quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013

Quarta-Feira ingrata e outras coisas sobre o meu Carnaval

"É de fazer chorar quando o dia amanhece
E obriga  frevo a acabar
Oh, Quarta-Feira ingrata
Chega tão depressa
Só pra contrariar..."
Não há humano capaz de resistir à emoção. Corações de pedra sucumbem àquilo que talvez não conheçam, mas reconhecem. Corações se desdobram e palpitam. Cérebros nunca entenderão.

Cérebros são incapazes de somar calor, aperto, desconforto, sol escaldante, cerveja quente, caipirinha mal feita e cheiro de urina em uma equação que resulte em diversão. Diversão mais amor; muito mais. Mas o coração consegue pulsar ao chamado dos clarins. Ao menos um coração pernambucano, humano, arraigado nas ladeiras. Mesmo quem nunca pôs uma fantasia e se propôs a subir com o frevo sente o coração, arregala olhos, acompanha o compasso, mesmo que tímido, sem ritmo.

Não haverão montanhas (nem mesmo as russas) que se igualem nas emoções às ladeiras históricas do Sítio de Olinda - a visão empolgante da doação do Carnaval, da diversão conjunta. O cérebro preferirá outras ruelas; ao coração, somente ladeiras saciarão. Somente ouvir Pitombeiras, Vassourinhas, Elefante, Ceroulas em canção, de bloco, de rua. Corações amantes do frevo, assim como também os são para o samba, para os maracatus. São ruas estreitas que poderiam ser avenidas. Perdoe-me: posso descrever, mas nunca fazer sentir.

"(...)
Vê colombinas azuis a sorrir, laia
Vê, serpentinas a nos reluzir
Vê os confetes do pranto no olhar
Desses palhaços dançando no ar
(...)"

Orgia de som e de cor, amor que nasce, que dura. Aprenda, prenda-se aqui dentro e espere até o próximo Carnaval. Carnavais serão sempre saudosos, todos os anos, sempre pedaços de ilusão tão semelhantes á vida. Ah, meu bem, o que será de Momo sem o teu suor? Eu só quero saber se você vai ficar. Que venha de novo, com luvas, Eu Acho é Pouco, na base do surdo. Porque aqui a gente aprende na escola que o frevo ferve, no sangue. Olinda é sem igual, queiram ou não queiram.

E aprendam, desavisados, que somos feitos de versos difíceis, inaudíveis e impronunciáveis, mas nos contentamos com os monossílabos que se repetem teimosamente. Papapapa... Você pode usar clichês, usar versos para envergonhar poeta, rimando amor com dor, mas venha. Não pague, venha na fé, a pé, contando trocados, dividindo o copo, a fantasia. 

Cérebros, não me peçam razão. Não nos peçam explicações, não me leve a mal.
Ah, saudade tão grande...

"Pode acabar o petróleo/ 
Pode acabar a vergonha/ Pode acabar tudo, enfim/ Mas deixem o frevo pra mim(Capiba)"

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