segunda-feira, 13 de abril de 2009

Reflexões furadas do tempo

Primeiro, devo desculpas pelo vazio de meses. Desculpas por mais um longo vazio de meses. É que tenho evitado o ato de escrever por escrever [ou de transcrever o alheio], como sinal de respeito pelo meu ofício adormecido. Eu fico sentida, assim como alguns que me reclamam pelo silêncio.

Primeiro, este tem sido um tempo ambíguo - para planejar e pensar muito e para agir pouco. Ou nada. É um tempo de dormência.

As coisas acontecem, costuram o tempo, alinhavam a vida da gente e nem sempre a gente percebe que passaram-se anos, eras ou outros nomes que damos às frações da vida. Mas falar de vida, tempo e anos é tão inútil. Já falaram tanto, tantos já transmitiram suas impressões. Algumas são tocantes, de tão gerais; outras são pessoais demais, então, intransferíveis e mudas.

Eu prefiro ouvi-las a escrevê-las. Ouvir tem a liberdade total do pensamento, então podemos vagar pelos sentimentos do interlocutor sem as amarras da escrita - que precisa de decodificação. Ouvir e sentir, simplesmente, é muito mais pessoal, muito mais rico e muito mais proveitoso. O problema é que se apaga. Por isso é que eu insisto em escrever; é pra ver se sobra algo pra lembrar quando a lembrança não ajudar mais.

Já fiz o teste que escrever, com o máximo de detalhes possíveis, um bom dia que tive [e também um péssimo]. As sensações são tão fiéis às originais que me remeteram ao momento [então parei de registrar coisas ruins]. O tempo vai levando as coisas, ou você as deixa cair pelo caminho, e dificilmente as encontrará se não tiver uma boa orientação para isso.

A passagem do tempo [descrita pelas nomenclaturas de suas frações] é muito inspiradora, assim como começos, meios e fins. Meios que explicam o começo são extasiantes. Fins que justificam os meios, melhores ainda. O fim, por si só, já é motivo pro recomeço. É meio sem fim.


Nota 1: Sim, meu objetivo é tegiversar. Quanto mais, melhor, "enquanto o seu lobo não vem".
Nota 2: Ainda em quarentena pela dormência do meu ofício. Temo que vire novena.
Nota 3: em caso de dúvida, em caso de não querer queimar seus próprios neurônios, escreve pra mim que eu tento explicar.
Nota 4: Não, não sei quando volto por aqui.

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