Crio uma confusão diferente a cada dia.
No orkut, logo que me mandaram o convite da conta, fiquei sem saber o que colocar no "about me". Nos primeiros meses, defini-me mais ou menos assim:
"Um futura jornalista que poderia ter sido publicitária, que queria ser médica mas adoraria ser professora".
Depois, ia diminuindo ou aumentando as informações de acordo com a minha vontade. Mas não tinha jeito. Todas as vezes que relia, achava tudo uma grande bobagem.
Achava interessante a maneira como Thiago se apresentava, colocando naquele espaço os "elogios" feitos a ele por seus amigos no MSN. Inclusive, tinha uma participação minha:
"Tati diz: Bom dia, mala!"
Cansei de pensar e troquei o texto do meu "about me" por três pontinho. Sempre estou assim...
Comecei a ler o que as pessoas diziam de si mesmo e achei coisas cafonas do tipo "sou uma metarmofose ambulante" ou "como posso dizer quem sou eu se estou sempre me descobrindo?".
O fato é que nunca tive muita paciência com isso. Se eu não me conheço, como podem os outros?
Ouvir conceitos a seu respeito da boca dos outros é interessante, mas hoje já me aborrece. Alguns, há tempos, tinham medo de mim, por que sempre tive fama de braba, chata e intolerante. Antes fosse, mas, na verdade, me acho incapaz de fazer mal a alguém.
Semana passada, descobri, indignada que os meus colegas de classe acham que sou rica ou, como uma delas me explicou, não tenho problemas de dinheiro. Fiquei realmente curiosa pra saber como chegaram a essa conclusão. Isso me fez pensar em quão superficiais são as relações humanas.
O sossego acabou. As aulas de fotografia começam pra valer na segunda, junto com meu novo estágio na TvU. Quanto mais leio meus livros pra monografia, mais papel junto. Imagino-me soterrada daqui pro final do ano.
Musique-se
Apesar de Você
( Chico Buarque )
Hoje você é quem manda, falou, tá falado
Não tem discussão, não
A minha gente hoje anda falando de lado
E olhando pro chão, viu
Você que inventou esse estado e inventou de inventar toda a escuridão
Você que inventou o pecado esqueceu-se de inventar o perdão
Apesar de você, amanhã há de ser outro dia
Eu pergunto a você onde vai se esconder da enorme euforia
Como vai proibir quando o galo insistir em cantar
Água nova brotando e a gente se amando sem parar
Quando chegar o momento, esse meu sofrimento
Vou cobrar com juros, juro
Todo esse amor reprimido,
Esse grito contido, esse samba no escuro
Você que inventou a tristeza, ora,
Tenha a fineza de desinventar
Você vai pagar e é dobrado
Cada lágrima rolada nesse meu penar
Apesar de você, amanhã há de ser outro dia
'Inda pago pra ver o jardim florescer qual você não queria
Você vai se amargar vendo o dia raiar sem lhe pedir licença
E eu vou morrer de rir, que esse dia há de vir antes do que você pensa
Apesar de você
Apesar de você, amanhã há de ser outro dia
Você vai ter que ver a manhã renascer e esbanjar poesia
Como vai se explicar vendo o céu clarear de repente, impunemente
Como vai abafar nosso coro a cantar na sua frente
Apesar de você
Apesar de você, amanhã há de ser outro dia
Você vai se dar mal,
et cetera e tal, laraia, laraia...
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