quinta-feira, 8 de novembro de 2007

Atalho

Saudades enormes.

Não há o que lamentar; nem os freios, nem pudores ou a sensação de ter deixado passar o momento ideal.

Foram muitos.

Cheiro de CK, gosto de taco, absinto. Brilhos de strass, conversas "apimentadas", dissabores e dores. Por que não?

Amam-se e se vão, tal qual segundos, incessantes.
Desconcertantes momentos à dois, de troca de farpas, calafrios.
Instintos contidos, gestos suprimidos, beijos engolidos.

Indiferença e anestesia.
Indolor, incolor, insípido, intragável...

Musique-se

Sampa

Caetano Veloso

Alguma coisa acontece no meu coração
Que só quando cruza a Ipiranga e avenida São João
É que quando eu cheguei por aqui eu nada entendi
Da dura poesia concreta de tuas esquinas
Da deselegância discreta de tuas meninas

Ainda não havia para mim Rita Lee
A tua mais completa tradução
Alguma coisa acontece no meu coração
Que só quando cruza a Ipiranga e a avenida São João

Quando eu te encarei frente a frente e não vi o meu rosto
Chamei de mau gosto o que vi de mau gosto, mau gosto
É que Narciso acha feio o que não é espelho
E a mente apavora o que ainda não é mesmo velho
Nada do que não era antes quando não somos mutantes

E foste um difícil começo, afasto o que não conheço
E quem vem de outro sonho feliz de cidade
Aprende depressa a chamar-te de realidade
Porque és o avesso do avesso do avesso o avesso

Do povo oprimido nas filas, nas vilas, favelas
Da força da grana que ergue e destrói coisas belas
Da feia fumaça que sobe apagando as estrelas
Eu vejo surgir teus poetas de campos e espaços
Tuas oficinas de florestas, teus deuses da chuva

Pan Américas de Áfricas utópicas
Túmulo do samba
Mais possível novo quilombo de Zumbi

E os novos baianos passeiam na tua garoa
E novos baianos te podem curtir numa boa

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