quarta-feira, 29 de julho de 2009

Ainda na Estação: um momento nostálgico

Eu não quero ser repetitiva, mas não podia deixar de registrar mais um momento memorável da última Estação Retrô.

Como escrevi no post passado, Filipe foi ao camarim para entrevistar as celebridades "oitentonas" e com a incubência de me trazer um autógrafo do Dr. Silvana. Para nossa surpresa, ele não só me trouxe o "mimo" como praticou a tietagem no mais alto grau.

Permitam-me, então, utilizar da linguagem "fofa" própria das colunas sociais para descrever a cena:



Divulgação

ANOS 80 O jornalista Filipe Falcão, em noite de pura nostalgia, ao lado do ídolo Afonso Nigro, ex-Dominó

segunda-feira, 27 de julho de 2009

E na Estação Retrô...

Músicas dos idos anos 80 têm suas particularidades. Contemporâneas ao néon, às cafonas ombreiras, pochetes, cabelos à “eu sou Gal”, às primeiras contaminações pela Aids, as músicas “oitentonas” têm uma capacidade enorme (e ponham ENORME nisso) de serem irremediavelmente bregas! Apesar disso, assumo sem qualquer pudor que sou totalmente fã de grande parte delas. O fato de serem bregas é um detalhe que contribui pra isso.

Sábado passado, 25/7, fui ao show da Estação Retrô, um evento que reúne esse povo das antigas, que resgata do limbo artista que, até um dia desses, faziam sucesso cantando no programa do Chacrinha e apresentando seus vídeo clips no Fantástico. Alguns, nem chegaram a tanto.

Encontrei-me com Filipe, meu companheiro de sempre nas Trashes* da vida, que estava aguardando a hora de ir até o camarim entrevistar as celebridades “oitentonas”.



- Lipe, pede um autógrafo de Afonso pra mim! – disse, meio sem ter o que dizer, referindo-me a Afonso Nigro, ex-Dominó.
- Oxe... tais doida, é?
- Por favoooor!!
- Ta... hunf. – resmungou, como de costume.
(...)
- Nãããão, pede ao Dr. Silvana!!!- gritei.
- Oxe, tais doida, é? – repetiu Filipe, meio assustado, meio incrédulo.
- Vai, Lipe... ainda manda ele colocar meu nome!!
- Ta! – resmungou – Vou ver.



Filipe foi cumprir a tarefa dele e ficamos, Tardelle, Paula e eu, observando o entorno.



- Adoro essas festas – pensei alto – Fico me sentindo bem novinha.
- Realmente, aqui só tem coroa – respondeu Paula, observando um tiozão careca e barrigudo que carregava um copo plástico com cerveja.



No palco, a banda Dick e os Vigaristas e uns hits do rock 80. Filipe já tinha me avisado que aquelas festas não tocavam tantas pérolas quanto as nossas Trashes.

Passados 40 minutos, Filipe volta meio desconfiado.

- Cadê meu autógrafo? – perguntei.
- Meu Deus, que vergonha que eu passei. Tive que explicar que não estava pedindo o autógrafo pra mim, mas para uma amiga louca. Ficou todo mundo olhando. Aquela criatura enorme não deve dar autógrafos há 20 anos – disse, referindo-se ao Dr. Silvana, que, veríamos no show**, está no auge da sua péssima forma.

E me estendeu um papelzinho com logomarca de um motel caríssimo daqui do Recife:


Lê-se: “Tatiana, um grande beijo do Dr. Silvana. 25/07/2009”

Bem, daí pro fim da noite, eu curti a festa à minha forma. Dancei o que sabia dançar, cantei o que sabia cantar (quase todas as músicas) e fiquei observando o entorno. É aí onde está o melhor da festa: pessoal casado (ou já desquitado), com seus 30 e poucos, pulando feito criança e cantando versos do tipo:


“Meu ursinho Blau Blau de brinquedo/ Vou contar pra você um segredo/ Ela quer me fazer pirar”


Ou ainda

“Moreno, alto, bonito e sensual/ Talvez eu seja a solução dos seus problemas/ Carinhoso, bom nível social/ Inteligente e à disposição/ Prum relacionamento íntimo e discreto/ Realize seu sonho sexual...”

No palco: Perdidos na selva, Dr. Silvana, Silvinho Blau Blau, Avellar Love,Afonso Nigro, Kid Vinil e outras figuras “oitentonas” das quais não me recordo. Paulo Ricardo, eu não vi. Aí já era abusar demais.


