quinta-feira, 9 de julho de 2009

Michael Macunaíma Jackson: A mídia x o astro pop

Nova estátua de cera de Michael Jackson, no museu Madame Tussauds (Foto: Joel Ryan/AP)


Acho extremamente curiosa a necessidade humana de pôr-se contrário a determinado fato. Eu leio de tudo, em tudo que é canto, e o assunto que está na roda desde o dia 25 de junho é, claro, óbvio, a morte-mistério-espetáculo-funeral de Michael Jackson. Então, tentando fazer diferente, vou abrir este registro me limitando a questionar. Depois, sentar-me-ei, aguardado que algum crítico-detentor-da-verdade-estéril me traga qualquer resposta plausível.

Ah, antes de qualquer palavra que possa me comprometer, sinto-me na obrigação de assumir que me enquadro no grupo dos que traçam opiniões (por vezes, furadas) sobre tudo.

Senhores, primeiramente, pergunto-me qual seria a maneira mais adequada da família Jackson se posicionar diante da morte de Michael. Pergunto-lhes se seria preferível que houvessem optado por resguardar o momento somente aos próximos ou se era direito adquirido do público, que durante essas mais de quatro décadas deu o real sentido à carreira de Michael, presenciar a despedida. A dor da família, da mãe, dos filhos, merecia mais respeito e mais silêncio. Seria somente deles o direito intransferível a prestar homenagens à memória do filho mais talentoso, correto? Mas como afastar fãs, mídia e os sempre presentes "urubus" de um acontecimento como este? Por si só, o simples fato de Michael ter morrido já deixou parte do mundo chocado, incrédulo.

E só para não desvirtuar de sua habitual postura, também na morte, ele surpreendeu. De início, fiquei frustrada com o "simples" infarto que o matou, mas depois, convenhamos, os próprios fatos se encarregaram de desenhar para Jackson a morte que se imagina para um astro de sua grandeza.

A questão dois: Li alguns textos que criticaram veementemente a cobertura maciça que toda mídia terráquea concedeu ao óbito. Oras, teria como ser diferente? Imagine a construção de uma cena em que Michael Jackson morre, o Jornal Nacional avisa aos interessados e depois do “boa noite”, encerra-se o assunto. Ficaria só o vácuo...

Ao contrário. No dia 25, ainda diante da certeza-nem-tão-absoluta, que dependia de um boletim médico oficial para se tornar igualmente oficial, os veteranos da bancada do JN, que já narraram tudo o que foi de desastre (de terremotos a explosão de avião) engasgaram no ar. Isso, com direito a pedido de desculpas: “estamos emocionados com a morte de Michael Jackson”.

O dia 26 amanheceu com o mundo falando do mesmo assunto. Jackson, ainda quente, o infarto e fãs (e não-fãs) meio abestalhados, sem saber o que tinha acontecido. “Esse homem não ia fazer uma turnê por esses dias? Como é que ele morreu?”, ouvi, muda. Sabe-se lá.

Pequena pausa: A mídia, inclusive, foi acusada de tentativa de “canonização” do astro pop. Vejam só vocês... imaginem! Todo o mundo acometido por uma perda súbita de memória. Ninguém mais lembra dos escândalos, da excentricidade. Aquela imagem de um bebê balançando na janela foi um delírio coletivo. Agora, voltamos à razão e reconhecemos em Michael Jackson o mesmo ar inocente, diria, imaculado, de quando ele tinha seus quatro, cinco anos, e vivia sobre o açoite paterno.
Por favor, né?

Pode ser difícil entender, mas a lógica é simples. A mídia é sim poderosíssima, implacável, impiedosa e blá, blá, blá, mas não subestimem a capacidade da tal opinião pública. Imagine: Michael Jackson santificado... Igreja de São Michael Jackson protetor dos amantes do pop...

“São Jackson, rogais por nós!"

Outra pausa: Curiosíssimo o artigo publicado no site do Observatório da Imprensa, destacando o “grande feito” da revista Piauí que trouxe na capa da sua última edição uma chamada deixando bem claro que não falaria sobre Michael. O artigo festejava a revista, a sua originalidade de avisar aos seus leitores que ignoraria Jackson, a histeria causada pela sua morte, os mistérios que envolvem causa e efeitos.

É... Até aí, tudo certo. Só que eu fiquei me perguntando, como leitora – não como fã, o porquê dessa postura. Michael tem tanta coisa interessante pra ser explorada. Talvez até a sua morte servisse de gancho para que a revista destrinchasse a música pop, passado, presente e futuro funesto. Quem sabe?

Na verdade, to achando que faltou foi pauteiro nessa história. Não surgiu nenhuma idéia legal para explorar outras vertentes do fato, aí eles acharam por bem não tocar no assunto. O melhor é que tocaram, e na capa... bem, acho que eles ficaram sem ter o que acrescentar. Todo mundo já tinha dito tudo.

Foi isso?

Câmbio, desligo e fico no aguardo!

Obs: Palmas para Eugênio Bucci que conseguiu me surpreender. Ninguém conseguiu adjetivar Michael de forma mais criativa que ele com o “singelo pseudônimo” de “crooner dançante”. Bucci, o que é isso? Despeito ou ignorância?

Obs2: E como minha capacidade ócio-criativa é uma beleza, fiz mentalmente um novo rótulo para adicionar a MJ. Por que não compará-lo a Macunaíma? Índio negro que virou branco, e herói sem nenhum caráter. Taí. Gostei.


***

O FATO É...
Em 15 anos, o Senado Federal conseguiu atingir a marca de 663 atos secretos. E pra completar, veja só... está lembrado daquela história escabrosa de "cartões corporativos" (leia-se o cartão de crédito que político gasta e a gente paga)? Pois bem, não fosse a farra em 2008, quando foram gastos R$ 4,8 milhões, esse ano a fatura vem mais alta ainda. Até agora, os gastos já somam R$ 4,08 milhões (e ainda temos mais de cinco meses pela frente), dos quais apenas R$ 20 mil (VINTE MIL REAIS - menos do que o valor do meu carro), equivalente a 0,5% foram declarados. O restante, pasmem, é considerado DESPESA SECRETA. Os dados são do Transparência, site mantido pela Controladoria Geral da União.


E SOBRE O DIPLOMA (fonte: Observatório da Imprensa)

Advogado brigão
O advogado Francisco Rogério Del Corsi, defensor de Camila Dolabela, acusada de matar uma jovem num jogo de RPG, comportou-se mal a prestações. No primeiro dia, ao chegar ao Fórum de Ouro Preto, MG, no dia 1º de julho, jogou o carro contra uma repórter de TV, não conseguindo por pouco consumar o atropelamento. No dia 2, na porta do Fórum, deu um soco no fotógrafo do jornal Estado de Minas, Emmanuel Pinheiro. O soco acertou a máquina, que bateu no rosto de Pinheiro. Em seguida, ameaçou: "Depois encontro o senhor na hora em que o senhor quiser". Voltando-se para o fotógrafo do jornal O Tempo, Bruno Figueiredo, insultou sua mãe. E esbravejou: "Vocês são vagabundos, despreparados. Vocês sequer têm diploma!"
Pois é: ele, o causídico, que xingou, agrediu e tentou atropelar, tem diploma.

Opa, eu também tenho!!

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