segunda-feira, 23 de novembro de 2009

Pensando com... Edilberto Souza


Em tempos de gripe suína ainda assombrando, uma pessoa propensa aos vírus fica ainda mais vulnerável. Então desde que a Influenza A desembestou lá pelos lados do México, Eddi passou a sentir calafrios todos os dias, sempre acompanhados pela sua “lamúria-chavão” já consagrada: “Ow, amigo... estou muito doente”.

Toda turma que se preze, sem grandes exceções, cumpre seus requisitos de estereótipos: o galã, o inteligente, a vazia, a gostosa... e por aí vai. Neste caso, digamos que se formaram novos moldes, novas versões.

Meu personagem deste post é do tipo tranqüilo, pacífico, a paz que todas as pequenas aglomerações humanas precisam para manter uma convivência sustentável. Tom de voz sempre ameno, energia sempre em alta e de uma disponibilidade sem igual, Eddi é do tipo agradável, carismático, amável (e amado), capaz de unir a todos em sua defesa, caso alguém mal intencionado ouse fazer-lhe mal.

[pausa: Solicitei ajuda a André Clemente, personagem do “Pensando com” anterior, e ele ficou indignado com a descrição acima:
Aclementetorres diz: Ei... Edi... energia sempre em alta??
:S
Edi é a preguiça e indisposição em pessoa!!!]

Ok, reclamação aceita.

Mas nem tudo na vida do meu amigo jornalista Edilberto Souza são só flores, martinis e equilíbrio. Nem seria possível, sendo assessor de imprensa de uma empresa onde “notícia ruim é bóia”. Não é difícil ele me chamar no MSN, no meio de uma tarde aparentemente tranqüila, e dizer: “Sumiu um malote de dinheiro da **. Pense num infernooooo”, larga, aparentemente nervoso, embora me custe acreditar que ele esteja, de verdade, alterado. Isso significa, claro, que ele vai ter que segurar a onda com o cliente, fazer uma nota de esclarecimento, enviar para as redações, conversar e tentar evitar, ao máximo, que a bagaceira tome conta.

Vida difícil...

Dia desses, Eddi me avisou que ia comprar um carro. Semana depois, me disse, feliz da vida, que tinha comprado um corsa preto, uma de suas conquistas declaradas. “É importante pra mim não só tê-lo, como conseguir sustentá-lo. Digo pra mim mesmo: êê, já está um homenzinho”, me responde, descabando de rir em seguida, esperando que o critique por afirmação tão “fofa”.


 BAILE MUNICIPAL - Inspiração para possível fantasia vem de personagem tão meigo quanto o meu amigo



Como sempre nos acontece, entramos em debate para batizar o novo motor da turma, que se juntaria a Cascão (meu Ford Ka prata, que vive imundo), Lindoka (o Ford Ka preto de Gio, que tem a elegância da dona) e Bola de Neve (in memorian, já que André vendeu seu celta branco e hoje vive num inferno astral sem fim).  Enfim... eu sugeria que Eddi o chamasse de “negão”, já que ele rodaria a cidade tocando música baiana ou brega, mas o pobrezinho acabou recebendo o singelo nome de “Pérola Negra”. Quando Eddi me contou, resumi meu desagrado dizendo apenas:

- Parece nome de travesti afrodescente.

Mas vamos ao lado mais sério do meu amigo, já que estamos falando de um jornalista diplomado (embora não tenha nem dado entrada no diploma ainda, né, Eddi?), assessor de imprensa de grandes empresas daqui. Perguntei-lhe qual a sua primeira grande descoberta e me surpreendi: “Relacionamento não é só beijinho e ida ao cinema”. Ok, a resposta pode não ser das mais filosóficas, mas conhecendo o motivo da reflexão, eu posso ir além nos pensamentos dessa pessoa, cuja maior alegria são os finais de semana. “Tenho o tempo tão ocupado no dia a dia que basta um sábado só para mim que já me sinto realizado”, me disse, com sua simplicidade e calma costumeiras.