* Trash Dance eram festas que costumavam acontecer aqui no Recife, quando tocavam as mais toscas espécimes do tipo.
** Dr. Silvana nos fez o favor de tirar a camisa em pleno palco e ainda ajeitar o bucho charmosamente na bermuda branca. Por um instante, achei que ele ia incluir um streap tease no pacote.
PS: Arrasada porque Dr. Silvana não cantou "Coisa gostosa"!

quinta-feira, 23 de julho de 2009

Pensando com... André Clemente


- André, do nono andar, por favor...
- Um minuto... Ele não está em casa...
- Não tem problema, moço. Eu tenho a chave.
- Ok, pode subir...


Alguém é capaz de adivinhar o que tem de “ficção” nesse diálogo?

Bem, não é o fato de alguém chegar à casa de André Luiz, ou André Clemente, como ele prefere, e poder dizer ao porteiro que está com a chave da porta (embora não fosse verdade).

De fevereiro de 2007 até fevereiro de 2008 (se não me falha a memória), a porta do apartamento 905 do edifício San Benito, na Boa Vista, ficou totalmente à própria sorte. Sem chave ou qualquer outro obstáculo que evitasse um visitante indesejável, o cafofo era de quem fosse entrando.


E dessa história de André e a porta do 905, dois episódios me marcam:

O primeiro conta como a porta do apartamento, alugado mobiliado, diga-se de passagem, acabou quebrada. Costumávamos (e ainda costumamos) ir juntos, num bando de seis ou sete, ao Carnaval das ladeiras de Olinda. Bloco imaginário “Chupa essa manga”. No primeiro ano, resolvi levantar a bandeira branca mais cedo e fui-me embora pra casa, mas o resto ficou lá, entregue.

Já de volta à segurança do lar, André percebe que junto com o juízo, ele tinha perdido as chaves do apartamento em Olinda. Chaveiro, àquelas alturas, só por um milagre divino. Mas quem precisa de favores do céu quando se tem um amigo parrudo e etilicamente anestesiado que possa lhe arrombar a porta? Foi isso...

Desesperados com a possibilidade de ficar sem lugar para dormir (leia-se: sem lugar para tomar um banho e sair de novo), Eddi e Daniboy quebraram a porta do apartamento. Assim, ele (o apartamento) ficou por longos 12 meses esperando que André tivesse a decência de chamar alguém para arrumar. Detalhe: na estante da sala, martelo e pregos descansavam desolados e sem utilidade.

O segundo é muito breve e talvez seja de difícil compreensão àqueles que nos lêem. Assim como era comum a todos que freqüentavam o 905, Patrícia também adentrou o apartamento sem bater:



- “Tu ainda não consertou essa porta??” – disse.
- “Não, mas vou consertar para ter o prazer de batê-la na sua cara!” – respondeu André, com sua simpatia ácida peculiar.



Declaradamente elegante, meu personagem, na verdade, é uma pessoa de tolerância quase nula. Basta um fato aborrecê-lo, que sai de baixo. Eu mesma já presenciei cenas que atestam:


- “Minha gente, porque vão barrar os namorados na festa? Desse jeito, eu não vou... meu namorado não vai deixar” – queixava-se uma amiga nossa, numa das reuniões de organização da festa que fizemos no final de 2007 (regra da festa: agregado não entra!)
- “O relacionamento mal resolvido é seu. O problema é seu e pronto!” – largou André.



Eu, no meu canto, observava estarrecida enquanto ele se esforçava para não descontar o mau humor num cigarro Malboro.

Fiquei sabendo que essa qualidade lhe veio no sangue, como herança de Caruaru. Mandão que só ele, André já se auto-declarava líder da rua naquele começo da década de 90. Certa vez, barrado de uma brincadeira, não só deixou o time incompleto, como acabou com a diversão da turma toda. Em retaliação, ainda boicotou a participação do seu “desafeto” por uma semana.

[Embora ele me tenha relatado o fato por e-mail, posso ouvir suas gargalhadas, achando graça dos desmandos].

André foi uma criança de poucos brinquedos, privilegiada pela vida do interior, que não tinha a menor ideia do que seria quando crescesse. Entretanto, uma redação feita na segunda série primária, o denunciou: Policial.

“Dá pra acreditar? (risos) Louco!!”, disse sobre a revelação.



