Aos sete, eu achava que gente de 18 era grande, adulta, dona da sua própria vida. Achava que eles, os seres de 18, já sabiam dos seus destinos, já que podiam dirigir. Era só no que eu pensava: vou poder dirigir...
Aos 18, tive que perder o medo de dirigir, assim, na bucha. Mesmo saindo da Rua da Aurora em direção a Boa Viagem e indo parar em Olinda. Precisava ainda aprender a ter noção de direção e ainda de tempo, de espaço, de responsabilidade.
Aos 25, achei-me velha pela primeira vez, quando olhei prum vidro de anti-rugas e li "25+". De certa forma, já notava que meus corriqueiros ares de poucos amigos e maus humores já tinham me deixado uma marca vertical entre as sombrancelhas.
Agora, aos 28, só penso nos 30 e nos carros que ainda terei, em tudo que evitarei para não envelhecer cedo demais, nos caminhos que evitei e naqueles que enfrentei e por onde caí. Mas penso ainda nos livros que terei para ler até os 40, em como vou encarar a mim mesma, quando chegar à última linha cosmética possível para evitar o inevitável. E, por alguns segundos, inclusive estes, eu penso em quem me tornei e em quem esta nova pessoa se tornará. Se for para escolher caminhos, quantos ainda terei?
E se vai dar tempo de ler todos os livros, de conhecer todas as pessoas, de transitar todas as avenidas. Quantas melodias deixarão de ser ouvidas, sensações esquecidas, momentos adiados?
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