafrios todos os dias, sempre acompanhados pela sua “lamúria-chavão” já consagrada: “Ow, amigo... estou muito doente”.

Toda turma que se preze, sem grandes exceções, cumpre seus requisitos de estereótipos: o galã, o inteligente, a vazia, a gostosa... e por aí vai. Neste caso, digamos que se formaram novos moldes, novas versões.

Meu personagem deste post é do tipo tranqüilo, pacífico, a paz que todas as pequenas aglomerações humanas precisam para manter uma convivência sustentável. Tom de voz sempre ameno, energia sempre em alta e de uma disponibilidade sem igual, Eddi é do tipo agradável, carismático, amável (e amado), capaz de unir a todos em sua defesa, caso alguém mal intencionado ouse fazer-lhe mal.

[pausa: Solicitei ajuda a André Clemente, personagem do “Pensando com” anterior, e ele ficou indignado com a descrição acima:
Aclementetorres diz: Ei... Edi... energia sempre em alta??
:S
Edi é a preguiça e indisposição em pessoa!!!]

Ok, reclamação aceita.

Mas nem tudo na vida do meu amigo jornalista Edilberto Souza são só flores, martinis e equilíbrio. Nem seria possível, sendo assessor de imprensa de uma empresa onde “notícia ruim é bóia”. Não é difícil ele me chamar no MSN, no meio de uma tarde aparentemente tranqüila, e dizer: “Sumiu um malote de dinheiro da **. Pense num infernooooo”, larga, aparentemente nervoso, embora me custe acreditar que ele esteja, de verdade, alterado. Isso significa, claro, que ele vai ter que segurar a onda com o cliente, fazer uma nota de esclarecimento, enviar para as redações, conversar e tentar evitar, ao máximo, que a bagaceira tome conta.

Vida difícil...

Dia desses, Eddi me avisou que ia comprar um carro. Semana depois, me disse, feliz da vida, que tinha comprado um corsa preto, uma de suas conquistas declaradas. “É importante pra mim não só tê-lo, como conseguir sustentá-lo. Digo pra mim mesmo: êê, já está um homenzinho”, me responde, descabando de rir em seguida, esperando que o critique por afirmação tão “fofa”.


 BAILE MUNICIPAL - Inspiração para possível fantasia vem de personagem tão meigo quanto o meu amigo



Como sempre nos acontece, entramos em debate para batizar o novo motor da turma, que se juntaria a Cascão (meu Ford Ka prata, que vive imundo), Lindoka (o Ford Ka preto de Gio, que tem a elegância da dona) e Bola de Neve (in memorian, já que André vendeu seu celta branco e hoje vive num inferno astral sem fim).  Enfim... eu sugeria que Eddi o chamasse de “negão”, já que ele rodaria a cidade tocando música baiana ou brega, mas o pobrezinho acabou recebendo o singelo nome de “Pérola Negra”. Quando Eddi me contou, resumi meu desagrado dizendo apenas:

- Parece nome de travesti afrodescente.

Mas vamos ao lado mais sério do meu amigo, já que estamos falando de um jornalista diplomado (embora não tenha nem dado entrada no diploma ainda, né, Eddi?), assessor de imprensa de grandes empresas daqui. Perguntei-lhe qual a sua primeira grande descoberta e me surpreendi: “Relacionamento não é só beijinho e ida ao cinema”. Ok, a resposta pode não ser das mais filosóficas, mas conhecendo o motivo da reflexão, eu posso ir além nos pensamentos dessa pessoa, cuja maior alegria são os finais de semana. “Tenho o tempo tão ocupado no dia a dia que basta um sábado só para mim que já me sinto realizado”, me disse, com sua simplicidade e calma costumeiras.

Tem um caso que já virou piada de bar e envolve os meus amigos de trabalho.  Em um dia de frio, peguei o meu casaco preto, que estava no meio de um monte de outras roupas da minha casa, e coloquei na mochila. Ao chegar ao trabalho, tirei o casaco e algo cai direto no lixeiro, que fica ao lado da minha cadeira. Horas depois, meu “amigo” de mesa avista um sutiã preto no lixeiro e grita: “fizeraaaam sacanagem aqui de noite!”.
Intrigado, percebo que a peça era da minha mãe e, sem pensar, solto: porra, isso é meu!!!!!! Ligo pra casa, pergunto para a verdadeira dona se ela havia perdido um sutiã desbotado, com uma arame aparecendo. Ela: Sumiiiiiu. Eu: Apois achei, meu colega está vestindo, neste momento, para zoar comigo!  

Todo mundo que me conhece sabe que não sou muito chegada aos serviços de assessor de imprensa. Hoje, aqui na Multi, minha maior preocupação é tal “tato” com os clientes, coisa que não tenho muito. Mas o trauma vem do passado, mais especificamente de um cliente que atendi em outro escritório, que acabou sendo herdado por Eddi. Ele conta: “Em um daqueles dias de sol de rachar, acompanhei uma caminhada em prol da paz, na ponte que liga o bairro dos Coelhos ao Coque. Centenas de crianças no meu ouvido pedindo paz, um trio elétrico com Almir Rouche cantando “a paaaaaz do mundoooo”, e várias pombinhas brancas voando e cagando na sua testa. Qual o problema nisso? Nada! Ócios do ofício”. Eddi, prefiro nem imaginar o que eu faria...

