quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

Mensagem (retardada) de Natal

Sim, eu sei que hoje já estamos na madrugada do dia 29 e todas as atenções estão voltadas pros preparativos de reveillon. E, saibam, eu nem sou religiosa e nem gosto de Natal, mas recebi do meu tio o link para este vídeo e achei que, sim, valia a pena publica-lo aqui.

Acho que essa época do ano, pra mim (e pra tanta gente) tão melancólica, apesar de festiva e cheia de boas lembranças, tem lá suas vantagens. É sempre aquela sensação drummondiana de recomeço. É uma nova chance, dada todo santo ano, pra gente fazer diferente.

Então, ganhe seis minutinho nessa história, mesmo que você nem acredite nela. Ah, e espera que eu tenho pensado tanto no retrospecto desse espaço.


quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

Só para registrar

- Amanhã é dia de pescoção no jornal
- Hoje o dia foi pesado. Pesadíssimo com uma manchete pra fechar de última hora
- Ah, achei meu Saramago. Nem conto onde tava...
- Esperando um telefonema há dias...
- Preparando post de fim de ano

domingo, 19 de dezembro de 2010

Procura-se o meu Saramago

Tive que pegar outro livro pra ler, mesmo antes de terminar "Saramago - Biografia". Não tenho a menor ideia de onde foi parar. Medo de que tenha esquecido no avião na última viagem.

Continuarei a procurar por Saramago, mas enquanto não resolvo o mistério do seu desaparecimento físico, convoquei Wagner Homem para uma conversa sobre Chico. Maravilha de livro...

quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

Rock in Rio - Chegou o card

Agora é esperar a programação e escolher um dos DIAS de Rock in Rio!


"AUTOPRESENTE" - Chegou pelos correios, com direito a caixinha propícia à época, o presentinho que eu me dei de natal

 

domingo, 12 de dezembro de 2010

Hasta, Mainardi!

Boa parte da minha vida acadêmica (e pouco depois dela), dediquei ao estudo da ética jornalística. Mais exatamente, ao estudo do código de ética dos jornalistas e sua não aplicabilidade por parte dos veículos, com foco na Veja. Aliás, objeto de estudo rico em crimes, especializado em contravenções. Não precisa se aprofundar muito na análise nem entender do correto exercício do jornalismo pra perceber que ali, em cada edição, há questões densas a serem levantadas.

Politicamente, a Veja é antilula. Não importa quem esteja do outro lado, Lula será travestido de Judas e malhado até o fim, com ou sem motivo. Guardo até hoje a edição especial da eleição do petista, em 2002. Eu achava que seria a prova de que até os que se pensam poderosos podem e devem se redimir, mas bastou checar as edições seguintes para ver que não é nada disso. Longe disso. Há capas lendárias, manipulações explícitas e, assim, a Veja vai vivendo de massacrar o que for de esquerda, o que lembrar regimes comunistas - assim vai fazendo um mau jornalismo há mais de 40 anos.

Hoje estava lendo o Acerto de Contas e lá os meninos contam que Mainardi vai se aposentar. Há um tempo, anunciou que sua coluna semanal passaria a quinzenal; agora, que passaria a ser mensal.

Nesse caso, não há de se ter meias palavras, Diogo Mainardi não as conhece. Sempre foi direto e seco, cruel e pouco profissional, tanto nos ditos escritos como nos falados. Além da coluna da Veja, ele tece seus comentários peçonhentos no Manhattan Conection, um programa na tv paga, de nome cafona e conteúdo diverso. Para assisti-lo, é necessário que o telespectador ligue o filtro. Vai ouvir de tudo, inclusive muita asneira.

Mas, não, não é preciso odiá-lo. Sempre digo aos meus colegas de profissão que Mainardis são necessários, já que tudo na vida precisa de um contraponto. Para que haja o bom jornalista, que respeita seu ofício e a sociedade para e por qual trabalha, precisa-se do mau (leia-se, neste caso, o péssimo). Taí um belo exemplar.

