Eu amo Nelson Rodrigues.
Sempre achei intrigante sua maneira de chocar. Ruborizar platéias e leitores sem apontar-lhes o dedo diretamente. No palco, Geni se insinua, se oferece, expõe-se sentimental e fisicamente. O seu nu afronta, inibe, castra reações e causa desejo.
É o aflorar da hipocrisia. Palavras e gestos duros, indecentes, sacanas, rudes, eróticas, pornográficas.
Nelson é, também, maravilhosamente surpreendente:
O que é amor?
Nelson, para você, o que é amor?
Sou uma das raras pessoas das minhas relações que acredita no amor eterno. Já escrevi mil vezes: todo amor é eterno e, se acaba, não era amor. O amor não morre - vivo eu dizendo. Morre o sentimento que é, apenas uma imitação do amor muitas vezes uma maravilhosa imitação do amor.
Diz Oswaldinho, na minha peça Anti-Nelson Roddrigues: “Quando eu a vi, senti que não era a primeira vez, que eu a conhecia de vidas passadas.” Isso quer dizer que só quem ama conhece a eternidade. Isso é romantismo de maneira despudorada. Isso é amor. Sou uma alma da Belle Époque e de vez em quando me pergunto o que é que estou fazendo em 1974.
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