segunda-feira, 30 de abril de 2007

E quanto eu penso que já vi de tudo...

Cidadezinha de interior de Sergipe.

Um seqüestrador, na noite do último sábado, mantém três pessoas reféns durante um assalto a uma farmácia. Eram três mulheres; a dona da farmácia, uma jovem de 17 anos e uma criança de 11.

O Fantástico mostra a cara dele, filmada enquanto tentavam a rendição, a mãe e uma prima do assaltante e um psicólogo. A repórter diz que o marginal tem 18 anos.

Quatro horas depois, ele joga a arma e, baleado de raspão, é levado ao hospital em uma ambulância. Quando se pensa que a agonia acabou...

A dona da farmácia foi baleada. A jovem de 17 e a criança de 11 anos também. A multidão na rua tenta parar a ambulância aos gritos. A ambulância arranca, levando o criminoso e deixando para trás as vítimas, que foram socorridas no carro da polícia.

Hoje, o Jornal Nacional mostra as mesmas cenas. Mas agora, camufla a cara do assaltante. Na nota pelada, Fátima Bernardes diz que ele é menor de idade...
Assim como as suas vítimas, enterradas ontem, e que tiveram suas caras muito bem vistas na televisão.

********

Nesse mundo, a inversão de papéis me surpreende. E eu não pude deixar de ficar com os olhos marejados.
Mesmo lidando com fatos grotescos todos os dias, que negam totalmente a natureza que eu acredito que deva ser a humana, ainda me afeto com isso...

Isso afeta tudo. E muda o mundo...

domingo, 29 de abril de 2007

*Aspas falsas

"Já foram muitas falas; hoje as palavras faltam.
Querer encaixotar toda a beleza do sentimento das palavras é inútil; ela parece abstrata demais, quase tão inexistente quando a fumaça da chaleira que fumega; ferve e se desfaz no ar.

Sons e gestos e palavras.

E o que resta?
Não se trata de tempo, esse objeto que tanto fascinou, por que talvez ele simplesmente não exista, já que não se pode tocar.
Se não se toca, não existe? Talvez...
Pensando, procuram-se explicações, mas elas são pouco demais para todas as incógnitas. Se ora a caminhada parecia próxima, irremediavelmente, por que agora se trocam os pés em destinos opostos?
Oras, não se sabe. Não se explica por hora... Criam-se especulações e porquês que nada valem. De toda razão, ficam os sentidos. Eternos como as chamas das velas...

Palavras para hoje?"




sexta-feira, 27 de abril de 2007

Ouvir Estrelas

"Ora (direis) ouvir estrelas! Certo
Perdeste o senso!" E eu vos direi, no entanto,
Que, para ouvi-las muita vez desperto
E abro as janelas, pálido de espanto...

E conversamos toda noite, enquanto
A Via Láctea, como um pálio aberto,
Cintila. E, ao vir o sol, saudoso e em pranto,
Inda as procuro pelo céu deserto.

Direis agora: "Tresloucado amigo!
Que conversas com elas? Que sentido
Tem o que dizes, quando não estão contigo?"

E eu vos direi: "Amai para entendê-las!
Pois só quem ama pode ter ouvido
Capaz de ouvir e de entender estrelas".


Olavo Bilac

sexta-feira, 20 de abril de 2007

Cores de Almodóvar

Já cantava Calcanhoto: “eu ando pelo mundo prestando atenção em cores que não sei o nome”. É pesado. E não são “cores de Almodóvar” ou de Frida Khalo. Em escala de cinza, ora estão pretas, até que chegam ao gélido branco.
Essa semana, os stresses e discussões foram inúmeros. E começo a perceber que se perde saliva, sinapses e tempo demais com essas coisas. O que se há de fazer?

Nadar contra a corrente o tempo todo, cansa!

“E o pensamento lá em você/ Eu sem você não vivo...”
Ps: Luquinhas, eu também quero ver vc!

quinta-feira, 12 de abril de 2007

Bilhetinho Azul

Cazuza e Frejat

Hoje eu acordei com sono
E sem vontade de acordar
O meu amor foi embora
E só deixou pra mim
um bilhetinho todo azul com seus garranchos
Que dizia assim:
"Chuchu, vou me mandar
É, eu vou pra Bahia
Talvez volte qualquer dia
O certo é que eu vou vivendo, eu vou tentando
Uhhh
Nosso amor foi um engano"
*
Hoje eu acordei com sono
E sem vontade de acordar
Como pode alguém ser tão demente
Porra-louca, inconseqüente e ainda amar?
Ver o amor como um abraço curto pra não sufocar
Ver o amor como um abraço curto pra não sufocar

Era 12 de abril de 1985 e...

Estava tudo bem. Eu tinha pais novinhos, ambos com 23 anos, só pra mim. Era a cara do papai, o orgulho da mamãe e o xodó das vovós, do avô e dos tios, que adoravam a figura branquela, barriguda, birrenta, risonha e cheia de charmes e poses.

Passava-se 1 ano e 9 meses que eu tinha chegado por essas bandas. E foi aí que o sossego acabou.

