sexta-feira, 3 de novembro de 2006

A tese sobre o tédio

Dia “atipicamente” doméstico. Rodo, panos de chão, vassoura, água, detergente e o DVD de Zeca Pagodinho. Dona de uma casa que não é minha, eu me senti verdadeiramente uma doméstica; a dor nas minhas costas agora me faz redobrar o respeito que tenho por Aline.
Não é brincadeira...
O melhor era o cenário do filme: pagode de fundo e eu lutando para o pé preto de poeira não se misturar com a água e formar pegadas enlamaçadas. Não tenho muita coordenação motora para manejar vassoura e pá ao mesmo tempo, mas consegui, em 6 horas, deixar tudo bem limpo!

Ufa!

Minha monografia me causa dores incríveis. Devem ser as tais “dores do parto”. Começo a ver que ela me causará mais trabalho do que eu havia previsto. O pior é que meu orientador parece mais desorientado que eu. Fico pensando o que farei quando estiver entrevistando Lucinha Araújo.

Acho que vou transformar minha ida ao Rio em uma viagem turística.
Hoje comecei a ver quais os show que acontecerão em janeiro. Barão, Rita Lee, Titãs... tudo o que eu adoro. Penso que poderei consumir drogas, álcool e cigarros.
Alugarei um carro para conhecer todas as cidades vizinhas... Melhor de tudo? Sozinha!!
O itinerário pré-estabelecido consiste numa visitinha básica ao Cristo, depois eu vou escalar o Pão de Açúcar. Vou no São João Batista, levar uma garrafa de Black and White pra Cazuza.

E hoje?

Hoje a sua “morgação” me contagiou. Eu não sei o motivo e não quis perguntar por causa do cuidado de não invadir o espaço alheio.
Fiquei um tempão olhando pra minha monografia na tela do computador. Pensava em você e na pilha de coisas que ainda tinha pra fazer... mas a primeira opção ainda era mais atrativa.

Me desobriga de qualquer coisa...
Desobriga de fingir que estou gostando ou de fingir que não estou...
Desobriga de andar de saltos e dá a liberdade dos chinelos rasteiros...
Desobriga de ambientes superficiais e dá o prazer de uma conversa que duraria a vida toda...
Desobriga de fingimentos, por que todos os sutis movimentos são reveladores demais
Desobriga, agora, de disfarçar os olhares admirados de estarem ‘diante de tudo’
Desobriga de obrigações, por que a presença é só prazer
E desobriga de coisas chatas da vida, por que ela pode ser somente música, poesia, comida, versos, brigas, gritos, rixas, discursos inflamados, ladainhas e uma saudade enorme, mas contida! E por que você já é suficientemente chato e suficientemente 'agente modificador de um cérebro completamente entregue ao ócio dos dias chatos'!
É pisar em grama, na areia da praia. É ver uma fresta de luz no meio do seu completamente nublado. É a voz de Cazuza ao pé do meu ouvido e a solidão em uma hora de Ney Matogrosso.

Enfim...

Versos de Cazuza

"A vida não é feia
É breve e maneira
Pra gente se perder
Curar e procurar
Ir, voltar de novo
Like a Rolling Stones
Pro povo, like a Beatle song
De novo onde todos estão?
Então me dê um alô
Planos de vida ou canos
A gente se engana
Já fazem tantos anos
Anjos e demônios
Não vão adivinhar
O valor dos homens
Humor do mar
Melhor furar a onda
E não parar de contar
A vida é tão bonita
É a minha favorita
É bossa, é nova, é nossa
Não pára de chegar
Rolando de novo
Like a Rolling Stone
Pro povo, like a Beatle song
De novo onde todos estão?"
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O ministério da saúde adverte: Mensagens de celular são a forma mais eficaz de fazer você se sentir um sentimentalóide estúpido e sem jeito, que deveria evitar qualquer manifestação de coisas que não valem a pena!

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E viva Zeca Pagodinho...

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