sexta-feira, 7 de dezembro de 2007

Os alfinetes do Lobão

Sim, o exêntrico existe e sua melhor forma humana atende pelo apelido de Lobão. Cinqüenta anos de idade e mais de 30 de uma carreira que já passou do céu ao limbo. Hoje, ele volta às alturas: é dono da sua própria gravadora (a Universo paralelo), tem uma revista (a Outracoisa), um programa de televisão (o Debate MTV) e acaba de gravar um acústico cujo investimento chegou a R$ 1,5 milhão (o Acústico MTV Lobão). Sobre esse último, ele declarou: "eu quis fazer o melhor dos acústicos, e consegui".




Com o acústico, Lobão ganhou o Grammy de melhor disco de rock


Aparentemente avesso à modéstia, ele construiu a fama de polêmico. Foi preso várias vezes, por diversos motivos, "todos arbitrários e inconstitucionais", segundo o próprio. Declara-se totalmente contra o nacionalismo exarcerbado, o folclore, gravadoras, jabá e pensadores "atrasadíssimos", como, segundo ele, o escritor Ariano Suassuna. "Por ele, estaríamos vivendo num quilombo, sem computador".

Farpas à parte, Lobão é um poeta sensível em toda dureza de seus versos. Em seu acervo, partes importantes da música popular brasileira, como Me chama, Esta noite não, Noite e dia, entre tantas outras. Juntas, elas somam algo em torno de 350 canções. Já compôs com vários artistas, como Cazuza, com quem assina boas produções como Baby lonest e Azul e amarelo. "Eu não gosto muito que gravem as minhas músicas. Eu compunha com o Cazuza e dizia a ele que não queria ouvir o resultado. E não ouvia. Ele era muito manso comigo", diz, às gargalhadas. De Lobão, Cazuza gravou Vida louca vida e acabou marcando-a com seu estilo.


A entrevista abaixo foi feita por telefone, da redação do Jornal do Commercio, no Recife. Ele, em São Paulo, seguia com a turnê do acústico. Lá pelas tantas, no melhor do papo, ele se irritA com o motorista e dispara reclamações. Lobão perdeu-se na entrevista e o carro que o levaria para o hotel, seguia desavisado ao local onde, mais tarde, ele se apresentaria. Entre "porras" e "caralhos", ele voltou aos trilhos e à conversa, que seguiu assim:






Entrevista exclusiva com o roqueiro Lobão
Tatiana Notaro

Do Caderno C


Atualmente, o quê é o rock brasileiro?
Eu nunca me interessei por rock brasileiro, me considero um músico popular brasileiro. Não tenho nenhuma obrigação de ser ou não ser rock. Pra mim, esta não é a questão. Eu tenho uma intrínseca cultura de rock'n roll, evidentemente, mas sempre me preocupei em fazer música popular brasileira, que é o filão do lugar onde eu vivo. Eu acho que essa é a minha meta, apesar de ter ganho o Grammy de melhor disco de rock com o acústico (risos), o quê eu achei muito legal. Mas eu acredito que sou uma criatura rock'n roll, mas o que eu produzo é música popular brasileira. Sou tão brasileiro quanto Luiz Gonzaga e João Gilberto.

Como é que está a situação dessa música?
Olha, eu, como editor de uma revista cujo combustível maior é o artista novo, enquanto a criação de uma nova geração, a coisa poderia estar melhor.

Você acha que tem mais admiradores ou inimigos?
Olha, a única coisa que eu acho que não cabe na minha personalidade, que seria realmente muito difícil de suportar, é a indiferença. Qualquer outro sentimento é válido (risos). Eu vejo que isso acontece e que é característica da minha personalidade. Evidente, porra, que eu pressinto que sou amado por 95%. Tem uns 3% de ódio e 2% de indecisos, entendeu? (risos)

Você acha que as produções musicais de hoje são um reflexo do público?
Esse negócio nunca me preocupou. Minha produção não tem nada a ver com isso. Eu faço o que eu quero. Eu sou absolutamente livre com o meu trabalho. A minha produção é feita com duas coisas: com tesão e com vontade de excelência. Eu sempre me dediquei a isso e fiz disso uma marca na minha vida, e acredito que isso não vá mudar.