Tem um caso que já virou piada de bar e envolve os meus amigos de trabalho.  Em um dia de frio, peguei o meu casaco preto, que estava no meio de um monte de outras roupas da minha casa, e coloquei na mochila. Ao chegar ao trabalho, tirei o casaco e algo cai direto no lixeiro, que fica ao lado da minha cadeira. Horas depois, meu “amigo” de mesa avista um sutiã preto no lixeiro e grita: “fizeraaaam sacanagem aqui de noite!”.
Intrigado, percebo que a peça era da minha mãe e, sem pensar, solto: porra, isso é meu!!!!!! Ligo pra casa, pergunto para a verdadeira dona se ela havia perdido um sutiã desbotado, com uma arame aparecendo. Ela: Sumiiiiiu. Eu: Apois achei, meu colega está vestindo, neste momento, para zoar comigo!  

Todo mundo que me conhece sabe que não sou muito chegada aos serviços de assessor de imprensa. Hoje, aqui na Multi, minha maior preocupação é tal “tato” com os clientes, coisa que não tenho muito. Mas o trauma vem do passado, mais especificamente de um cliente que atendi em outro escritório, que acabou sendo herdado por Eddi. Ele conta: “Em um daqueles dias de sol de rachar, acompanhei uma caminhada em prol da paz, na ponte que liga o bairro dos Coelhos ao Coque. Centenas de crianças no meu ouvido pedindo paz, um trio elétrico com Almir Rouche cantando “a paaaaaz do mundoooo”, e várias pombinhas brancas voando e cagando na sua testa. Qual o problema nisso? Nada! Ócios do ofício”. Eddi, prefiro nem imaginar o que eu faria...

Teve uma vez que preparei um Power point com fotos do pessoal da turma na época da infância. Me lembro muito da foto de Eddi, vestido de matuto, com cara de bom menino. Igualzinho a como ele é hoje. Sempre imaginei que ele deve ter sido uma daquelas crianças fáceis de lidar, que toda mãe deseja. No mais, ainda fiquei pensando na resposta dele quando perguntei sobre suas crenças infantis e ele respondeu: Acredito ainda que Xuxa e Beto Barbosa fizeram pacto com o diabo. Esse povo é capaz de tudo para ascender!

[Peraí, Eddi. Xuxa vá lá, por que o pacto meio que deu certo, se fomos calcular a fortuna da Maria da Graça... mas Beto Barbosa, amigo? O cara deve estar num liseu de lascar hoje. Investiu tanto na lambada e acabou no limbo. È muito triste isso... quase tão triste quanto o destino de Afonso Nigro (ex-dominó) que parou de ouvir menininhas gritando por ele para ouvir a voz tenebrosa de Roberto Justus cantando...]

Minha cor favorita depende: se for de roupa, preto  (pq você vai sempre estar bem!). Se for na parede de casa, vermelho (pra dar aquele tom vibrante). Mas se for pra admirar e contemplar, azul (porque relaxa).

Uma das grandes dúvidas que permeiam a cabeça de parte dos jornalistas que conheço é: por que diabos eu escolhi essa profissão? Meu problema foi que meu pai quis ser jornalista e acabou cursando Economia. Então, ele sempre foi um torcedor inveterado de que eu seguisse essa carreira ingrata. Ao contrário do pai de Eddi. Segue o diálogo:
Eddi: Não me arrependo do curso que escolhi, mas poderia ter escutado melhor o meu pai, o senhor Edízio, que dizia : “Meu filho, existe mesmo lugar ao sol para um jornalista? Você não tem nenhuma afinidade com programação de computadores?
Edi: Eu mesmo não! Quero escrever para o mundo..... Olha, que promissor!

ENTREVISTA

Alguém de quem você gosta muito e por qual motivo.
Adoro gente com bom humor. Minha tia Denise é assim. Onde chega está garantida a descontração e as gargalhadas. Além disso, me entende em tudo, só com o olhar.

