Fez três meses que Alcides morreu. Três meses que o mataram, do nada, quando ele já estava pertinho, pertinho de pôr as mãos em seu suado diploma de biomédico. Ele ia terminar o curso em setembro e encher, de novo, o peito de Dona Maria Luiza de orgulho. Eu estudo na UFPE, mesmo lugar onde ele estudava. Muitas vezes, quando vou chegando para assistir aula, lembro-me dele.
Nesses três meses, nada de assassino preso. Nada de justiça feita. As coisas continuam onde pararam: no nada, no vazio, no silêncio que Alcides deixou.
O assunto continua como destaque do Blog de Jamildo, numa tentativa que ninguém esqueça que mataram Alcides.
Nada ainda. Nada.
Vamos continuar no nada?
Encontrei com a mãe dele, dona Maria Luiza, hoje pela manhã. Ainda estava vestida de orgulho, com o jaleco branco do filho. Faltava bem pouquinho para ela dizer ao mundo que era mãe de um biomédico. Pouquinho para dizer que não era mais uma. Contou todo o sofrimento. Disse que ainda se agarrou com os assassinos. Mas não teve jeito. Conseguiu evitar apenas o terceiro tiro. Os dois primeiros já haviam interrompido o seu maior sonho. Maria Luiza voltou a ser mais uma.
Eu vou continuar lembrando...
"E na sua meninice/Ele um dia me disse que chegava lá..."
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5 comentários:
Essa história é realmente daquelas que marcam - como os índios queimados.
Estranho que não tenham sido presos os criminosos, já que eram tão pobres coitado quanto a vítima.
Tô falando financeiramente, claro. Já que de espírito o Alcides parecia ser bem rico.
Cindy Lauper - massa que gosta :>) já tinham me chamado algumas vezes de cavalo, mas cavalheiro acho que foi uma das primeiras. ehehehe
Deve ser a evolução do ser, como diria a jornalista.
PS: Parafraseando Vinícius: Quem não tem bom humor pode ser mais, mas sabe menos do que eu.
José Henrique
Tatiana, one question.
A senhorita desceu de um carro na praça de Casa Forte, no meio da tarde de ontem(segunda), e se dirigiu a uma parada de ônibus?
Sempre fui muito bom fisionomista e achei as feições da moça parecidas com as dessa foto sua que tem no blog.
Então, passei de muito bom a ótimo fisionomista ou fui rebaixado?
Estavas ao lado de uma bela nariguda, era vc?
Eu estava de carona, se não tinha lhe dado uma. :>)
PS: Cindy Lauper, a frase do Vinícius é: "Quem já passou por essa vida e não viveu pode ser mais, mas sabe menos do que eu"
A minha é uma paráfrase.
Sou mais a minha! :>)
E tu?
José Henrique
Não não, não era eu. Nem tem como...
=)
Putzzz, parecia mesmo.
Fui rebaixado nas minhas qualidades como fisionomista. :<(
Bem, como tricolor estou acostumado.
PS: Quanto "não"! Sim são três letinhas todas bonitinhas e fáceis de dizer... :>)
Abraço
José Henrique
Recentemente alguns amigos meus estavam conversando sobre a copa da África e eu só escutava. De repente um diz: “e aí rapaz o que tu acha_?” Respondo: “eu tava tentando fazer uma relação entra a copa ser na África e o Sport Recife ter sido campeão da Copa do Brasil de 2008”. A reação em tom de brincadeira foi: “ouxxxx sai daê cabeçãoooooo. Tás viajando é?!” Tentei novamente dizendo: “vocês conseguem ver alguma relação entre a copa do mundo de 2014 ser no Brasil e o time equatoriano da LDU ter sido campeão da taça libertadores em 2008?” Novamente fui vaiado. Kkkkkkkkkkkkkkkkkkkk [...] só não perguntei para eles o porquê da sede do Mercosul ser no Uruguai (país mais desfavorecido entre os quatro fundadores oficiais do bloco econômico) com receio de eles me sugerirem um internamento no Ulisses Pernambucano. Portanto, eu acredito haver uma relação que é a seguinte: morte de Tiradentes, morte dos Mamonas Assassinas e morte de Alcides Nascimento.
Deixo uma citação que pode resumir um pouco da psicossociologia da mãe de Alcides. Pena que ela não conhecia a auto-censura tão importante na democracia, ou se conhecia, não duvido, talvez não a tenha usado devidamente e a conseqüência foi [...].
“[...] as massas não têm história a escrever, nem passado, nem futuro, elas não têm energias virtuais para liberar, nem desejo a realizar.” (Jean Baudrillard)
Inserida socialmente na massa, mas psicologicamente não. E o que ela queria para seu filho era um futuro não inserido na massa, socialmente falando, já que psicologicamente ele já tinha direcionamento, contagiado por ela.
Uma fala dela ajuda a entender o supracitado, ou seja, essa relação psicossocial.
“Eu fiz meu filho chegar aonde ele queria já que eu não tive essa oportunidade.” (Maria Luiza)
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