Em 1º de janeiro, será encerrada a Era Lula. De certa forma. Com a eleição de Dilma Rousseff, o espírito é muito mais de continuidade que de recomeço. E com Dilma eleita, atenção para a economia brasileira, um dos pilares mais fortes da política lulista. É necessário que os cidadãos acompanhem as especulações quanto ao destino econômico, rumo que interfere diretamente na vida de todos.
O professor de Economia da Faculdade Boa Viagem (FBV), Antônio Pessoa, considera positiva a manutenção da atual política econômica, responsável por boa parte do que o País conquistou nos últimos anos. "Mas deve haver algumas mudanças. Lula assumiu o governo com o Real desvalorizado e hoje temos o inverso: um mercado interno crescendo, especialmente para as classes C e D. Agora, é necessário o controle do gasto público", explicou.
Os analistas vêm o cenário mais favorável para o início do governo Dilma. Estável. Com isso, pode-se apostar em uma reforma tributária. Antônio Pessoa analisou que o ICMS (o Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços) pode ser alvo das mudanças com a retomada das discussões a respeito do Imposto sobre Valor Agregado (IVA) que incide no mercado de destino, que o poderia substituir. "Essa questão já está em debate na Câmara, mas o governo precisará de muita negociação já que a mudança onera o estado de origem", disse Pessoa. Hoje, funciona assim: se Pernambuco compra mercadorias de São Paulo, 17% do valor é pago à Fazenda paulista e Pernambuco fica com a diferença entre esse percentual e a tarifa do ICMS estadual. Se for de 25%, no final das contas, Estado fica com 8%. Com o IVA, o imposto é pago à fazenda do estado de destino.
A medida mais "emergencial" para Dilma é a política cambial. "Não é algo que se faça de imediato, é uma questão mundial. Com o Real valorizado frente ao Dólar, por exemplo, nosso produtos ficam mais caros lá fora e os importados, mais baratos por aqui", analisou Antônio Pessoa. Outro ponto é a da dívida pública. Sim, deve haver o controle, mas o professor explicou que a brasileira não é tão alta, ficando em torno de 40% do Produto Interno Bruto (PIB). "É administrável por medidas como redução da taxa de juros, administração do gasto público e a manutenção do crescimento da economia", enumerou.
Analistas consultados pelo Banco Central aumentaram a estimativa de expansão para o PIB brasileiro em 2010 - de 7,55% para 7,6%. Para 2011, a projeção tem se mantido nos 4,5% há 47 semanas. "Certamente o crescimento durante o primeiro ano do governo Dilma será menor, aposto na variação entre 5% e 5,5%. Se houver em 2011 um PIB tão alto quanto neste ano, é provável que haja inflação", analisou Antônio Pessoa. "A vantagem do programa de governo do PT é o crescimento descentralizado, mais que no governo de Fernando Henrique Cardoso", destacou. O professor lembrou ainda que Dilma terá vantagens como a Petrobras à frente do Pré Sal. Mas, antes de qualquer coisa, Dilma foi eleita por e para suceder o governo Lula. Aliás, uma grande responsabilidade.
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