sexta-feira, 24 de agosto de 2007

Nelson, a verdade

Eu amo Nelson Rodrigues.

Sempre achei intrigante sua maneira de chocar. Ruborizar platéias e leitores sem apontar-lhes o dedo diretamente. No palco, Geni se insinua, se oferece, expõe-se sentimental e fisicamente. O seu nu afronta, inibe, castra reações e causa desejo.

É o aflorar da hipocrisia. Palavras e gestos duros, indecentes, sacanas, rudes, eróticas, pornográficas.

Nelson é, também, maravilhosamente surpreendente:

O que é amor?

Nelson, para você, o que é amor?

Sou uma das raras pessoas das minhas relações que acredita no amor eterno. Já escrevi mil vezes: todo amor é eterno e, se acaba, não era amor. O amor não morre - vivo eu dizendo. Morre o sentimento que é, apenas uma imitação do amor muitas vezes uma maravilhosa imitação do amor.

Diz Oswaldinho, na minha peça Anti-Nelson Roddrigues: “Quando eu a vi, senti que não era a primeira vez, que eu a conhecia de vidas passadas.” Isso quer dizer que só quem ama conhece a eternidade. Isso é romantismo de maneira despudorada. Isso é amor. Sou uma alma da Belle Époque e de vez em quando me pergunto o que é que estou fazendo em 1974.

Nenhum comentário: