terça-feira, 31 de agosto de 2010

Não me faça perguntas bobas


Vamos falar sério. Bem sério.
Quando cheguei por aqui, ninguém me disse que teria que aprender a mentir durante as 24 horas do meu dia de cada dia. Não me disseram que deveria ter que fingir que gosto, para ser educada, ou fingir que não gosto, para não dar "bandeira". Mas depois vieram me ensinar que falar demais é um pecado mortal e ficar calada é consentir, mesmo que haja discordâncias. Teve outra vez que me ensinaram que deveria amar um só - de cada vez - para não ficar "falada", mas depois disseram que deveria amar ao próximo como a mim mesma. E, olhe, tem gente que ama demais por aí.

Seria muito bom que vocês decidissem o que eu tenho que fazer.

Outro dia, brigaram comigo por dizer o que sinto, mas logo depois eu apanhei por não ter dito que estava doendo. Antes disso, me convenceram que deveria ser forte e que derramar lágrimas feridas era o mais puro sinal de fraqueza; todavia, há quem ria disso, do choro alheio. Então, seria sadismo?

Sim, é preciso paciência com o outro, já que esse outro será irremediavelmente diferente de você, de mim. Sempre me ensinaram que estamos aqui, nesta superfície, para viver juntos, embora o tal do homem seja um bicho essencialmente solitário. Aí vem Vinicius para sacramentar: "é impossível ser feliz sozinho". É uma mera cafonice?

Não sei não. Se fosse sozinho, brigar seria quase impossível ou até sinal de insanidade. Não haveria crises de relacionamento, "DRs" ou chatices verbais em horários pouco convenientes. Você teria que lidar apenas com as suas próprias mudanças e não mais se preocupar quando o sujeito deitado aí ao lado muda o tempo do verbo e tudo parece que ficou no passado. Fico com ares de louca, aí volta aquela história das lágrimas de que já falei. É bom enxugar; me disseram que eu nunca combinei com fraqueza - sou má, calculista e voluntariosa. Ademais, sei bem a listagem de adjetivos que "me" usaria de predicados.

Hoje, falvam-me que a vida é bem simples e, logo depois, que eu não tenho 27 anos. Sim, são quase 30, mas me sinto (de) longe. 
"O tempo não para"? Para, ou não, já que é relativo. Eu posso ser hoje, mas não amanhã; e o que seria amanhã e depois?

Você sabe o que quer, o que ama, o que desenha e o que sente? Você sabe o que (e quem) come? Sabe o que coloca pra dentro e o que deveria expurgar?

Talvez fosse melhor evitar tantas perguntas depois das 20h.
Comer demais à noite, engorda.
E pensar demais à noite? Insônia?

quarta-feira, 25 de agosto de 2010

Não dá nem pra tentar te salvar...

"Muito pouco", composição de Paulinho Moska, voz de Maria Rita.



Pronto
Agora que voltou tudo ao normal
Talvez você consiga ser menos rei e um pouco mais real

Esqueça
As horas nunca andam para trás
Todo dia é dia de aprender um pouco do muito que a vida traz

Mas muito pra mim é tão pouco
E pouco é um pouco demais
Viver tá me deixando louca
Não sei mais do que sou capaz
Gritando pra não ficar rouca
Em guerra lutando por paz
Muito pra mim é tão pouco
E pouco eu não quero mais

Chega!
Não me condene pelo seu penar
Pesos e medidas não servem pra ninguém poder nos comparar

Porque
Eu não pertenço ao mesmo lugar
Em que você se afunda tão raso
Não dá nem pra tentar te salvar

Porque muito pra mim é tão pouco
E pouco é um pouco demais
Viver tá me deixando louca
Não sei mais do que sou capaz
Gritando pra não ficar rouca
Em guerra lutando por paz
Muito pra mim é tão pouco
E pouco eu não quero ...