Teve uma vez que preparei um Power point com fotos do pessoal da turma na época da infância. Me lembro muito da foto de Eddi, vestido de matuto, com cara de bom menino. Igualzinho a como ele é hoje. Sempre imaginei que ele deve ter sido uma daquelas crianças fáceis de lidar, que toda mãe deseja. No mais, ainda fiquei pensando na resposta dele quando perguntei sobre suas crenças infantis e ele respondeu: Acredito ainda que Xuxa e Beto Barbosa fizeram pacto com o diabo. Esse povo é capaz de tudo para ascender!

[Peraí, Eddi. Xuxa vá lá, por que o pacto meio que deu certo, se fomos calcular a fortuna da Maria da Graça... mas Beto Barbosa, amigo? O cara deve estar num liseu de lascar hoje. Investiu tanto na lambada e acabou no limbo. È muito triste isso... quase tão triste quanto o destino de Afonso Nigro (ex-dominó) que parou de ouvir menininhas gritando por ele para ouvir a voz tenebrosa de Roberto Justus cantando...]

Minha cor favorita depende: se for de roupa, preto  (pq você vai sempre estar bem!). Se for na parede de casa, vermelho (pra dar aquele tom vibrante). Mas se for pra admirar e contemplar, azul (porque relaxa).

Uma das grandes dúvidas que permeiam a cabeça de parte dos jornalistas que conheço é: por que diabos eu escolhi essa profissão? Meu problema foi que meu pai quis ser jornalista e acabou cursando Economia. Então, ele sempre foi um torcedor inveterado de que eu seguisse essa carreira ingrata. Ao contrário do pai de Eddi. Segue o diálogo:
Eddi: Não me arrependo do curso que escolhi, mas poderia ter escutado melhor o meu pai, o senhor Edízio, que dizia : “Meu filho, existe mesmo lugar ao sol para um jornalista? Você não tem nenhuma afinidade com programação de computadores?
Edi: Eu mesmo não! Quero escrever para o mundo..... Olha, que promissor!

ENTREVISTA

Alguém de quem você gosta muito e por qual motivo.
Adoro gente com bom humor. Minha tia Denise é assim. Onde chega está garantida a descontração e as gargalhadas. Além disso, me entende em tudo, só com o olhar.

Alguém que te ensinou muito e o que essa pessoa te ensinou.
Com certeza, meu pai! Acordamos sempre no mesmo horário pra trabalhar. A diferença é que ele acorda para tal finalidade de domingo a domingo, sempre pontual e de bom humor. Quando o questiono de onde vem energia pra tanto, ele responde: “Só descanso quando todos vocês estiverem estabilizados, além disso quero chegar na velhice com a cabeça ativa”.

Você agora tem que compor a trilha da sua vida. Me dê duas músicas dela e explique o motivo da escolha.
Uma delas foi a minha entrada na formatura. Na ocasião escolhi pelo ritmo, mas ouvindo melhor, diz muito sobre mim “Deixa a vida me levar”, do poeta Zeca Pagodinho. Outra é a do Jota Quest “Mais uma vez”...por tantos momentos que poderiam ter mesmo parado no momento certo! E, de bônus,  aquela que danço agarradinho e de olhos fechados “Se era pra ser assim, então porque cuidou tão bem de mim, me seduziu, me enfeitiçou, diz que me quer, mas comigo não ficou”, de Aviões do Forró - essa é só pra dançar mesmo!

Se você pudesse mudar alguma coisa em você, fisicamente... o que seria?
Queria ser menos calvo. Sei que isso tem o seu charme, mas adoraria gastar mais com shampoo!

E psicologicamente?
Ser muito paciente. Isso significa que quando fico estourado é porque estou no meu limite.
Acontece muito com pessoas, agüento a primeira discussão, a segunda, e até a terceira, depois...

Na próxima vida, quais as características do atual Eddi que você traria de volta?
Meu bom senso. Não saio traçando coisas extraordinárias para mim.

Uma mania
Estou com uma mania bem recente de falar em Spañol. É uma merda, e não conheço a língua, mas os mais íntimos sabem que tenho muito afinidade com tal dialeto.  

Um desejo muito profundo.
Cortar as raízes. Ser mais aventureiro! Permitir errar tentando acertar...

Um cheiro.
Classic, da O Boticário, e Dune,  Dior.

O que ensinaria para um filho?
Ser pai é um dos projetos que tenho. Estou pensando em encomendar um para breve. Já tem nome: Joyce. A educação dela será rígida. Vai ser uma menina que encantará a todos, mas que não se dará com todos. Esse negócio de estar no colo de todo mundo não será com ela. No futuro, só orgulho pro papai!

Uma prova de amor.
Sou muito romântico. Diga que me ama, que você vai ver a pessoa mais besta na sua frente!

A melhor forma de comemorar é...
Com um churrasco, ás 11h de um sábado, na beira da piscina, bebendo cerveja gelada com todos os meus amigos. Passaria o dia aí! 



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Fiquei uns três meses para terminar esse texto; ora por falta de tempo, ora por falta de inspiração. Eddi não é dos mais fáceis de descrever, já que é discreto o suficiente para me inibir de fazer observações fantasmagóricas ao seu respeito. Não que eu não conheça detalhes mais “intrigantes”, mas simplesmente não vejo necessidade de revelar – são notas de roda-pé só para íntimos, em cada capitulo que pude acompanhar de parte da vida desse meu amigo.

Embora goste de manter a fidelidade aos meus entrevistados, não sou muito partidária dos melodramas que carregam as homenagens. Então eu procurei uma forma de escapar. Por fim, perguntei: Eddi, você morre. O que eu escrevo na sua lápide?

Ele estava “muito doente”.

Saúde pra você, amigo. Sempre!