sábado, 19 de setembro de 2009

Um show frio e para poucos

Com certeza, "Vagarosa" era um show esperado. Tanto que, mesmo com a concorrência de Zélia Duncan, que faz show hoje aqui no Recife, tinha muita gente no Teatro da UFPE para assistir Céu cantando. Mas, também com toda certeza, não foi um momento tão agradável quanto muitos esperavam. Primeiro, pelo atraso de mais de meia hora para o início do show, programado para as 21h. Segundo, porque Céu pareceu introspectiva demais. Arrisco, até indiferente ao público; que por sua vez, também começou a ficar indiferente - muita gente levantando das cadeiras e até conversando (atrás de mim estava um casal que não parou de conversar um minuto durante o show).

Vamos registrar que, sim, "Vagarosa" mantém o nível músical do primeiro trabalho da cantora. Os músicos que dividem com ela o palco conseguem uma sincronia harmoniosíssima entre bateria, teclado, uma pic up e até um acordeon. Céu interage bem com as suas back vocals "eletrônicas" - as vozes de fundo que a acompanham vêm da pic up, iguais àquelas gravadas no CD - mas não consegue ir além disso. É certo que havia lá fãs entuasiasmados, que davam aplausos igualmente entusiasmados ao fim de cada música e que foram dançar nos espaços que ficam nas laterais da plateia, perto do palco. Quando percebeu a movimentação, a cantora chegou a ensaiar algum contato com eles, sem muito carisma. E o resto do público parecia muito alheio.

Levei minha mãe e minha avó comigo. Lá pras tantas, quando eu já tinha percebido a impaciência das duas, Céu começa a cantar uma música em inglês ('Two to tango", que ela ouvia "quando era adolescente" num álbum de Ray Charles e Betty Carter). Segue o diálogo:

- Essa moça é daqui? - vovó perguntou à minha mãe.
- É...
- E por quê ela só canta em inglês?
- Não, essa é a primeira música que ela canta em inglês - respondeu minha mãe.

Quer dizer, depois de quase uma hora de show, vovó ainda não tinha entendido UMA PALAVRA do que Céu cantava no palco. E não era problema de som não...

Não bastasse a conversa paralela dentro do teatro, comecei a sentir cheiro de maconha. Eu não tenho nada contra quem gosta da erva, mas daí a pessoa se achar no direito de fumar num ambiente fechado, com arcondicionado, é demais. Quando Céu anunciou a saideira, eu me ofereci pra ir embora. Aí identifiquei a galera da fumaça, que puxava e fumava, lá trás. E ninguém da organização do teatro viu isso.

E como falei num outro post, "Vagarosa" recebeu patrocínio do projeto cultural da Natura, que propunha, entre outras coisas, "ingressos a preços populares". Só se for em outro lugar, por que aqui na minha terra, ingresso a R$ 30 não tem nada de popular.

ps: eu tirei umas fotos, mas ainda não baixei.

ps2: descobri que o release que recebi sobre o show estava errado. Este não foi o primeiro show de Céu no Recife. Ela se apresentou aqui no Abril pro Rock do ano passado.

Um comentário:

Anônimo disse...

Tatiana, voinha tá surdinha, pô.
Coisas da idade, que traz sabedoria - a alguns - mas tb esses inconvenientes.
Achei o show bem bom.
É que, ao meu ver, não é um show pra teatro.
É pra local menos formal.
Céu canta muitoooooo.
Ahh, 30 realezas é "popular" sim.
O da Vanessa da Mata foi 80 e o da Zélia Duncan 70, logo 30 foi bem "baratinho".

Um abraço
Jose Henrique