Hoje, em seu flat em Boa Viagem (que eu ajudei a escolher), André divide espaço com poucos móveis, alguns utensílios de cozinha (presenteados pelos amigos, em seu open house) e NENHUMA água na geladeira. A única habitante da “câmara frigorífica” é uma solitária garrafa de coca-cola zero. Aliás, já cheguei na casa dele para o mesmo botijão de água de dois meses atrás continuar vazio, mas uma elegante garrafa de Johnny Walker ocupar espaço da porta da geladeira.




Num momento nostalgia, ousei desafiar-lhe a memória e pedi que me contasse um fato importante de sua infância:

“Eu tive uma infância maravilhosa. Fica difícil eleger um fato mais importante... Um dos que mais gosto é quando minha mãe me ensinou a nadar!! Foi em Campos do Jordão.. acho que eu tinha uns cinco anos e ainda lembro dela mergulhando pra me explicar!! (risos) Nesse mesmo tempo, salvei meu irmão mais velho que estava morrendo afogado!!! Não nadando! Avisei a minha mãe e ela o salvou!! (risos) Viagem perfeita!”

Quando conheci André, ele tinha um cabelo horroroso (desculpa, amigo). Não sei bem como descrever, mas hoje pela manhã, pensando em como daria continuidade a esse texto, em como seria difícil criar uma imagem “fiel” do meu amigo jornalista, eis que me veio em mente um personagem perfeito, à sua imagem e semelhança:

Não vou gastar o seu tempo explicando o porquê da comparação. Qualquer pessoa que tenha assistido ao filme “A nova onda do imperador” sabe do que eu estou falando. Mas o cabelo, depois da química, ficava mais ou menos assim.

Continuemos...


Luiz Gonzaga canta que, na Feira de Caruaru “há de tudo que há no mundo”. Mesmo assim, a capital do forró ficou pequena pra André (leia-se: tinha poucas opções de lazer, quem sabe...) e ele resolveu transferir a faculdade de Jornalismo para o Recife. “Foi a melhor coisa que fiz em toda minha vida. Tive que decidir meu destino para não me arrepender depois”. Em suma, foi assim que ele veio parar aqui, lá (na Católica) e na vida de muita gente.

E ele acabou se tornando peça fundamental na vida acadêmica de muitos (inclusive, na minha). Não que fosse dotado de toda sapiência sobre Jornalismo e seus caminhos obscuros (muito embora, tenha um texto excelente, de gramática impecável); não que, para ele, os dias de prova fossem sagrados, assim como os ensinamentos de Habermas, Adorno, Stella, Heitor e Vlau. Pelo contrário, já cheguei a ligar para apurar seu paradeiro e ter que ouvir, em claro som: “Aula hoje, nem pensar. Tô lindo vendo novela!”.

Mas lembro-me bem de estar muito bem sentada na defesa do projeto de conclusão de curso dele, com Eddi e Patrícia (os supracitados). O vídeo sobre os Doutores da Alegria me fez chorar (lembrei da minha irmã, que teve leucemia) e rir (sabia dos detalhes funestos de bastidores). Até hoje tenho a foto da última ata e me lembro perfeitamente do 10 pelo excelente trabalho!

*

Ele disse-me que não acredita em almas gêmeas, que “definitivamente” não acredita que “existam duas pessoas no mundo completamente perfeitas uma para a outra”. Oras... e quem disse que eu me referia à perfeição? Jamais! Sou rodrigueana demais para isso, e concordei totalmente quando li Nelson dizer: “perfeição é coisa de menininha tocadora de piano”. E, com certeza, poucas vezes eu vi tanta desordem como quando se reúne (reunia, melhor) aquela turma. Um poço de defeitos de todos os tipos – dos engraçados aos insuportáveis.

Mas André sempre foi uma combinação incrível de coisas. Uma combinação chata, aliás. Tanto fazia passar no corredor fazendo festa como chegar azedo e insuportável, sem um “boa noite”. Todavia, totalmente capaz de combinar jeans, (bom) sapato, (boa) camisa de gola pólo (nada mais formal...) e primar pelo tom da prata: “Tudo com bom senso, é lógico!! Nada de exageros e sempre elegante!! (risos)”.



IC: Uma roupa que você nunca esquece.
André: Uma fantasia ridícula de
Changeman que minha mãe colocou em mim para uma das minhas festas de
aniversário. Detalhe: eu acho que era eu, já que, em todas as fotos eu estou com
o capacete. Triste, muito triste. (risos).


