sexta-feira, 27 de novembro de 2009

Sentidos rejeitados de tempo

Criar mundos requer responsabilidade - construções inacabadas podem desfazer ilusões vitais, essenciais, que terminam fragilizados pelo tempo.Momentos de silêncio, de uma contemplação dolorosa do próximo, que apesar de perto, parece longe o suficiente para ser paupável e ilusório ao mesmo tempo.

Vazios sempre fizeram parte, mesmo depois da última lição aprendida. Doação demais dói tanto quanto os arrependimentos dos titubeiam. Mas há a chance de construir certezas, mesmo que sejam fragéis como um castelo de incontáveis cartas de amor. "Ridículas..."

A busca pelos vocábulos parece corroer os sentimentos. Palavras não têm o poder de transpirar, elas unem-se e não somam forças; perdem o significado por que a vida já perdeu há tempos. E foram-se os sentidos.

Como bom lutador, tento agarrar-me aos últimos fios de sonho, que desfiam lacerando e tornando nada o que havia de mais valioso.



São ausências, quando se pretendia presenças; juntam-se amarguras quando se queria um outro sabor, só pra variar do gosto. Consegue-se silêncio, quando deseja-se retorno. Restam lamúrias, quando se queria conquistas. Desvalores de ações, pouco importa.

E resta o tempo para ser apreciado. Se o medo de outrem, ou qualquer outra falta de desejo que o freie, deixa a gélida sensação dos deveres descumpridos, entre a razão, prova-se que todos os caminhos foram percorridos, mas nem todos os perigos foram enfrentados. E ainda doem.

O que se tem por fim, enfim, são palavras válidas que perdem direito de trânsito. - proibidos sentidos, pensamentos sob censura, cláusula para os sonhos. O que resta é pouco e já não aquece as ingratas mãos que, por hora, ainda estão disposta a continuar ferindo a si mesmas pelo desejo de divisas da existência.

E já que as palavras, por quaisquer que sejam, parecem ínfimas em suas funções, é permitido a elas calar. Se o silêncio antes fora condenável, hoje é questão de honra ou sobrevivência;. Cada vez que é quebrado, perde-se um pouco da pulsação e, em pouco, ele se tornará insuficiente às funções. É a morte do eterno que jamais existiu.

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