Faz tempo que aprendi que a objetividade do jornalismo é pura mística, invenção de algum inocente. Respeito a posição que Mino Carta dá à Carta Capital, lulista assumida, assim como o "direitismo" da Veja, mas vamos questionar os meios para entender os fins. É bom também questionar o que quer um comunicador como Mainardi quando batiza um livro publicado de "Lula é minha anta". Mas faz totalmente a linha editorial da majoritária revista. A Veja é, sim, desse tipo de postura.

Em 89, quando a Veja publicou as cartas enviadas à redação que tratavam sobre a matéria publicadas sobre Cazuza (para lê-la, clique aqui), uma me chamou atenção. Aliás, uma serviu-me de veredicto. Era assinada por um deputado em exercício na época, ofendia aos signatários da carta de repúdio à matéria (Chico Buarque, Marília Pêra...) e terminava dizendo: "e ao indecoroso Cazuza, que o inferno o espere ardente e brevemente" (algo assim, não me lembro exatamente das palavras). Isso, para não dar ênfase àquela famigerada matéria:


Eu duvido que a Veja deixe de ser quem é quando Mainardi tomar seu rumo. Aposto que será capaz de ceder o local de destaque a outro do mesmo tipo. São milhões de assinantes. É a revista mais lida do País, escrita por gente boa e por profissionais de conduta duvidosa. É jornalismo de alta periculosidade. Concordo com o Acerto de Contas: já vai tarde.

quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

Cachorro é tudo de bom!


Eu adoro fotografia e, ultimamente, tenho visto coisas que sempre me fazem dizer: "eita, isso merecia uma foto". É bem o caso acima. O cidadão é o meu "sobrinho de estimação" em plena comemoração do Halloween.

Este é um daqueles posts que começam do nada. Eu ia colocar só a foto, escolhi o título, que já não tem nada a ver com este parágrafo. Fulga total ao tema? Sabe-se lá. Fiquei agora com a sensação de ter tergiversado sobre o vazio. Como diria uma ex-professora: saiu do nada para canto algum.

Tô achando que passo por um momento de entressafra criativa ou talvez uma preguiça patológica. Podemos também chamar de falta de foco ou hiperatividade, quem sabe? Eu faço coisa demais ao mesmo tempo mas talvez esteja condenando o que é, de fato, importante a segundo plano. Eu sempre tive o hábito de prolongar as coisas, sendo uma boa amante das delongas e dos casos mal resolvidos. E tem voz que me diz que eu tenho uma dificuldade grande de pôr um ponto final definitivo nas coisas. Pessoa bem chegada às reticências e às vírgulas da vida.

E tem gente demais por aí que sofre do mesmo mal. Medo danado de escolher o caminho errado, medo de calar, de dizer, de comer e de ter fome. Tá parecendo mais aquela música de Lenine, Miedo. A foto de Sawyer (meu sobrinho) tá bem propícia agora. Ele parece que tava com medo da abóbora, tanto que não conseguia encara-la e preferiu fechar os olhos. É... cada um com sua(s) abóbora(s)...

segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Motivos para amar...

Clarice

Ainda bem

Ainda bem que sempre existe outro dia. E outros sonhos. E outros risos. E outros amores. E outras pessoas. E outras coisas.

sábado, 20 de novembro de 2010

Como transformar o ócio de sábado

Nada pra fazer no sábado à noite. Sensação esquisita de sábado à noite com preguiça de domingo. Eis que surge uma programação bem oportuna. Sem pensar muito, eu topo e fico feliz. Eu sempre ouvia as histórias da minha tia sobre o Rock in Rio de 1985, sempre tive vontade de ir.

Minha prima entra no MSN. Segue o diálogo:



Tati diz: Comprei o ingresso do Rock in Rio!!!
Karina diz: Eita, e foi? Pra quê dia?
Tati diz: Qualquer um. O cartão dá direito a qualquer dia. Vou decidir quando sair a programação
Karina diz: E quem tá confirmado?
Tati diz: Red Hot Chili Peppers e Capital Inicial... mas eu quero ver show de Lobão!
Karina diz: E vai com quem?
Tati diz: Sei lá... sozinha...
Karina diz: E vai ficar onde?
Tati diz: Sei lá...
Karina diz: Tu é doida!