Sobre nossa profissão... Bem, veio do próprio André uma das melhores frases sobre o assunto. Quando lhe perguntei sobre o motivo que o levou a ser jornalista, ele me disse: “cheguei à conclusão de que todo jornalista adora o que faz, não se vê fazendo outra coisa, mas adoraria ter escolhido outra profissão”. Isso faz total sentido pra mim!

Se “o erro é fundamental”, são igualmente fundamentais os defeitos. E é o conjunto da obra que mais me entusiasma nesta pessoa “explosiva, impaciente e muito consumista”, segundo ele próprio. Para mim, que também possuo dos dois primeiros, seu pior defeito é um gosto musical miserável e uma cara-de-pau tamanha que o permite dizer, sem qualquer vergonha na cara: “Eu sou muito de ouvir algo de acordo com meu espírito! Axé, escuto sempre, mas uma que tenho escutado muito é Just Dance, de Lady Gaga! Isso sem falar em “Por que amar dói?”, de Prazer de amar (risos).



Sempre gostei do papel do jornalismo.. adoro
responsabilidade... e, quando se está de fora do jornalismo, o que se vê é que o
papel da imprensa é informar a sociedade, mostrar a verdade, traduzir os fatos e
blá blá blá!! Sempre achei que seria mais que isso... E comunicar é relamente
muito mais!!






E O PING-PONG

IC: O que seus pais representam pra você?
ANDRÉ: Meus pais foram minha organização. Meu empurrãozinho inicial, meu apoio, minha educação. Algumas vezes, não quero ver a cara de nenhum, mas tudo volta ao normal e volto a amá-los mais que tudo!

IC: Se pudesse mudar qualquer coisa do mundo, o que seria?
ANDRÉ: Derrubaria todos os estádios de futebol!!! Só deixaria construir alguns quando uma copa do mundo estivesse prevista!! Depois, derrubava de novo!! Estádio é centro de bagunça!! Todos!!

IC: O que te tira a paciência?
ANDRÉ: Ah, muita coisa. Mas melhorei!! Eu era muito pior!!! Hoje, algumas coisas continuam... gente demente, por exemplo! Odeio repetir coisas!

IC: Já sentiu vontade de matar alguém? Me conta...
ANDRÉ: Sempre!!!! (risos) A última: um amigo estava hospedado na minha casa e como ele seria o último a sair, pedi que deixasse a chave na portaria porque iríamos viajar. Quando volto pra casa, a chave não está na portaria... Ligo e estava com ele em Caruaru!!! Imagine a vontade de abraçá-lo!!





Uma combinação de cores e de sons também. Em harmonia, ouro e prata, caipirinha e martini, Margareth Menezes e Cazuza, Belo e Cartola... e tanta coisa exatamente igual!


AClemente, faço minhas as suas palavras: “Quero ser sua amiga até depois de morrer” .







***
Resumo de gírias:
"Tô na garapa!!"
"Chupa essa manga"
"Eu estou muito elegante!"
":O"
"Eu mesmo ameeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeei"
"Quem aguenta esse Daniboy"
"Bota o faraóóó"
"êêêê, Faraó"
"Martini... numa taça muito elegante..."

;)

quarta-feira, 22 de julho de 2009

O abre

Não faz muito tempo, pouco depois de ter me resignado à profissão de jornalista que me aguardava e aceito o retorno à universidade, conheci uma figura interessantíssima. Embora boa parte da turma merecesse o predicado, meu personagem inaugural era quase uma unanimidade – quase, porque “toda unanimidade é burra”, já dizia Nelson Rodrigues.

Ademais, quando pensei em reservar espaço aqui para pessoas interessantes com as quais convivo, ele me veio logo em mente. Não por uma mera preferência pessoal, mas por ser uma criatura de temperamento instável e explosivo. Pessoas assim tendem a ser muito mais transparentes e demonstram muito mais quem são.

É isso, quis começar com muita sinceridade. Mas, acreditem, a ordem dos fatores, aqui, não é indicador de preferência.

*

E ele, segunda, 20/7, dia do meu aniversário, por e-mail...


Tati, querida!!!
Te desejo toda a felicidade do mundo, não só hoje, mas em todos os dias que, pra mim, serão sempre aniversário... pois sempre será uma festa encontrá-la!!
Amo-te de paixão e quero ter sua amizade até depois da morte!!

Beijo grande!!
Parabéns!!

André Clemente

Ps.: A entrevista está anexa!!! ;)


*


"Êêê... faraó!"

É só aguardar!

Quadro novo!