Feia, enrugada e meio avermelhada. Era essa a imagem que vi quando cheguei e me deparei com a MINHA mãe com outro bebê no braço. E como era feio! Vovó disse que era minha irmãzinha e eu, muito sagaz, previ que aquilo tudo cheirava a problema! E, sim, eu estava certa!

Ela não só se apossou do berço que era meu, como começou a ocupar tempo demais da minha mãe e passou a ser o xodozinho do meu pai, que via naquele embrulho chorão a menina dos seus olhos. Para mim, sobrou o árduo papel de irmã-mais-velha...

"Me lasquei" - teria pensado!

O fato é que a gente se entendeu. Na pior das hipóteses, trocavamos ponta-pés, beliscões, puxões de cabelo e elogios. Depois, cheguei a ser ameaçada com um compasso, mas isso, depois de ter levado uma mordida na barriga que doeu muito! Eu jurei de morte e cozinhei muitas e muitas vezes, quitutes deliciosos! E os chás "se-não-matar-cura"?

Ela comia biscoitos, eu me contentava com melão (eca!). As brigas tinham uma seqüência lógica: ela provocava, eu batia, ela batia, eu rebatia com mais força e ela chorava. Depois meu pai me batia e minha mãe batia nela. Concluímos que não era vantagem e, com o tempo, brigávamos mais discretamente, para impedir interveções dos adultos.

Ensinei muito palavrão, muita bobagem e muito português. Poderia escrever um livro, "Como educar seu irmão mais novo, em 10 lições". O problema é que acho que aprendi muito mais.

Eu sinto e faço. Ela pensa, pensa e pensa antes de agir (e quase sempre não faz);
Eu leio. Ela conta;
Eu como. Ela saboreia;
Eu danço. Ela se mexe;
Eu canto. Ela relincha;
Eu reclamo. Ela pondera;
Eu vou na onda. Ela calcula;
Eu hiberno. Ela repousa, e de pernas cruzadas;
Eu dirijo. Ela conduz;
Eu corro. Ela deslisa;
Eu escrevo. Ela não aprendeu;
Eu falo. Ela fala, mas ouve também;
Eu testo logo. Ela conceitua, questiona e pensa mais um pouco;
Eu beijo. Ela, de longe;
Eu abraço. Ela também;
Eu sou emoção. Ela, razão...

Percebeu? Tudo se completa!

É amor, dos indissolúveis, de fazer inveja, por que ninguém tem uma irmã mais fofa, mais linda, mais inteligente e mais legal que TU, Juju.

hahahahahahahahahaha!

É o amor maior do mundo, meu Xuxu com "x"!
Jou, te amo pra sempre mesmo, cabeção, olhão, bundão, e ão, ão, ão!!!!

Uhú!

Beijo da mana!

Foto censurada
Eu e a mana com "olhos de ressaca", iguais aos da Capitu!

sábado, 7 de abril de 2007

Sinta!

Eu não sei sentir porque, quando tento, perco o chão, as palavras e a razão. Parto para o tudo e o que me resta acaba sendo o nada.

Eu não sei pensar porque, quando tento, perco os pensamentos, sinto a pulsação e creio que o silêncio é a melhor das respostas ao vazio. Eu não entendo nada de tv digital, nem de manipulação da esfera pública. Tampouco compreendo o que a Veja quer que eu veja em suas capas. Poder? Domínio? Nada... nem sei por qual motivo vou ser jornalista.

Eu não sei o que vou ser. Para saber disso, teria que partir do princípio de que sei quem sou, mas isso não existe. Eu não existo, nem as coisas que me passam pela cabeça. Nem aquilo que sinto, nem o que ouço, o que falo e, muito menos, o que escrevo. Tudo isso é uma alucinação. Minha e sua.

Não leio jornais diariamente, porque ficaria ainda mais revolta com o mundo. Não assisto às novelas porque não tenho tempo para tramas fracas. Não perco tempo tentando perdoar, porque já nem ligo mais para o que as pessoas pensam, mas teimo em perder o sono com o que elas sentem.

Eu admiro Cartola, em sua voz inebriada, a cantar os sambas dos tontos morros cariocas. Os mesmos que vi sozinha pelas janelas dos ônibus, na melhor companhia que alguém poderia desejar por toda vida.

Amo a voz rouca e sem ritmo de Cazuza, a gritar em meus ouvidos aquilo que nunca tive coragem de dizer aos sussurros. Dos “foda-se” nas horas certas aos “eu preciso dizer que eu te amo”, sempre nas horas erradas e aos ouvidos errados.

Ovaciono Chico pela genialidade de transformar música em vida. Tom, por sua mágica de transformar vida em música.

Leio menos do que queria e muito menos do que as pessoas pensam. Penso menos do que gostaria e muito mais do que você pode cogitar. Perco a memória fácil e lembro de coisas que você já esqueceu há tempos.

Sou uma parcela do que serei, milésimos do que queria ser e incontavelmente mais do que podes imaginar. Nem gosto muito de fotografias, queria mesmo aprender violão. Conto mais mentiras a mim que aos outros. Para eles, eu pouco minto, mas sempre me convenço das histórias que invento.

