Eu adoraria ser uma porra-louca. Essa ideia me veio na cabeça hoje, durante a aula de Poesia que me veio de presente na grade da faculdade este semestre. O professor falava de poesia marginal e eu me entreti pensando se não daria para viver de boemia, numa vida mais lisérgica. Sem essa de bater ponto, de respirar fundo, de correr pra pauta e de suspirar a cada gráfico de oscilação do PIB ou da inflação. Por isso mesmo, decidi deixar crescer o cabelo e, quem sabe, perder uns 15 quilos - assim deixar a vida mais leve, com algum balanço.
Sei que efetivando essa linha hippie, deixarei de me preocupar com telefonemas não atendidos, colocarei todas as contas no débito automático. Determinarei que o expediente começará sempre às 11h30, sem me preocupar em perder a hora. Ora, e não seria justíssimo? Depois de tanta tinta, meu cabelo respiraria; as roupas caberiam belamente.
Mas isso são alguns minúsculos lampejos delíricos de um período deste, mais exatamente, momento de profundas e piegas transformações.(riff de violão de cordas de aço).
Rádio às 10h34, SMS no meio da noite, um "bom dia" animado, um pedido de aperto, uma mensagem de Chico, uma revolta de Cazuza, meu novo LP velho de sambas de ouro tocando na nova radiola modernosa, dar um fora, um livro de Caio F. Abreu, um certo "Nosso Lar", um cafezinho lascando de doce no meio da tarde, uma troca de farpas, algumas distâncias, um casaco largo o suficente para camuflar a barriga e um pouco de pó para dar cor, todo dia, de leve.
Bem de leve.
20 ANOS RECOLHIDOS
(Chacal)
chegou a hora de amar desesperadamente
apaixonadamente
descontroladamente
chegou a hora de mudar o estilo
de mudar o vestido
chegou atrasada como um trem atrasado
mas que chega
Um comentário:
Perfeito, Tati. =) Quase n comento, mas sempre leio o que voismicê escreve. Beijo.
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