Eu ando sem saber exatamente sobre o que escrever, simplesmente porque tem coisa demais pra se falar. Digamos que eu ainda não domino a exímia arte da edição, que seleciona aquilo que considera mais relevante para conhecimento alheio. Inclusive, li num livro de teorias da comunicação que essa "seleção natural" é totalmente empírica, pessoal. Enfim...
Algumas coisas têm me incomodado dias pra cá, como a história da menina que foi pra Disney e morreu no voo de volta. Não é pelo fato em si, que acaba quase descartando chances de fatalidade mas pelos meios. A menina doente, sem os devidos cuidados, a sugestão da guia para que ela "disfarçasse" o abatimento com maquiagem e óculos escuros, os sintomas no avião... Agora, a imprensa divulga que o nome da guia que acompanhava o grupo nos EUA, não consta no cadastro obrigatório da Federação Nacional de Guias de Turismo (Fenagtur).
A agência de turismo continua a divulgar notas de esclarecimentos, tentando justificar uma sequência de impropérios que acabou na morte da menina. O problema é que o resultado já é fato consumado: os pais da menina de 15 anos só souberam da morte da filha quando foram buscá-la no aeroporto.
Outra história que já vem se arrastando faz tempo e parece não ter prazo para conclusão é a saga do velho José Ribamar e seus desmandos. Num dos cumes do poder brasileiro, o político carrega os ares de coronel dominador, que dá ordens e espera ser obedecido. Antes dele, muitos já faziam o que queriam, mas com medo do monstro da opinião pública, criaram o método da surdina onde eles fingem que não fazem para alguém fingir que não vê. Ribamar gostou da ideia.
Daí foram 660 e poucos “atos secretos” (nome bonito pra “safadeza debaixo dos panos”) descobertos dia desses e mais num sei quantos mais recentes. Somados, passam de mil os indícios que nós somos eleitores burros e insistimos em repetir o que, de fato, não sabemos fazer: escolher políticos. Metemos os pés pelas mãos ou na jaca; elegemos ladrões cada vez mais gabaritados.
Aliás, gabaritados, com currículos vastos, como o do senhor José Ribamar. Eu não sei quando ele começou na política, mas nos meus arquivos pessoais, lá no início da minha vida consciente, em 1985, ele já era um velho caquético que ocupava a presidência da república. Saberia tempos depois, na escola, que ele só chegou ali porque teve a sorte (?) do titular morrer antes da posse.
Lembro-me muito bem...
E segundo relatos do meu avô, José Ribamar é filho de um cidadão que atendia pelo “singelo pseudônimo” de Zé do Brinco, natural das bandas de Correntes, aqui mesmo em Pernambuco. A mãe foi parar no Maranhão, levando junto o pequeno rebento, e acabou casando por lá, com um homem rico que registrou o menino como dele. O "pobre homem" mal sabia que estava pondo seu nome no futuro chefe de uma quadrilha familiar, onde tudo que é de safadeza e falta de escrúpulos já vai incluso nos genes. Hoje, ele preside o senado (que de tão "útil" à nação, teve extinção proposta) e atende pelo “singelo pseudônimo” de José Sarney.
E olhe que já em 1861 - para ser mais exata, em 1° de novembro de 1861 - Machado de Assis já registrava em uma das suas crônicas:
O que há de política? É a pergunta que naturalmente ocorre a todos, e a que me fará o meu leitor, se não é ministro. O silêncio é a resposta. Não há nada, absolutamente nada. A tela da atualidade política é uma paisagem uniforme; nada a perturba, nada a modifica. Dissera-se um país onde o povo só sabe que existe politicamente quando ouve o fisco bater-lhe à porta.
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