Construo castelos, derrubo muros e crio caminhos pelos quais só eu sei caminhar. Descobri fórmulas e dissertei sobre o nada. Criam-se em mim mundos alheios, invariavelmente desabitados. Não passo pela sua cabeça, nem habito sonhos ou desejos. São realidades imaginárias que me constroem e todos os segundos que compõem nosso tempo juntos. Ele se foi, eu fiquei.

Musique-se

Eu Queria Ter Uma Bomba

Cazuza

Solidão a dois, de dia
Faz calor, depois faz frio
Você diz: já foi
Eu concordo contigo
Você sai de perto eu penso em suicídio
Mas no fundo eu nem ligo

Você sempre volta
Com as mesmas notícias
Eu queria ter uma bomba
Um flit paralisante qualquer
Pra poder me livrar
Do prático efeito
Das tuas frases feitas
Das tuas noites perfeitas, perfeitas

Solidão a dois, de dia
Faz calor, depois faz frio
Você diz: já foi
E eu concordo contigo
Você sai de perto em penso em homicídio
Mas no fundo eu nem ligo

Você sempre volta com as mesmas notícias
Eu queria ter uma bomba
Um flit paralizante qualquer
Pra poder te negar
Bem no último instante

Meu mundo que você não vê
Meus sonhos que você não crê, não crê...

segunda-feira, 2 de abril de 2007

Ficha cadastral

Nome humano: Tatiana, mas muitos chamam de "Tati".

Espécie: Homo sapiens sapiens sapiens, sapiens

Nº de cromossomos: 46, a mais pura perfeição!

A data: Quarta-feira, 20 de julho de 1983, às 19h15

Planeta: Esse mesmo, meio azulado, meio cinzento.

Astrologicamente regido por: Câncer, o pior dos signos!

Especialização cerebral: Jornalismo

Outras capacidades: Eu finjo que gosto de um monte de coisas, mas a música é mais verdadeira!

Papel social: Sei lá... eu nunca jogo lixo nas ruas, mas ainda não pago impostos... a não ser os imbutidos nos preços de CDs, shows e chocolates.

Hábito alimentar: Fibras, frutas, açúcares e porcarias em geral.

Habitat: Um quarto de poucos metros quadrados que eu consigo bagunçar até deixa-lo intrasitável, mas a minha cara!

Expectativa de vida: espero que a menor possível. Eu seria uma velha chata!

Periculosidade: Isso depende do tato de quem trata e do humor do dia. Geralmente varia de "pode chegar perto" a "mantenha uma distância silenciosa".

Versatilidade: Vai de acordo com o prazer proporcionado pela atividade em questão. Mas não se preocupe, você pode perceber fácil, fácil...

Volatilidade: Negativa

Volubilidade: Extrospecta, mas isso vem sendo corrigido.

Estado emocional predominante: Geralmente com um bom humor bem frágil.

Círculo social: Mais amplo que o seguro.

O que mais gosta: Ouvir música e escrever.

O que mais odeia: Ingratidão e traição.

Ponto mais forte: Verdade.

Ponto mais vulnerável: Confiança

Habilidades humanas: Físicas, abaixo do padrão; mentais, abaixo da preguiça; imaginária, além dos limites da sanidade.

Velocidade de fala: Mais lenta que a do pensamento.

Velocidade de locomoção: Depende do grau da preguiça.

Velocidade de raciocínio: Geralmente alta, mas depende do assunto. Se envolver
números, é melhor sentar e esperar.

Velocidade de alimentação: Muuuuuito alta!

Utilização de emoticons na comunicação: Mínima. Geralmente eles são idiotas!

Capacidade auditiva: Eu escuto mal, mas muito cuidado com o que diz...

Crença espiritual: Não sei... nem penso mais nisso.

Vícios orgânicos: Mínimos

Dependência tecnológica: Mediana.

Satisfação em conglomerados humanos: Nenhuma, mas se tiver música eu abstraio.

Comportamento em festa: Procurar um lugar o mais familiar possível.

Maior objetivo: Construir

Maior medo: Destruir

Maior sonho: Esse eu não conto nem pra mim. Não confio em jornalistas...

domingo, 1 de abril de 2007

Declare Guerra

Barão Vermelho

Vivendo em tempo fechado
Correndo atrás de abrigo
Exposto a tanto ataque
Você ta perdido

Nem parece o mesmo
Tá ficando pirado
Onde você encosta dá curto
Você passa, o mundo desaba

E pra te danar
Nada mais dá certo
E pra te arrasar
Os falsos amigos chegam
E pra piorar
Quem te governa não presta

Declare guerra aos que fingem te amar
A vida anda ruim na aldeia
Chega de passar a mão na cabeça
De quem te sacaneia

E pra se ajudar
Você faz promessas
E pra piorar
Até o papa te esquece
E pra te arrasar
Só o inferno te aceita

http://musica.busca.uol.com.br/radio/index.php?ref=Musica&busca=declare+guerra&param1=homebusca&q=declare+guerra&check=musica

*******************
"Nada é superior ao silêncio"