Como tem sido a receptividade do público em relação ao seu programa na MTV?
Tá um tremendo sucesso. As pessoas não acreditaram, nem eu. O programa saiu do traço pra dois pontos de média. Tá um puta sucesso. Em todos os shows que eu faço, as pessoas sempre se referem com muito carinho ao debate. O engraçado é que são pessoas de várias idades (risos). A gente já renovou, eu vou ter que me mudar pra São Paulo, por que é muito difícil ficar na ponte aérea. Em março a gente estréia nova temporada.

Lobão, você tem quantas composições?
Eu tenho umas 300, né?

Perdeu as contas?
Eu devo ter isso. Entre as que eu gravei e as que eu tenho escrito, acho que tem umas 300, 350...

Delas, quais você considera grandes heranças para a música?
Ah, cara, eu tenho muita música. Eu vejo pelos meus álbuns. A canção é como se fosse um capítulo do livro. É como se você perguntasse pra um autor "qual o melhor capítulo do seu romance?". Então, eu gosto muito dos meus três últimos discos, o A vida é doce, Lobão 2001 - uma odisséia no universo paralelo e o Canções dentro da noite escura. O Vida e o Noite são, de longe, os meus melhores trabalhos. Acho isso e toda a crítica especializada concorda.

Tem alguma que você ouve hoje e acha que foi uma falha?
Todos os discos dos anos 80 foram uma merda! Eu já sabia que estava fazendo uma merda e não tinha como fazer diferente. Tinha uma cultura toda impregnada, não se sabiam produzir um disco de rock no Brasil. A gente sofria muito com a falta de qualidade, com a precariedade, com a falta de cultura musical dentro desse segmento. Eu posso dizer um disco que eu gosto desses, que é o Cena de cinema, que é o primeiro, por que é muito fresco, e o Ronaldo foi pra guerra. Os outros, pode jogar fora que é porcaria mesmo (risos). Nesse disco agora, eu resgatei um monte de músicas que foram pessimamente gravadas, que agora ganharam vida. Pelo material não, mas pela produção, eram muito ruins.

Lobão, gravadora mata?
Depende da pessoa, eu acredito que não tenha morrido até agora (risos). É muito difícil, hoje em dia, alguma coisa me fazer mal, entendeu? Eu já passei por tanta coisa nociva, virulenta, truculenta, covarde e sobrevivi a isso, que eu acho que adquiri muitos anti-corpus nos últimos anos.

Em geral, ela mata o artista?
Olha, eu acho que isso é muito relativo, acho que depende do artista. Eu estou lendo a biografia do Hendrix. Ele morreu, principalmente, por preocupações com a vida profissional dele, em relação aos contratos e tudo mais. Isso sempre existe, né? Já perdi muitos anos da minha vida com brigas judiciais seríssimas. É um meio que você tem que ter atenção, mas, eu prefiro não me colocar como vítima nunca, sabe? Se tem algum terror, o fantasma sou eu (risos). Acho que é melhor que as pessoas morram de medo de mim do que eu ficar me lamentando por alguém. Por que as pessoas me respeitam? Por que eu posso causar danos bem piores (risos).

Em uma entrevista à revista Playboy, você disse que, se abrissem a barriga do Tim Maia, lá encontrariam um câncer chamado "Som livre". Qual o motivo disso?
Eu falei isso num show no antigo Metropolitan. Eu estava mesmo muito indignado. O Tim passou os últimos dez anos da vida dele, mal ou bem, totalmente rechaçado, achando que era maluco. O cara morre e mal foi enterrado, já arranjaram tributos. Isso é muito feio, realmente. Prestar uma homenagem a uma pessoa querida como o Tim e ver que isso tem especulações mesquinhas, isso é muito sórdido, né?

Qual foi a última gravadora com a qual você teve contrato?
Foi a Universal, em 98. O acordo de agora, é entre a minha gravadora, a Universo Paralelo, com a Sony Music. É um contrato completamente inédito dentro dos moldes que a gente está acostumado.

