PIB brasileiro tem 29% destinado a políticas sociais
TATIANA NOTARO
Pobreza extrema é um “estado de privação de um indivíduo cujo bem estar é inferior ao mínimo que a sociedade a qual ele pertence julga obrigada a garantir”. No Brasil, esse conceito envolve lares cuja renda por pessoa seja inferior a R$ 70 por mês. Em seminário, o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) mostrou que, em 2009, 11,7% dos pernambucanos estavam dentro desse conjunto, contra os 5,2% da média nacional. Pior: mostrou também que entre os brasileiros “extremamente pobres”, 5% são crianças pernambucanas com idade entre 0 e 12 anos. “A pobreza tem a cara da criança nordestina”, atestou o diretor de Estudos e Políticas Sociais (Disoc) do Ipea, Jorge Abrahão de Castro.
Nesses casos, o auxílio maior vem do repasse direto de renda do programa Bolsa Família. Contrariando a ideia de que o assistencialismo corrói os cofres públicos, Castro disse que 29% do Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil é destinado às políticas sociais; 0,4% ao Bolsa Família. Mas a porcentagem é “irrisória” só nos gráficos. Para se ter ideia, o programa cobre 74% das famílias extremamente pobres em Pernambuco.
Castro diz que, por conta da Previdência Social, quase não há idosos em situação de extrema pobreza e que os programas visam “corrigir uma distorção de anos”. “O crescimento das décadas de 60 e 70 foram a ‘índices chineses’ com distribuição de riquezas com taxas de crescimento africano”, comparou. Nesse degrau da extrema pobreza, predomina 51% de desocupados e inativos (pessoas que não estão procurando emprego).
“Quando alguém arruma alguma coisa, é sem carteira. É muito grande a fragilidade no mercado de trabalho para essa parcela da população”, descreveu. Nunca é pouco lembrar: na escala da pobreza, os mais atingidos são as crianças. Na sequência, os adultos e os jovens. E essas pessoas, diz Castro, só vão sair da pobreza com a melhoria do mercado de trabalho e, sim, com o Bolsa Família. “Não dá para abandonar o programa”, enfatiza.
SEM MISÉRIA
Com o plano Brasil Sem Miséria, anunciado na última quinta-feira, o governo Dilma Rousseff reforça a erradicação da pobreza extrema como meta e promete retirar 16 milhões de pessoas dessa situação. E o plano mostra as peças: transferência de renda, inclusão produtiva e acesso a serviços públicos básicos, como educação, saúde e energia elétrica.
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