A quem interessar possa, tudo esquematizado no site oficial do evento, aqui.

Eu até já sugeri à produção do evento que chame Lobão, mas o que eu queria mesmo, não dá. Então, fica a memória!

sexta-feira, 19 de novembro de 2010

Você (se) acha o bastante?

Reclamaram comigo hoje por esse novo hiato aqui - logo eu, que reclamo do silêncio, da falta do que dizer, "dessa eterna falta do que falar", promovo um minuto de silêncio em memória da inspiração. Logo eu, sempre rotulada como criativa, promovendo uma grande ode ao vácuo. Que grande contradição. Mais uma.

Experimente trabalhar o dia todo numa função que é, ao mesmo tempo, mas em outra hora, o seu hobby. O seu passatempo preferido. De dia, é obrigação; à noite, pode ser prazer. (risos) Por um momento, pareceu-me isso a descrição de algo como a prostituição. Mas não deixa de ser; não deixa de ser a venda, de certo modo, de parte de mim. Todo dia, por horas. Por muitas e mal pagas horas extras.

E não é o bastante. Talvez precisasse de mais tempo, uns cinco segundo a mais em cada hora do dia e uma hora a mais em cada dia da semana. Isso me daria umas 25.320 segundos a mais. E se um dia normal tem 86.400 segundos, numa regra de três safada, deu dízima periódica que, arredondada, fica 0,29 dia. Viu? Não é o bastante. Nunca é, e basta.

quinta-feira, 11 de novembro de 2010

Motivos para amar...

Saramago


E ficarmos quietos, olhando

Talvez isto é que seja o destino, sabermos o que vai acontecer, sabermos que não há nada que o possa evitar, e ficarmos quietos, olhando, como puros observadores do espectáculo do mundo.

terça-feira, 9 de novembro de 2010

O dedilhar feroz de Yamandú

Esse fim de semana, desenterrei o meu CD de Yamandú Costa tocando com Dominguinhos, um fascinante exemplar da mais legítima música brasileira. Pode soar exagerado, mas de fato, a aposta foi certeira. A gravação é de 2007, da Biscoito Fino, e eu "ganhei" no aniversário do ano passado (as aspas: foi uma troca. De novo, pela quinta vez, eu tinha ganho "Samba meu", de Maria Rita), numa garimpagem pouco trabalhosa na Passa Disco.

Mas, voltando.

Vale a pena dar uma voltinha nas faixas do álbum. Particularmente, eu gosto da 9.

Eu vi Yamandú tocando ao vivo uma vez, durante a Mostra Internacional de Música de Olinda (a Mimo), em setembro de 2007, e poucas vezes vi algo tão impressionante. Foi por sso que quando bati o olho no CD, não consegui desistir da ideia de leva-lo.

Yamandú Costa, gaúcho, músico, autodidata, é talvez o melhor violonista vivo no Brasil. Ele é, na minha opinião (até por Dilermando Reis já ter partido). Assustador, fascinante e intrigante.


sábado, 6 de novembro de 2010

Musique-se

Total fã dos Titãs da década de 80.
E essa letra me dispensa de qualquer obrigação de comentários.

Go back



Versão: TitãsComposição: Sérgio Britto e Torquato Neto
Você me chama
Eu quero ir pr'o cinema
Você reclama
Meu coração não contenta
Você me ama
Mas de repente
A madrugada mudou
E certamente
Aquele trem já passou
Se passou, passou
Daqui prá melhor
Foi!...
Só quero saber
Do que pode dar certo
Não tenho tempo a perder
Só quero saber
Do que pode dá certo
Não tenho tempo a perder...(2x)
(...)
-"Não é o meu país
É uma sombra que pende
Concreta
Do meu nariz em linha reta
Não é minha cidade
É um sistema que invento
Me transforma
E que acrescento
À minha idade
Nem é o nosso amor
É a memória que suja
A história que enferruja
O que passou
Não é você
Nem sou mais eu
Adeus meu bem
Adeus! Adeus!
Você mudou, mudei também
Adeus, amor! Adeus!
E vem!

quarta-feira, 3 de novembro de 2010

A (nossa) vida e suas verdades

Eu só tenho 27 anos e 3 meses. São quase 10 mil dias de vida. Acho pouca coisa. A terra de bilhões de anos. E eu só tenho 27.