O jabá ainda consome o mercado da música no Brasil?
Sim, e é um dos grandes atores na derrocada do disco. Se há uma coisa que não pode ser deduzida do preço final do disco, e que acaba com a concorrência, é o preço embutido do jabá. São dos famigerados "insumos comerciais". Acaba, não somente com a música, por causa desses preços, como aniquila toda a possibilidade da paixão do radialista em fazer a programação de acordo com o que ele gosta, com o que ele fareja. O comercial já marca as cartas todas, então você tira todo o calor que o rádio tinha. Não tem mais por que é tudo negócio sórdido. Aí você tem vários radialistas que não têm mais contato com a música. As pessoas que estão no meio, geralmente, não entendem mais de música. A maioria, 94,8% (risos). E é muito triste. Eu continuo não tocando na maioria das rádios, mas um tiro só não vai me derrubar (risos).

Como você vê esse acústico da MTV?
Quando eu decidi fazer, decidi que seria o melhor acústico que já foi feio. E foi o que aconteceu (risos). Eu pensei: "agora vou fazer um acústico daqueles. Tudo que faltava nos outros, não vai faltar nesse". Liberdade artística, excelência e sonoridade. Conseguimos uma tecnologia de amplificar os violões de maneira adequada. Isso dá uma imensa diferença da qualidade sonora que esse disco tem para a qualidade medíocre que todos os acústicos sempre apresentaram. E essa foi uma das minhas maiores preocupações. Eu já estou cansado de registrar as minhas músicas de maneira medíocre, não quero mais isso. Quando eu vi que teria uma mega produção, mais de R$ 1 milhão à minha disposição para fazer o máximo, eu tinha que pesquisar músicas, violões, instrumentos dos mais variados e aprofundar junto com os músicos e a viagem musical maravilhosa, eu acredito que não tem precedentes. As pessoas vão sacar que o prestígio do Grammy foi por algum motivo. Não é qualquer trabalho que ganha um Grammy, não é verdade? Eu tenho que concordar que houve muitas críticas à minha pessoa, pessoais, mas nenhum crítico, se você percebeu, em nenhum momento conseguiu falar mal do disco. O disco foi aclamado como excepcional em todos os jornais e revistas que a gente conhece aqui no Brasil. Todo mundo queria especular sobre o meu caráter, se eu sou vendido ou se eu não sou, mas, com todas essas ressalvas, as pessoas não conseguiram atingir o disco. Na certa, iam colocar a própria credibilidade profissional em jogo. Eu quero dizer que estou muito satisfeito com esse corredor polonês que tem acontecido esse ano, com um disco absolutamente laureado, uma turnê maravilhosa, estão dizendo que o programa de televisão é o acontecimento televisivo do ano (risos). Os shows que estamos fazendo em vários lugares estão todos lotados, são shows memoráveis, então não podemos estar mais satisfeitos em relação ao nosso trabalho, sabe?

Mudando de assunto agora. Existe uma idade ideal para morrer?
Existe. A hora em que você perde o amor pela vida. Eu acho que enquanto você tiver vontade de viver, você merece viver. }

Quais são os melhores filhos? Os sangüíneos ou a música?
Olha, tudo o que se identifica com você é o melhor, não interessa se tem laços de sangue. Isso tudo é muito pequeno em relação a intensidade que você tem quando você tem uma relação, seja com pessoas, seja com aquilo que você produz.

A boa composição é diretamente proporcional ao tamanho do porre?
Não. Não tem nada a ver uma coisa com a outra. Pelo contrário, eu acho que as melhores composições foram feitas quando eu estava sóbrio.

Quantos problemas com a justiça?
Tenho 132 processos, fui preso inúmeras vezes, perdi até a conta. Todas as vezes foram absurdas, arbitrárias e anti-constitucionais. É só verificar a história, as condições que eu fui foram absurdas. Isso por que eu não passava pelas cortes como arrependido, inclusive, indignado com a tutela que o Estado pretende nos aferir. Eu, enquanto ser humano, não causando mal a terceiros, ninguém tem direito de interferir na minha vida particular, muito menos o Estado.

