segunda-feira, 12 de setembro de 2011

Sobre gênios, sobre genialidades

Eu queria ser gênio. Quando era bem criança e tirava nota baixa em ditados ou cópias no colégio, por pura preguiça (óbvio), painho me colocava de castigo. Impunha-me um livro de Monteiro Lobato, um exemplar do longo Sítio do Pica-pau Amarelo, e me obrigava a ler e copiar um capítulo inteiro. Era um suplício.

Mas lembro bem de um dia em que copiava umas falas de Emília, que dizia ao Visconde de Sabugosa que iria escrever suas memórias, e ponderei ser uma ideia boa. Eu achava Emília genial. Entendia nada que ela filosofava e, por isso mesmo, achava que deveria ser tão inteligente que eu, recém alfabetizada, sequer tinha condições de entender. Aí fiquei naquela de aprender a escrever bem, cada vez melhor, e por aí seguir o caminho até a genialidade.

Até achei que seria possível alcançar tal patamar, até começar a ler Machado, Saramago, Clarice; até ouvir Bach, até analisar Chico. Percebi que era melhor procurar ser simplesmente boa, fazer o que gosto, que o resto seria mera consequência.

Hoje, eu ainda gosto de ler e, principalmente, ouvir o que toque, o que beire ou entre na genialidade. Mas acredito totalmente que a perfeição (ou algo próximo a ela) seja somente o resultado de muito esforço, disciplina, talento, dedicação... algo que toque alguém.

Vai, viajei... assiste aí pra entender.

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