O arrudeio é pra ajudar na pseudofilosofia de hoje. O danado do tempo é um grande piadista, faz você pensar que conhece as coisas, as pessoas. Deve ficar te observando, todo senhor de si, e, quando você menos espera, te puxa o tapete. Vai te provar que, na verdade, você não conhece ninguém, não sabe de nada e, muitas vezes, que não conhece a si mesmo. Pior é quando o sujeito do engano é alguém bem próximo de quem você não espera contravenções. Mas eu aviso aos mais inocentes que me lêem: acreditem que até seu irmão é capaz de te surpreender. Negativamente, na maioria das vezes.

Tem um texto creditado a Shakespeare que diz que as pessoas erram mesmo e que você tem que estar preparado pra perdoá-las. Isso foi em 1600 e alguma coisa. Quer dizer, as porradas que a gente leva e dá são ciência há séculos.

Tava lembrando de uma coisa básica. Eu tenho um amigo que é físico e, anos atrás, me ajudando para uma prova do colégio, pegou uma bola e jogou na parede bem devagar. A bola voltou devagar. Depois, sacudiu a bola com força e ela, claro, voltou como bala. Então ele sentou, escreveu umas fórmulas e explicou sobre a lei da ação e reação. As coisas vão e precisam voltar; vão e voltam na mesma proporção. Nada existe sem ocupar espaço, sem interferir no entorno.

Mas, só pra lembrar, o bem e o mal têm proporções diferentes. É como um copo de água e outro, igual, mas cheio de óleo. Pesos diferentes, entendem? Padre Luís (nosso mentor espiritual) dizia que, se você fizer bem a "João", isso ficará entre vocês dois; se você fizer mal, todo mundo ficará sabendo.

São das regras da vida. E, de verdade, são difíceis de aceitar, mesmo que você já tenha quase 10 mil dias de incansáveis lições.

terça-feira, 2 de novembro de 2010

Dilma e os impasses da política econômica

[íntegra da matéria publicada na edição de hoje da Folha de Pernambuco]

Em 1º de janeiro, será encerrada a Era Lula. De certa forma. Com a eleição de Dilma Rousseff, o espírito é muito mais de continuidade que de recomeço. E com Dilma eleita, atenção para a economia brasileira, um dos pilares mais fortes da política lulista. É necessário que os cidadãos acompanhem as especulações quanto ao destino econômico, rumo que interfere diretamente na vida de todos.

O professor de Economia da Faculdade Boa Viagem (FBV), Antônio Pessoa, considera positiva a manutenção da atual política econômica, responsável por boa parte do que o País conquistou nos últimos anos. "Mas deve haver algumas mudanças. Lula assumiu o governo com o Real desvalorizado e hoje temos o inverso: um mercado interno crescendo, especialmente para as classes C e D. Agora, é necessário o controle do gasto público", explicou. 

Os analistas vêm o cenário mais favorável para o início do governo Dilma. Estável. Com isso, pode-se apostar em uma reforma tributária. Antônio Pessoa analisou que o ICMS (o Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços) pode ser alvo das mudanças com a retomada das discussões a respeito do Imposto sobre Valor Agregado (IVA) que incide no mercado de destino, que o poderia substituir. "Essa questão já está em debate na Câmara, mas o governo precisará de muita negociação já que a mudança onera o estado de origem", disse Pessoa. Hoje, funciona assim: se Pernambuco compra mercadorias de São Paulo, 17% do valor é pago à Fazenda paulista e Pernambuco fica com a diferença entre esse percentual e a tarifa do ICMS estadual. Se for de 25%, no final das contas, Estado fica com 8%. Com o IVA, o imposto é pago à fazenda do estado de destino.

A medida mais "emergencial" para Dilma é a política cambial. "Não é algo que se faça de imediato, é uma questão mundial. Com o Real valorizado frente ao Dólar, por exemplo, nosso produtos ficam mais caros lá fora e os importados, mais baratos por aqui", analisou Antônio Pessoa. Outro ponto é a da dívida pública. Sim, deve haver o controle, mas o professor explicou que a brasileira não é tão alta, ficando em torno de 40% do Produto Interno Bruto (PIB). "É administrável por medidas como redução da taxa de juros, administração do gasto público e a manutenção do crescimento da economia", enumerou.

