sexta-feira, 19 de novembro de 2010

Você (se) acha o bastante?

Reclamaram comigo hoje por esse novo hiato aqui - logo eu, que reclamo do silêncio, da falta do que dizer, "dessa eterna falta do que falar", promovo um minuto de silêncio em memória da inspiração. Logo eu, sempre rotulada como criativa, promovendo uma grande ode ao vácuo. Que grande contradição. Mais uma.

Experimente trabalhar o dia todo numa função que é, ao mesmo tempo, mas em outra hora, o seu hobby. O seu passatempo preferido. De dia, é obrigação; à noite, pode ser prazer. (risos) Por um momento, pareceu-me isso a descrição de algo como a prostituição. Mas não deixa de ser; não deixa de ser a venda, de certo modo, de parte de mim. Todo dia, por horas. Por muitas e mal pagas horas extras.

E não é o bastante. Talvez precisasse de mais tempo, uns cinco segundo a mais em cada hora do dia e uma hora a mais em cada dia da semana. Isso me daria umas 25.320 segundos a mais. E se um dia normal tem 86.400 segundos, numa regra de três safada, deu dízima periódica que, arredondada, fica 0,29 dia. Viu? Não é o bastante. Nunca é, e basta.

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