...veja
A qualidade está inferior
E não é a quantidade que faz a estrutura de um grande amor

Simplesmente seja
O que você julgar ser o melhor
Mas lembre-se que tudo que começa com muito pode acabar muito pior

E muito pra mim é tão pouco
E pouco é um pouco demais
Viver tá me deixando louca
Não sei mais do que sou capaz
Gritando pra não ficar rouca
Em guerra lutando por paz
Muito pra mim é tão pouco
E pouco eu não quero mais
(...)

sábado, 21 de agosto de 2010

Salvador, dia 1

Salvador é cansativa, desordenada, estranha. Lembra o Recife, mas muito mais sem lógica e acho que pro turista de fora do País, soa curiosa, barulhenta, mas ritmica. O pessoal daqui, o tal do baiano, parece que veio à Terra a passeio. Sabe música de Dorival Caymmi, pisada lenta, som de leve, em um ritmo despretencioso, ora sem pressa, ora sem perfeição. É bem por aí.

Pensava que era lenda, mas o negócio é sério.

Ontem, cheguei a uma conclusão: na Gol, não é serviço, é FAVOR de bordo.

Ah... de novo. Tem certas coisas que não mudam mesmo.

quinta-feira, 19 de agosto de 2010

de palavras e sentidos, O JOGO

Mudar para ser sempre o mesmo. Recriar para manter as sensações. Dividir para continuar único.
Receber, processar e digerir
Refazer, renascer, repartir

E talvez para mostrar que o tempo, apesar do contínuo movimento, é capaz de transplantar as coisas as seus lugares devidos.

terça-feira, 17 de agosto de 2010

E se puder me manda uma notícia boa

Samba de Orly, de Chico Buarque, na voz de Vinicius e Toquinho



Mas não diga nada/ Que nos viu chorando/ E pros da pesada, diz que eu vou levando...

domingo, 15 de agosto de 2010

"Todo dia é dia de usar cristais"

Hoje, durante os preparativos para um evento noturno (leia-se: baile de formatura da minha editora, Lorena Ferrário, que como todo bom jornalista, abriu outra estrada no caminho), estava na casa de uma amiga - fofocando, maquiando e se chamando de gorda na frente do espelho. Eis que surge a dúvida:

- Eita! É justo usar meu Swarovski pela primeira vez nessa ocasião? - perguntei.
- "Claro... todo dia é dia de usar 'brilhantes'"

A resposta foi totalmente pertinente, (quase) tão pertinente quanto a minha "intuição" para não beber nesta noite. Pensei, pensei... mas fiquei na água e no refrigerante. Lá pras 3h30, já sentada ao lado da chefe e já depois de termos tirado fotos dos nossos pés imundos, decidi pegar o rumo de casa. E lá fui...

Seguindo na avenida 17 de agosto, logo depois da curva da praça de Casa Forte, uma mega operação para pegar os festeiros "ousados". Já tinha um monte de carros lá parados e os policiais passando sermão e caneta no povo quando o "guardinha" me fez sinal. Parei, mostrei habilitação, documento do carro (DESSA VEZ, tudo certo) e fui singelamente convidada para o teste de bafômetro. Desci descalça mesmo e achei graça da cara do policial, que tava crente que tinha pego outro bêbado.

(...)

sábado, 14 de agosto de 2010

Hã? Aqui e hoje

O que me importa, agora, andar na (sua) linha, tramar desculpas, escapar do zelo de não ser?
E o que me importa se, pra você, as (minhas) palavras já não têm a mesma superficial profundidade - não tocam mais, não tecem mais, não são tão mais?
E o que mais me importa senão mostrar que posso, além de ser tudo aquilo que me vem nomeado em rótulos, ser somente o que (me) convém?

Daqui a pouco, vai fazer tempo. Então, nem vai mais importar, como ainda importa hoje. O que era encontro, volta a ser lembrança e do que hoje ainda se lembra, esquecimento.

E o que me importa se continuar sonhando com o quê (ainda) não tenho, mesmo que passe tempo suficiente para faltar paciência?