Analistas consultados pelo Banco Central aumentaram a estimativa de expansão para o PIB brasileiro em 2010 - de 7,55% para 7,6%. Para 2011, a projeção tem se mantido nos 4,5% há 47 semanas. "Certamente o crescimento durante o primeiro ano do governo Dilma será menor, aposto na variação entre 5% e 5,5%. Se houver em 2011 um PIB tão alto quanto neste ano, é provável que haja inflação", analisou Antônio Pessoa. "A vantagem do programa de governo do PT é o crescimento descentralizado, mais que no governo de Fernando Henrique Cardoso", destacou. O professor lembrou ainda que Dilma terá vantagens como a Petrobras à frente do Pré Sal. Mas, antes de qualquer coisa, Dilma foi eleita por e para suceder o governo Lula. Aliás, uma grande responsabilidade.

segunda-feira, 1 de novembro de 2010

Com Keith, num sábado à tarde [e num domingo à noite]



Estava por aqui aproveitando um momento ócio, que há tempos não me dou, e lembrei da minha penúltima ida a São Paulo, em agosto, quando visitei a exposição de Keith Haring, no Conjunto Nacional.



Eu gosto bastante do tipo de obra, das cores e, principalmente, do que ele comunica. Haring, assim como Cazuza, foi contaminado pela Aids na década de 80. Cazuza disse certa vez que, lendo sobre a doença, teve certeza de que seria "tocado" - Keith Haring disse:

"Em minha vida, fiz muitas coisas, ganhei muito dinheiro e me diverti muito. Mas também vivi em Nova Iorque no ápice da promiscuidade sexual. Se eu não pegar Aids, ninguém mais pegará".


E aproveitando o ínicio da madrugada da segunda...




Nessa exposição, ganhei um exemplar de "O livro da vida", escrito em memória desse artista americano que nasceu em 4 de maio de 1958 e faleceu em 16 fevereiro de 1990, em decorrência de complicações causadas pela Aids. No livro, há passagens bem interessantes a respeito da forma como Haring lidou com a doença. Segundo Antonio (infelizmente, não sei de quem se trata, mas ele assim assina o texto), Haring era um ser disciplinado e aplicado em seu trabalho, "uma pessoa transbordando otimismo, luz, humor e alegria".

Após o diagnóstico da contaminação pelo vírus da Síndrome da Imuno Deficiência Adquirida (Sida, na sigla em Português), Keith Haring tornou-se assíduo na procura de tratamento e de informações sobre a doença. Mas, claro, seus alegres e coloridos desenhos tornaram-se sombrios. [O mesmo aconteceu com Cazuza - principalmente as músicas de "Burguesia" têm o peso da doença na vida do artista].


Não surpreendemente, apesar de enérgico como sempre, sua vida tornou-se um pouco menos otimista - não em razão de alguma auto-piedade, nem a atitude envenenada e temerosa em relação ao HIV/Aids nos anos 80, os preconceitos terríveis e a demonização da comunidadegay em particular e a inutilidade de todos os tratamentos disponíveis. Como pessoa, ele se tornou um pouco mais reservado e um pouco menos "disponível". Trabalhou mais do que nunca, viajou mais do que nunca, doou mais generosamente do que nunca e quando veio a público com o seu diagnóstico (...), experimentou em primeira mão as reações mistas que essa confissão traz. (Pimblott et al, sem data)



Bem semelhante aos problemas enfrentados por Cazuza aqui no Brasil. E sabe o que mais? Eu não tenho como terminar esse post de forma melhor do que dar voz ao próprio Keith Haring:


Não importa quanto tempo você trabalhe, sempre vai terminar em algum momento. E há sempre coisas deixadas inacabadas. E não importa se você viveu até 75 anos. Ainda haveria novas ideias. Ainda haveria coisas que desejou ter concluído. Você pode trabalhar por várias vidas. Se eu pudesse me clonar ainda haveria muito trabalho a fazer - mesmo se houvesse cinco de mim. E não há arrependimentos. Parte da razão de eu não estar tendo dificuldade em enfrentar a realidade da morte é que ela não é uma limitação, de certa forma. Poderia ter acontecido a qualquer momento, e isso vai acontecer um dia. Se você vive sua vida de acordo com isso, a morte é irrelevante. Tudo o que estou fazendo agora é exatamente o que eu quero fazer".

sábado, 30 de outubro de 2010

E, como sempre, ele tem a razão

"Perfeição é coisa pra menininha tocadora de piano". (Nelson Rodrigues)
(
Por favor, não me deixem esquecer disso).

sábado, 16 de outubro de 2010

Momento mulherzinha

Tudo bem que tem gente que diz que o IC é um blog cabeça, mas, antes de tudo é um espaço democrático. É um espaço para o bom gosto. E tudo bem que no quesito "homem", meu dedo é podre, como já me disseram algumas amigas, mas isso não pode ser impedimento para que eu aprecie os mais bem acabados da espécie. Sim, claro, até com respaldo de Cazuza, que dizia sabiamente que é a tal da futilidade que nos salva. E pra mim que tenho vivido momentos tensos durante o dia, chegar em casa e dar de cara com a edição de outubro da Rolling Stones foi um bálsamo. Meninas, apreciem:


Foi pouco, eu sei. Mas como eu estou numa fase bem generosa (e até paciente demais), coloquei outras. Até por que, pra quê se contentar com pouco se você pode ter mais?







Os sem-graça, chatos, bobos e infantis que me perdõem, mas ser homem é fundamental. Ok, ok, pelo menos na aparência, ele e tudo, né?

sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Lições para um repórter de rua

Dia a dia de repórter é difícil, pode acreditar. Começa pelo horário - você pode até saber que horas começa, mas nunca a hora que vai conseguir apurar tudo e dizer tchau ao editor. É cansativo, muitas vezes penoso, mas a gente se diverte (ou não) e aprende (e muito) todos os dias.

Fui pautada para acompanhar a volta ao trabalho dos bancários, que estavam em greve desde o dia 29 de setembro. Às 10h, já estava pelo meio do mundo, perguntando às pessoas sobre eventuais problemas causados pela paralisação de 15 dias. Olhem, é na rua, abordando estranhos e buscando informações, onde estão as verdadeiras lições do jornalismo.

Entrei com a fotógrafa Nathália Bormann na agência da Caixa Econômica Federal que fica próxima ao Teatro de Santa Isabel para conversar com as pessoas que estavam na fila sobre seus afazeres nesse primeiro dia de retorno. Eis que abordo uma senhora negra, aparentemente de uns 40 anos:

- Bom dia, como é o nome da senhora?
- Bom dia, é Marize...
- Com "z" ou com "s"? [eu, anotando]
- Não sei, olhe aqui... [ela, me entregando a carteira de identidade]
- É com "z", dona Marize... a senhora faz o quê?
- Tomo remédio controlado
- Ah, sim... e a senhora veio fazer o quê aqui no banco?
- Vim buscar o auxílio moradia. R$ 150, minha filha, vê se pode... 

E dona Marize me contou que completa o aluguel do apartamento onde vive com mais sete pessoas com mais R$ 100. "Não dá pra nada", resmungou, antes de seguir na fila. Dona Marize estava naquela fila pra pedir nova senha ao banco - ela não lembrava mais da antiga e esperou os 15 dias da greve para sacar o dinheiro.

Eu aprendo todo dia que o mundo aí fora é bem grande. Muitas vezes, triste e injusto.

quarta-feira, 13 de outubro de 2010

"Cada um enxerga o que quer ver"

Do Acerto de Contas, a velha (e caquética) imparcialidade do jornalismo:


Na legenda da foto, lê-se:

SEM COMUNHÃO Dilma assiste a missa em Aparecida (SP) ao lado de Gabriel Chalita (PSB); ela não comungou e deu a entender que a doença a reaproximou de Deus”

Leitor, duvide, investigue, use o google:



Ambas imagens, de Joel Silva, da Folhapress.
Preocupante.

terça-feira, 12 de outubro de 2010

Na agulha

Baby, suporte
Composição: Cazuza



Suporte baby, baby suporte
Suporte baby, baby suporte

Amor escravo de nenhuma palavra
Não era isso que você procurava?
Não viu no fundo da retina a mágoa?

