domingo, 19 de setembro de 2010

Aquilo que o tempo (não) muda

Anos atrás, desejei veementemente que tudo continuasse como era. Que as cabeças fossem sempre as mesmas, assim como o entorno; lugares, pessoas, programas e sensações. Também já desejei que tudo fosse diferente, que o tempo voltasse - como se fosse possível retrocedê-lo - assim como posso fazer com as músicas que gosto muito. Volto pra escutar de novo, pra sentir de novo.

O problema é que os lugares mudam, as sensações desaparecem, momentos perdem sentido e as pessoas se transformam; ou pode ser que elas continuem as mesmas e, por isso mesmo, fiquem vazias.

Tenho impressão que mesmo que o antigo contexto não exista mais, as peças permanecem, ainda que sem lugar. Então vale parar e observar, sentir saudades. É saudável e justo.

O melhor é notar que nem todas as peças perderam seus papéis. Há aquelas que são recontratadas, retornam ao elenco, juntam-se às novas recém escaladas. O palco muda, o roteiro muda para que as sensações renasçam.

Mas ao contrário de antes, você já não tem o desejo que o tempo modifique seu caminhar. Prefere que ele se desfie, que entrelace e desvende cada novo ato.

Acho que quero uma música pra isso.

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