domingo, 29 de julho de 2007

Entrevista com a atriz Ana Beatriz Nogueira

A entrevista que segue foi feita por mim na última terça-feira, 24 de julho, durante um teste de estágio para o Jornal do Commercio. A peça, intitulada "Fala baixo senão eu grito" foi escrita em 1969 por Leilah Assumpção. No mesmo ano, estreou nos palcos com Marília Pêra no papel de Mariazinha, a protagonista. Hoje, a história é contada por Ana Beatriz Nogueira e Eriberto Leão.


1. Qual o perfil da sua personagem?

É uma mulher que vive muito sozinha em um quarto de pensão. Por fora, está caindo aos pedaços, mas por dentro, arrumado por ela. Assim é sua vida. Mariazinha arruma tudo para dar a si mesma a idéia de que está tudo bem, até o dia em que chega o ladrão e mostra pra ela que a vida não é bem assim. Ela é um projeto de gente que não deu certo. O ladrão põe em xeque todas as convicções de Mariazinha. Ela vive em uma solidão patológica, que se agrava cada vez que a programação da tv acaba.

2. A peça trata da solidão urbana. Como a personagem transmite isso?

Mariazinha se diz muito feliz. Diz que mora em uma cidade grande e tem muitos amigos. Ela diz isso ao público apontando para os televisores que compõem o cenário. É o que acontece com muita gente que resolve viver seu mundo e esquece de ir lá fora.

3. Qual a maior realidade que o texto trás e o público vai poder se identificar?

O fato de Mariazinha ser uma pessoa só. Isso representa muito a natureza humana.

4. Você tem algo de Mariazinha?

Tenho. Todos nós temos. Quantas vezes nos voltamos para a vida alheia, de um personagem, por exemplo, e esquecemos da nossa? Isso, talvez, por ser mais fácil do que encarar a nossa realidade.

5. Como é ser co-produtora da peça?

Essa peça é um projeto meu desde 2005. É uma maravilha, a oportunidade de fazer do meu jeito.
(A peça tem patrocínio do Banco Mercedes Bens e da Eletrobrás)

6. O que o público pode esperar da encenação do texto de Leilah Assumpção?

Muita diversão. É um texto inteligente, que fará as pessoas pensarem e se divertirem. Sobra uma reflexão para levar pra casa.

7. Como foi a escolha do texto?

Fui procurar um autor nacional (Ana já produziu, em parceria, “Leitor por horas”). Leilah é uma das escritoras que eu mais gosto e eu nunca tinha lido “Fale baixo...”. A peça foi encenada em 69, então fizemos uma atualização leve, mas mantendo o texto original em algumas peculiaridades, como a citação do Mapping (loja de depto que existia em SP). O cenário composto por televisores dá uma falsa idéia de companhia, de imagem, que temos hoje em dia pela tv e pelo computador.

8. O que você espera que o público sinta?

Que se identifique com a personagem para receber as “alfinetadas” do ladrão. E que precisamos de relação ao vivo. É bom lembrar isso...

9. Sobre a turnê

Começou em 31 de março, em Curitiba. Já passou por 3 cidades de Santa Catarina, Porto Alegre, Brasília e Belo Horizonte. Vem agora pro Recife e daqui segue para uma temporada no Rio, que começa em setembro. No começo de 2008, faremos São Paulo.

10. Sobre Eriberto Leão (também ator da peça)

É um excelente ator. Um parceiro maravilhoso. Fizemos uma leitura do texto e nos identificamos de imediato. É muito boa a parceria.

11. Sobre Paulo de Moraes (diretor da peça)

É um diretor de traços muito marcantes e peculiares. O cenário mostra isso.

12. Sobre a realização do espetáculo


Todas as vezes, antes de entrar no palco, eu fecho os olhos e agradeço pela oportunidade de realizar esse projeto.

Um comentário:

Zélia Miranda disse...

Sou fã da atriz Ana Beatriz Nogueira desde sua estreia na TV. Adoraria assistir essa peça contracenada por ela e Eriberto Leão.