Este espaço está prestes a estrear um novo "quadro". Aguardem! Preciso só arrumar tempo para finalizar...

segunda-feira, 20 de julho de 2009

sábado, 18 de julho de 2009

Estação Retrô - aquecimento

Coisa gostosa

Dr. Silvana e Cia

Você é meiga demais
Por você sou capaz de roubar até a lua
Você é linda de olhar e ao te ver passar
Eu só queria sempre estar na tua
Você é a criança esperta que na hora certa sabe ser mulher
Você é cabeça feita, a musa perfeita que qualquer poeta quer

Você é chocolate com licor de cereja
Torta de morango com creme de chantilly
Sorvete especial de sobremesa
Você é a coisa mais gostosa que eu já conheci

quinta-feira, 9 de julho de 2009

Michael Macunaíma Jackson: A mídia x o astro pop

Nova estátua de cera de Michael Jackson, no museu Madame Tussauds (Foto: Joel Ryan/AP)


Acho extremamente curiosa a necessidade humana de pôr-se contrário a determinado fato. Eu leio de tudo, em tudo que é canto, e o assunto que está na roda desde o dia 25 de junho é, claro, óbvio, a morte-mistério-espetáculo-funeral de Michael Jackson. Então, tentando fazer diferente, vou abrir este registro me limitando a questionar. Depois, sentar-me-ei, aguardado que algum crítico-detentor-da-verdade-estéril me traga qualquer resposta plausível.

Ah, antes de qualquer palavra que possa me comprometer, sinto-me na obrigação de assumir que me enquadro no grupo dos que traçam opiniões (por vezes, furadas) sobre tudo.

Senhores, primeiramente, pergunto-me qual seria a maneira mais adequada da família Jackson se posicionar diante da morte de Michael. Pergunto-lhes se seria preferível que houvessem optado por resguardar o momento somente aos próximos ou se era direito adquirido do público, que durante essas mais de quatro décadas deu o real sentido à carreira de Michael, presenciar a despedida. A dor da família, da mãe, dos filhos, merecia mais respeito e mais silêncio. Seria somente deles o direito intransferível a prestar homenagens à memória do filho mais talentoso, correto? Mas como afastar fãs, mídia e os sempre presentes "urubus" de um acontecimento como este? Por si só, o simples fato de Michael ter morrido já deixou parte do mundo chocado, incrédulo.

E só para não desvirtuar de sua habitual postura, também na morte, ele surpreendeu. De início, fiquei frustrada com o "simples" infarto que o matou, mas depois, convenhamos, os próprios fatos se encarregaram de desenhar para Jackson a morte que se imagina para um astro de sua grandeza.

A questão dois: Li alguns textos que criticaram veementemente a cobertura maciça que toda mídia terráquea concedeu ao óbito. Oras, teria como ser diferente? Imagine a construção de uma cena em que Michael Jackson morre, o Jornal Nacional avisa aos interessados e depois do “boa noite”, encerra-se o assunto. Ficaria só o vácuo...

Ao contrário. No dia 25, ainda diante da certeza-nem-tão-absoluta, que dependia de um boletim médico oficial para se tornar igualmente oficial, os veteranos da bancada do JN, que já narraram tudo o que foi de desastre (de terremotos a explosão de avião) engasgaram no ar. Isso, com direito a pedido de desculpas: “estamos emocionados com a morte de Michael Jackson”.

O dia 26 amanheceu com o mundo falando do mesmo assunto. Jackson, ainda quente, o infarto e fãs (e não-fãs) meio abestalhados, sem saber o que tinha acontecido. “Esse homem não ia fazer uma turnê por esses dias? Como é que ele morreu?”, ouvi, muda. Sabe-se lá.

Pequena pausa: A mídia, inclusive, foi acusada de tentativa de “canonização” do astro pop. Vejam só vocês... imaginem! Todo o mundo acometido por uma perda súbita de memória. Ninguém mais lembra dos escândalos, da excentricidade. Aquela imagem de um bebê balançando na janela foi um delírio coletivo. Agora, voltamos à razão e reconhecemos em Michael Jackson o mesmo ar inocente, diria, imaculado, de quando ele tinha seus quatro, cinco anos, e vivia sobre o açoite paterno.
Por favor, né?

Pode ser difícil entender, mas a lógica é simples. A mídia é sim poderosíssima, implacável, impiedosa e blá, blá, blá, mas não subestimem a capacidade da tal opinião pública. Imagine: Michael Jackson santificado... Igreja de São Michael Jackson protetor dos amantes do pop...