Isso é um preço que você paga por ser polêmico?
Eu não sou polêmico! Eu vivo num país de baixíssima escolaridade que se assusta com tudo o que uma pessoa mais ou menos instruída fala. Você não percebeu que isso é mais simples ainda? (exalta-se)Eu vivo num país de baixíssima escolaridade, ultraconservador, com tendências à direita, ultra religioso, atrasadíssimo e quando você fala alguma coisa, as pessoas se assustam. Eu não sou deliberadamente polêmico, as polêmicas são conseqüências desse atrito. Eu sou um cara super informado em tudo o que eu falo e vivo num país que despreza informação, entendeu? O Brasil não sabe conviver com vanguarda, com pensamentos de renovação, sabe? Você vê o Ariano Suassuna, por exemplo, é um poço de atraso, apesar de ser um cara genial. Tem uma obra maravilhosa, mas como pensador, é um atraso para o Brasil. Pior é que o cara é um erudito, porra. Então, imagine a besta fera que está no senado nacional, um parlamentar ou um governante que mal tem o segundo grau completo?

Se a gente pudesse fazer uma lista das figuras mais idiotas do país, quais encabeçariam a lista?
Olha, nós temos uma safra tamanha, uma variedade tamanha, que seria uma injustiça com os demais não nominá-los (risos). O que temos de pessoas sórdidas, idiotas, chupa-sangue e retrógradas em vários setores... de maneira nenhuma Ariano Suassuna seria uma pessoa sórdida, ele simplesmente é atrasadíssimo. Por ele, estaríamos num quilombo, sem computador (risos). Ele quer só coisas brasileiras, como se o Brasil fosse a coisa mais pura e intocada da humanidade. Isso me dá medo, porque isso é muito parecido com o nazismo, não é? E não há por que ter orgulho disso, muito pelo contrário, isso é um fanatismo armorial da pior qualidade. Isso é um cancro, por que ainda fica mascarado pela boa intensão, por que não tem o mau caratismo, apenas o fanatismo. Mas isso já é o suficiente pra gente ficar mais 50 anos para poder se livrar disso. Folclore é uma merda! Uma país bom não tem folclore. Acho que a gente tinha que se urbanizar e se globalizar. Eu to se saco cheio dessa coisa pé-de-chinelo, nacionalista de merda em que o Brasil vive, sabe? Principalmente sob as rédeas do PT, você deve ter percebido que isso deve ter aumentado.

Quem é o maior ícone da música de todos os tempos?
Da música contemporânea popular? Hendrix, né?

E aqui no Brasil, quem você acha que fez música boa, de qualidade, que correspondia ao seu tempo?
Ah, rapaz, tá pra nascer (risos). Não vem ninguém, amiga. Tem um casos bacanas, mas nada que você possa dizer "esse cara é um deus". Villa Lobos é bom, mas revestido de muito nacionalismo, que era o paradigma naquela época, mas a qualidade da obra é muito intensa. Isso, na música clássica. Agora, na música popular, cara, Noel Rosa, Nelson Cavaquinho, aquelas coisas. Mas eu não ouço nada disso. Pra mi, seria uma peça de museu. É bacana, absolutamente louvável, mas, porra, eu ouço uma vez na vida e outra na morte. Não é uma coisa que tenha me influenciado diretamente. O que me influenciou diretamente aqui no Brasil foram os Mutantes, Macalé, Tim Maia, Jorge Bem, a Jovem Guarda (Erasmo e Roberto), essas coisas mais espertas.

Qual é a parceria mais marcante, não só na composição, mas de pessoas que regravaram músicas suas?
Sinceramente, eu não gosto de ouvir minha música na boa de outras pessoas. Quando eu compunha com Cazuza, eu dizia a ele, a gente compõe mas você não me mostra. Eu fica decepcionadíssimo. O piano não é esse! Não é essa batida! Ai, então, não ouvia. Comigo ele era manso (risos).

Depois de 50 anos, como é a cabeça do Lobão hoje?
A mesma de sempre. Estou com a mesma vontade de produzir, mesma vontade de achar uma linguagem, maior vontade de compor e com a mesma ânsia de aprender novas coisas. Eu sou superativo e não sinto nenhuma diferença de energia. Eu nunca fiz shows tão intensos quanto nesses dois anos, têm sido incendiários. Aos 50 anos, eu estou muito bem (risos).

Então o Lobão cinquentão não é careta...
Olha, eu não consigo olhar as coisas com esse maniqueísmo. Eu sempre fui uma pessoa muito íntegra com as minhas posições, mudo muito de opinião, por que eu sou um cara em evolução, mas o meu eixo é o meu eixo (risos).

