quarta-feira, 27 de junho de 2007

Brasil, em números

Hoje, na tv, procurando algo que fugisse das fontes policiais, entrei no site da Confederação Nacional do Transporte, a CNT, e achei a pesquisa sobre a qual a rádio que eu escutava (Nova Brasil FM, claro) falava. “91% têm orgulho de ser brasileiro, revela CNT/Sensus”, diz o título da notícia resumida, construída para qualquer jornalista burrinho (perdão pela redundância) entender.

O fato é que os resultados das pesquisas são muito interessantes. Noventa e um porcento dos brasileiros têm orgulho de sua nacionalidade, por que a tal terrinha é muito bonita (belezas naturais foram apontadas por 25,7% dos entrevistados), por que o povo é bonzinho (solidariedade vem em segundo, com 19,5%) e por sermos criaturinhas simpáticas que moram num lugar colorido (ausência de guerras vem logo em seguida, com 18,4% dos votos).

Aí despencamos no chão, talvez de quatro, como um gato vira-latas, e vem a realidade. Os políticos safados (corrupção, em primeiríssimo lugar, com 41,3%), essa guerra civil espalhada em todo território nacional (violência, vice, com 17,1%), e o conjunto “favela, falta de escolas, hospitais públicos, etc, etc, etc” (pobreza, no terceiro local no pódio, com 12,7%) são os motivos mais apontados pra pular fora dessa onda de ser brasileiro.

Pra mim, o pior é o final do release*. Diz: “Os números da Pesquisa mostram, entre outras coisas, que aumenta a preocupação do brasileiro com a corrupção no país. Portanto, cabe ao Governo combatê-la para que assim se garanta o pleno desenvolvimento da cidadania”. Eu não interpretaria dessa forma não. O brasileiro, ao meu ver, só reproduz o que lê, se é que lê, nos jornais. Quando os mandatos dos salafrários que aí estão acabar, eles serão reeleitos por essa pseudo-indignação do povo.

Também estamos mais amiguinhos de Lula. Com relação ao governo dele, 47,5% gosta; 14% acha uma merda! No desempenho pessoal do crustáceo presidencial, 64% da galera acha legal; 29,8%, acha que ele é outro tipo de bicho, talvez um quadrúpede.

Quase metade dos entrevistados (47,5%) deve ser economista e considera que o governo conduz bem a economia. Um pouco menos (40,6%), que também deve ser de economistas, julga “inadequada” as políticas econômicas tomadas pelo governo federal.

Para não perder o costume, vão os dados: Essa é a 89ª pesquisa realizada pela CNT, em parceria com o Instituto Sensus. Duas mil pessoas foram entrevistadas em 136 municípios das cinco regiões, entre 18 e 22 de junho.
* release é um texto com informações básicas enviados aos jornalistas sobre um determinado assunto. a partir dele, o jornalista apura com as fontes e faz a matéria. ou, como fazem alguns, publicam o release na íntegra; pra quê se estressar, né?

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