“São Jackson, rogais por nós!"

Outra pausa: Curiosíssimo o artigo publicado no site do Observatório da Imprensa, destacando o “grande feito” da revista Piauí que trouxe na capa da sua última edição uma chamada deixando bem claro que não falaria sobre Michael. O artigo festejava a revista, a sua originalidade de avisar aos seus leitores que ignoraria Jackson, a histeria causada pela sua morte, os mistérios que envolvem causa e efeitos.

É... Até aí, tudo certo. Só que eu fiquei me perguntando, como leitora – não como fã, o porquê dessa postura. Michael tem tanta coisa interessante pra ser explorada. Talvez até a sua morte servisse de gancho para que a revista destrinchasse a música pop, passado, presente e futuro funesto. Quem sabe?

Na verdade, to achando que faltou foi pauteiro nessa história. Não surgiu nenhuma idéia legal para explorar outras vertentes do fato, aí eles acharam por bem não tocar no assunto. O melhor é que tocaram, e na capa... bem, acho que eles ficaram sem ter o que acrescentar. Todo mundo já tinha dito tudo.

Foi isso?

Câmbio, desligo e fico no aguardo!

Obs: Palmas para Eugênio Bucci que conseguiu me surpreender. Ninguém conseguiu adjetivar Michael de forma mais criativa que ele com o “singelo pseudônimo” de “crooner dançante”. Bucci, o que é isso? Despeito ou ignorância?

Obs2: E como minha capacidade ócio-criativa é uma beleza, fiz mentalmente um novo rótulo para adicionar a MJ. Por que não compará-lo a Macunaíma? Índio negro que virou branco, e herói sem nenhum caráter. Taí. Gostei.


***

O FATO É...
Em 15 anos, o Senado Federal conseguiu atingir a marca de 663 atos secretos. E pra completar, veja só... está lembrado daquela história escabrosa de "cartões corporativos" (leia-se o cartão de crédito que político gasta e a gente paga)? Pois bem, não fosse a farra em 2008, quando foram gastos R$ 4,8 milhões, esse ano a fatura vem mais alta ainda. Até agora, os gastos já somam R$ 4,08 milhões (e ainda temos mais de cinco meses pela frente), dos quais apenas R$ 20 mil (VINTE MIL REAIS - menos do que o valor do meu carro), equivalente a 0,5% foram declarados. O restante, pasmem, é considerado DESPESA SECRETA. Os dados são do Transparência, site mantido pela Controladoria Geral da União.


E SOBRE O DIPLOMA (fonte: Observatório da Imprensa)

Advogado brigão
O advogado Francisco Rogério Del Corsi, defensor de Camila Dolabela, acusada de matar uma jovem num jogo de RPG, comportou-se mal a prestações. No primeiro dia, ao chegar ao Fórum de Ouro Preto, MG, no dia 1º de julho, jogou o carro contra uma repórter de TV, não conseguindo por pouco consumar o atropelamento. No dia 2, na porta do Fórum, deu um soco no fotógrafo do jornal Estado de Minas, Emmanuel Pinheiro. O soco acertou a máquina, que bateu no rosto de Pinheiro. Em seguida, ameaçou: "Depois encontro o senhor na hora em que o senhor quiser". Voltando-se para o fotógrafo do jornal O Tempo, Bruno Figueiredo, insultou sua mãe. E esbravejou: "Vocês são vagabundos, despreparados. Vocês sequer têm diploma!"
Pois é: ele, o causídico, que xingou, agrediu e tentou atropelar, tem diploma.

Opa, eu também tenho!!

quarta-feira, 8 de julho de 2009

CONCORDO TOTALMENTE...
Com o coreógrafo Kenny Ortega, que estava ensaiando com Michael Jackson para sua próxima turnê em Londres, 'This is it": "Todos da família Jackson foram absolutamente amáveis e muito generosos em permitir que fôssemos parte de tudo isso hoje. Em permitir que lembremos Michael. Estamos gratos por isso".

Miss Taylor que me perdoe, mas teria sido muita ingratidão se a família resolvesse fechar o "circo" justamente em seu último espetáculo. (...)

CADA UMA...
Total sem noção a nota publicada hoje na coluna de João Alberto (que leva, modestamente, seu nome), no Diario de Pernambuco, dizendo que o velório de Michael Jackson num estádio de futebol não é nenhuma novidade. Afinal, "o funeral de Frei Damião foi no estádio do Arruda"...