Já não vai importar mais nada. Posso acreditar.
Posso?

domingo, 8 de agosto de 2010

Oficialmente, o último mês

Prestes a fazer dois anos de formada, estou nos meus últimos dias como "foca". Eis que, finalmente, descobri o motivo para tão "singela" e "simpática" nomenclatura. Olha que lindo (para ver uma lista com alguns verbetes do "dialeto" das redações, clique AQUI):

Foca
Segundo o Guia dos Curiosos, organizado por Marcelo Duarte, o termo “foca” traduz o novato. No guia, que tem um parágrafo sobre o tema, Tião Gomes Pinto, diretor de redação da Revista Imprensa explica que “O foca sempre entra numa fria”, “aprende rápido a realizar pequenas tarefas em troca de poucas sardinhas”, “fica boiando o tempo todo”, “ele tem um ar puro, inocente”. O jornalista até criou uma lista de discussão na internet onde alguns colegas dão explicações mais etimológicas. “Foca vem da palavra latina fócula, utilizada para designar ignorantes próximos do poder e subservientes ao extremo”.

HAHAHA - Entendi tudo!

Vovô,

Eu tenho tantas cartas e bilhetes endereçados a mim pelo senhor e, somente agora, percebi que ainda não havia retribuído. Acho que o senhor, como exímio “escrivinhador”, sabe o poder das (boas) palavras tanto quanto eu, que desde cedo me peguei vaidosa e emocionada com as linhas que me dedicou tão carinhosamente todos estes anos - 27, para ser mais exata.

Eu tive o grande privilégio de ter crescido sob as asas dos meus avós, os quatro, cada qual com sua peculiaridade enriquecedora. Mas talvez por uma questão de identidade, meus progenitores paternos sempre foram muito “família”, uma coisa próxima e cheia de afeição. Sempre foram colo certo, música boa e abrigo para fins de semana que enchem minha cabeça de boas lembranças.

Todas as minhas festas serão “grandes aniversários” e eu jamais ficarei ofendida de ouvir a expressão “meu menininho” endereça a mim, mesmo sendo a "menina alegre, de sorriso fácil e pensamento ágil". Eu me sentia mesmo o moleque respaldado pela melhor das defesas, liberado para criar o que quisesse, sem perder a identidade feminina sempre tema de versos seus. Tenho e sempre tive o melhor dos advogados.

Como jornalista, preciso noticiar, registrar para a posteridade, todo afeto que nutro pelos dois personagens mais controversos das minhas narrativas. Vovô e vovó, sempre os dois, a reger os atos mais nostálgicos, mas nem por isso tristes, que tenho guardados. O senhor, em especial, é o “DJ” mais importante da minha vida – aquele de quem meu pai herdou o gosto musical que me pauta até hoje. Sempre que alguém me questiona por esse ou aquele “conhecimento” musical que seria muito além da minha idade, “gosto de velho”, como dizem alguns amigos meus, eu delato logo: “vovô sempre ouviu isso”. Assim, eu cresci com certa intimidade com Nelson Gonçalves, Nubia Lafayette, Chico Buarque e por aí vão os sem números de boas vozes que aprendi a gostar a partir da sua radiola. Aliás, a sua radiola, vovô, é algo tão “preenchedor” que eu só sosseguei quando comprei (ganhei, na verdade) uma para colocar no meu quarto. Assim, poderei ter domingos ao som de vinis, como sempre tive.

Orgulha-me muito sentir o amor que meu pai tem pelo senhor, e que ele conseguiu me transmitir. Um amor muito ligado a um profundo respeito pela sua figura bonachona e cheia de palavras de calma a carinho.

Como eu digo a todo mundo: meu avô é uma delícia!
Decididamente, vovô, o senhor é o amor da minha vida.

Um beijo de mangaba.
Tati

E como disse Nelson

"... eu só tenho essa opção, uma vez que nasci assim".

Então, que seja.