Deus é burocrata?
Não. Se Deus existir, ele não é burocrata. O diabo deve ser burocrata (risos), ou um arcanjo lá, de asas, que inventou coisas para atrasar a vida da gente.

Você acha que a gente ainda se safa da "idade da mídia"?
Eu sobrevivi a isso. Eu sou a mídia (risos). Hoje em dia, EU tenho uma gravadora, EU tenho uma revista, EU tenho um programa de televisão. Não tem mais essa não.

Agüenta ouvir Me chama ainda?
Não só agüento como adoro, uma música linda daquela. Tem músicas que cada vez que você canta é um mantra. Me chama da maneira como eu faço é irretocável. Tanto é que nenhuma versão se conserva perto da minha.

E sobre o episódio em que João Gilberto, ao gravar Me chama, tirou o verso "nem sempre se vê mágica no absurdo"?
Mesmo que ele não tivesse tirado, o arranjo foi tão vagabundo que não marca. Eu acho aquilo horrível. Pelo menos na minha música. Fiquei muito triste depois. Muita gente por aí grava, mas eu nem ouço. Segundo ele me disse, ele tirou o verso por que não entendeu. Ai eu disse: "mas você não me telefona toda hora, por que não me telefonou perguntando o quê é que era'? Procure saber! (risos)

O que é a "mágica no absurdo"?
Deixa eu tentar pegar um exemplo bem prosaico. O torcedor corinthiano deve estar dizendo isso depois que viu o Corinthias empatar ontem. Eles fizeram um gol, mas não adiantou, né? Nem sempre se vê mágica no absurdo (risos).

De onde veio o verso?
Ah, esse é muito antigo. Eu vi dois filmes que me ajudaram. O primeiro foi The flash dance. Quando eu vi, fui tirar uma balada e acabou se tornando refrão de Noite e dia [canta: Você está me convidando...]. Aí eu fui ver um filme em que o Touro sentadofaz a dança da chuva e passa a tarde inteira dançando. Chegou um determinado momento, sentou-se , e não surgiu porra nenhuma, e ele disse "é, nem sempre as mágicas funcionam". Aí eu formulei a frase, mas ela ficou jogada no meu bloco de anotações. Aí eu pensei que tinha que usar a frase numa música. Aí quando veio a parte da canção Me chama, ela caiu como uma luva. Aí começou a música por aí, mas ela veio de arrastando uns quatro anos antes.

Você quer alcançar alguma coisa com o novo acústico?
Todo conceito do acústico, além do divertimento, era poder mostrar que as minhas duas fases podem conviver juntas, com coerência. Elas têm excelência. E poder mostrar as minhas coisas para o público. Pô, eu inventei a música independente mas eu quero mostrar que existo. Teve gente que pensou que eu tinha virado uma personalidade, por que eu nunca saí da mídia enquanto pessoa, né? Só me proibiram de tocar em rádio, então eu achei essa uma solução bem interessante para acabar com esse mal-estar. Foi só eu colocar a cabecinha de fora que eu ganhei o Grammy (risos). A partir de agora, tem rádio me tocando, o disco é um sucesso. Eu não poderia fazer isso na independência, por que eu não tenho R$ 1,5 milhão para investir. Eu fico feliz de ter tido essa liberdade. Todas as gravadoras vieram a trás de mim para querer fazer e eu pude escolher. Com a Sony Music, além desse disco, vai sair toda a minha caixa de originais no ano que vem.

Musicalmente, você se considera um ícone a ser copiado?
Até agora, ninguém conseguiu e nem vão conseguir (risos).

Por que não?
Porque é difícil. Eu sou uma pessoa muito peculiar e eu não gostaria de ser imitado não. Tomara que as pessoas tenham em mente que eu tenho uma trajetória legal. Minha história é muito bonita, como músico e como uma pessoa que conseguiu se colocar. Se isso servir de inspiração, eu vou ficar super satisfeito.

Você acha que a sua vida daria um bom livro?
Daria sim, daria um super livro.

Vai fazer?
Eu só vou fazer quando eu perceber que eu já passei da metade daquilo que eu queria fazer.

E agora, você está em que estágio?
Eu acho que eu estou no primeiro décimo da minha vida (risos).



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