sexta-feira, 30 de janeiro de 2009

Trocando em miúdos, pode guardar....

Querido Guy,

As coisas por aqui não andam muito fáceis, mas começaram bem mais difíceis. Nem bem cheguei na rodoviária e já lá vieram os aborrecimentos. Bilhete comprado, cheguei à plataforma de embarque, adentrei o ônibus e alguém estava sentado no meu lugar. Tentei argumentar, mas a senhora (de uns 80 anos, calculo, e com elefantíase nas duas pernas) me ignorou. Pacientemente, aguardei por um lugar vago, que acabou sendo um ao lado de uma criança de três anos.

Bem começou a viagem, eu percebi que seriam longas e duras horas. Depois de ver o pequeno troglodita devorando um pacote de biscoitos inteiro, tive que me conter quando ele pôs-se a dormir a achou de esticar as canelas em cima de mim. Praguejei, usei todo meu acervo de palavrões, peguei três comprimidos de Dramin e tomei num gole só. Dose é que não consegui dormir de jeito nenhum, mas fiquei num estágio latente de dormência/demência.

Olhei pro relógio: 3h23. Sem conseguir me mexer direito, tateei na bolsa o meu mp3 e pus Chico Buarque para cantar. E fiquei viajando na dele...


Eu vou lhe deixar a medida do Bonfim
Não me valeu...

Mas fico com o disco do Pixinguinha, sim
O resto é seu...



Aí, "trocando em miúdos", eu fiquei filosofando água,
observando a estrada que passava pela janela e
servindo de encosto pros pés do meu companheiro
de poltrona. Mas aí,Guy, é nessas horas que a
gente deixa o pensamento fluir.
Pode ser bom, mas pode causar um desconforto enorme.
Grande parte das vezes, eu fico perdida, pensando
em várias coisas ao mesmo tempo. Aí dá uma insônia,
uma insegurança danada, um misto de
sentimentos que você nem sabe de onde vêm. Pessoas também
vagueiam nesses meus pensamentos.
Algumas, eu não sei por onde foram; outras, não sei onde coloquei.


Me comunicarei sempre com você. Assim que chegar, recolher a bagagem
e reconhecer o entorno, te ligo. Mas vê se te desliga desses problemas aí.


Beijos.
Elis

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