Alguém que te ensinou muito e o que essa pessoa te ensinou.
Com certeza, meu pai! Acordamos sempre no mesmo horário pra trabalhar. A diferença é que ele acorda para tal finalidade de domingo a domingo, sempre pontual e de bom humor. Quando o questiono de onde vem energia pra tanto, ele responde: “Só descanso quando todos vocês estiverem estabilizados, além disso quero chegar na velhice com a cabeça ativa”.

Você agora tem que compor a trilha da sua vida. Me dê duas músicas dela e explique o motivo da escolha.
Uma delas foi a minha entrada na formatura. Na ocasião escolhi pelo ritmo, mas ouvindo melhor, diz muito sobre mim “Deixa a vida me levar”, do poeta Zeca Pagodinho. Outra é a do Jota Quest “Mais uma vez”...por tantos momentos que poderiam ter mesmo parado no momento certo! E, de bônus,  aquela que danço agarradinho e de olhos fechados “Se era pra ser assim, então porque cuidou tão bem de mim, me seduziu, me enfeitiçou, diz que me quer, mas comigo não ficou”, de Aviões do Forró - essa é só pra dançar mesmo!

Se você pudesse mudar alguma coisa em você, fisicamente... o que seria?
Queria ser menos calvo. Sei que isso tem o seu charme, mas adoraria gastar mais com shampoo!

E psicologicamente?
Ser muito paciente. Isso significa que quando fico estourado é porque estou no meu limite.
Acontece muito com pessoas, agüento a primeira discussão, a segunda, e até a terceira, depois...

Na próxima vida, quais as características do atual Eddi que você traria de volta?
Meu bom senso. Não saio traçando coisas extraordinárias para mim.

Uma mania
Estou com uma mania bem recente de falar em Spañol. É uma merda, e não conheço a língua, mas os mais íntimos sabem que tenho muito afinidade com tal dialeto.  

Um desejo muito profundo.
Cortar as raízes. Ser mais aventureiro! Permitir errar tentando acertar...

Um cheiro.
Classic, da O Boticário, e Dune,  Dior.

O que ensinaria para um filho?
Ser pai é um dos projetos que tenho. Estou pensando em encomendar um para breve. Já tem nome: Joyce. A educação dela será rígida. Vai ser uma menina que encantará a todos, mas que não se dará com todos. Esse negócio de estar no colo de todo mundo não será com ela. No futuro, só orgulho pro papai!

Uma prova de amor.
Sou muito romântico. Diga que me ama, que você vai ver a pessoa mais besta na sua frente!

A melhor forma de comemorar é...
Com um churrasco, ás 11h de um sábado, na beira da piscina, bebendo cerveja gelada com todos os meus amigos. Passaria o dia aí! 



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Fiquei uns três meses para terminar esse texto; ora por falta de tempo, ora por falta de inspiração. Eddi não é dos mais fáceis de descrever, já que é discreto o suficiente para me inibir de fazer observações fantasmagóricas ao seu respeito. Não que eu não conheça detalhes mais “intrigantes”, mas simplesmente não vejo necessidade de revelar – são notas de roda-pé só para íntimos, em cada capitulo que pude acompanhar de parte da vida desse meu amigo.

Embora goste de manter a fidelidade aos meus entrevistados, não sou muito partidária dos melodramas que carregam as homenagens. Então eu procurei uma forma de escapar. Por fim, perguntei: Eddi, você morre. O que eu escrevo na sua lápide?

Ele estava “muito doente”.

Saúde pra você, amigo. Sempre!


4 comentários:

Eddi disse...

Ow, amiga! Fiquei muito emocionado com o texto. Eu sou exatamente este, descrito como nenhum outro faria melhor....
O gato de botas é???? kkkkkkkkkkkkk

Unknown disse...

Mamute, ficou ótimo! Nosso Eddi...

E a história do casaco preto é a melhor! ahaha

Beijos,
Renatinha

Vanessa Santos disse...

Ficou ótimo...

Conheci Eddi agora, mas o descreveria com essas mesmas palavras. E o casaco preto... já ouvi falar.

Anônimo disse...

Oi Tatiana, gostei do seu espaço,
estarei acompanhando...

Abraços Marco