segunda-feira, 27 de julho de 2009

E na Estação Retrô...

Músicas dos idos anos 80 têm suas particularidades. Contemporâneas ao néon, às cafonas ombreiras, pochetes, cabelos à “eu sou Gal”, às primeiras contaminações pela Aids, as músicas “oitentonas” têm uma capacidade enorme (e ponham ENORME nisso) de serem irremediavelmente bregas! Apesar disso, assumo sem qualquer pudor que sou totalmente fã de grande parte delas. O fato de serem bregas é um detalhe que contribui pra isso.

Sábado passado, 25/7, fui ao show da Estação Retrô, um evento que reúne esse povo das antigas, que resgata do limbo artista que, até um dia desses, faziam sucesso cantando no programa do Chacrinha e apresentando seus vídeo clips no Fantástico. Alguns, nem chegaram a tanto.

Encontrei-me com Filipe, meu companheiro de sempre nas Trashes* da vida, que estava aguardando a hora de ir até o camarim entrevistar as celebridades “oitentonas”.



- Lipe, pede um autógrafo de Afonso pra mim! – disse, meio sem ter o que dizer, referindo-me a Afonso Nigro, ex-Dominó.
- Oxe... tais doida, é?
- Por favoooor!!
- Ta... hunf. – resmungou, como de costume.
(...)
- Nãããão, pede ao Dr. Silvana!!!- gritei.
- Oxe, tais doida, é? – repetiu Filipe, meio assustado, meio incrédulo.
- Vai, Lipe... ainda manda ele colocar meu nome!!
- Ta! – resmungou – Vou ver.



Filipe foi cumprir a tarefa dele e ficamos, Tardelle, Paula e eu, observando o entorno.



- Adoro essas festas – pensei alto – Fico me sentindo bem novinha.
- Realmente, aqui só tem coroa – respondeu Paula, observando um tiozão careca e barrigudo que carregava um copo plástico com cerveja.



No palco, a banda Dick e os Vigaristas e uns hits do rock 80. Filipe já tinha me avisado que aquelas festas não tocavam tantas pérolas quanto as nossas Trashes.

Passados 40 minutos, Filipe volta meio desconfiado.

- Cadê meu autógrafo? – perguntei.
- Meu Deus, que vergonha que eu passei. Tive que explicar que não estava pedindo o autógrafo pra mim, mas para uma amiga louca. Ficou todo mundo olhando. Aquela criatura enorme não deve dar autógrafos há 20 anos – disse, referindo-se ao Dr. Silvana, que, veríamos no show**, está no auge da sua péssima forma.

E me estendeu um papelzinho com logomarca de um motel caríssimo daqui do Recife:


Lê-se: “Tatiana, um grande beijo do Dr. Silvana. 25/07/2009”

Bem, daí pro fim da noite, eu curti a festa à minha forma. Dancei o que sabia dançar, cantei o que sabia cantar (quase todas as músicas) e fiquei observando o entorno. É aí onde está o melhor da festa: pessoal casado (ou já desquitado), com seus 30 e poucos, pulando feito criança e cantando versos do tipo:


“Meu ursinho Blau Blau de brinquedo/ Vou contar pra você um segredo/ Ela quer me fazer pirar”


Ou ainda

“Moreno, alto, bonito e sensual/ Talvez eu seja a solução dos seus problemas/ Carinhoso, bom nível social/ Inteligente e à disposição/ Prum relacionamento íntimo e discreto/ Realize seu sonho sexual...”

No palco: Perdidos na selva, Dr. Silvana, Silvinho Blau Blau, Avellar Love,Afonso Nigro, Kid Vinil e outras figuras “oitentonas” das quais não me recordo. Paulo Ricardo, eu não vi. Aí já era abusar demais.


* Trash Dance eram festas que costumavam acontecer aqui no Recife, quando tocavam as mais toscas espécimes do tipo.
** Dr. Silvana nos fez o favor de tirar a camisa em pleno palco e ainda ajeitar o bucho charmosamente na bermuda branca. Por um instante, achei que ele ia incluir um streap tease no pacote.
PS: Arrasada porque Dr. Silvana não cantou "Coisa gostosa"!

3 comentários:

Unknown disse...

Tati... corajosaaaaaa!!!
É bom massagear o ego desse pessoal!! hahahahhaah

Ele deve ter ido nas alturas... apesar do menor interesse do Felipe no autógrafo dele!!!

Valeuuuuuu!! hahahahahah
Beijooo!!

KETY MARINHO disse...

Um autógrafo com papel timbrado do Lemon?
Boa...

Ana Patricia Couto disse...

Por que nunca mais fizeram uma trash hein? Era tão bom!!!!