A luz confusa onde tudo é o nada...

A esperança está grudada na carne
Que diferença há entre o amor e o escárnio ?
Cada carinho é o fio de uma navalha

Oh, baby, não chore
Foi apenas um corte
A vida é bem mais perigosa que a morte
Suporte
Oh, baby, suporte

Suporte baby, baby suporte
Suporte baby, baby suporte

sábado, 2 de outubro de 2010

"Brasil, mostra a tua cara"

Bem, às vésperas do dia em que é fundamental lembrar quem somos, eu achei essa notícia do site de Cazuza. Trata-se do manuscrito de "Brasil", presente de George Israel para Serginho Groisman.

É bom lembrar do que diz a letra. É bom lembrar que ela foi escrita em 87 e continua fazendo todo sentido. Na verdade, é triste.


Não, inveja é coisa feia, medito.


"Sempre tive horror de política, mas tem coisas que você não precisa saber, qualquer burro vê. 'Brasil' é uma música crítica mas não tem nada a ver com uma fase 'política'. Eu simplesmente passei o ano passado (86) do lado de dentro e quando abri a janela, vi um País totalmente ridículo. O Sarney, que era o não diretas, virou o 'rei da democracia'. 'Os fãs de hoje são os linchadores de amanhã' (frase de Millôr citada em "Vai à luta"). O Brasil é um triste trópico".

Cazuza, em 20/03/1987

quinta-feira, 30 de setembro de 2010

Papo furado de trânsito [1]

Saindo do jornal hoje, aproveitando para dar uma caroninha ao meu querido André Clemente e aproveitando mais de sua agradável [e sempre compatível] companhia, conversávamos sobre os professores figuras que tivemos na época da Católica. Foram vários, mas duas professoras especificamente têm espaço garantido no coração da gente. É uma identificação que temos, os dois, por pessoas que conseguem ser "grosseiras" sem perder a classe. Sabe a doce "acidez" de ser inteligente e chato? É isso...

É difícil de entender, então, vamos a elas. Por ordem alfabética.

Neide Mendonça é uma senhora (não arrisco chutar sua faixa etária, tenho medo), aliás, é a "senhora" da Língua Portuguesa. Mas digamos que ela é direta, curta e grossa. Prática. É ela mesma aí nessa foto, que eu achei ilustrando essa matéria do Diario de Pernambuco. Mas não se engane muito com o sorrisão não...

Contei eu a André que, quando pagava cadeira com ela, chegou o dia de apresentar trabalhos. Lembro de ter lido incansavelmente o texto que me cabia para não fazer feio. Não tinha um pé de gente naquela sala que não morresse de medo de Neide. Só que um teve a ousadia de chegar lá na frente da turma, pior, na frente de Neide, e começar a ler o texto. Ao que ela interrompeu:

- Meu filho, alfabetizado eu sei que você é. Se for pra ler, pode sentar. Não perdemos nem o meu tempo nem o seu.

[quem arrasa com um é ela!]

Então André me contou que quando ele era seu aluno, Neide perguntou em sala como a turma fazia para identificar um erro de grafia [nunca diga erro de "ortografia" perto de Neide, o fora é certo*], para identificar se uma palavra estava escrita de forma correta. Uma pobre alma respondeu:

- Professora, eu escrevo de várias formas e utilizo a memória visual para identificar a correta...

E Neide:

- É uma saída... de ignorante, mas é uma saída.

E André morreu de rir. Eu também.


Stella é o mesmo tipo. Aliás, é um tipo mais ameno, mas não menos ácido. Filipe (meu amigo Filipe Falcão) costuma dizer que Stella Maris Saldanha é a "dama da tv pernambucana". André e eu assinamos embaixo. A elegância passou por ali e ficou.

Pois então.

Stella foi professora da minha turma em três das quatro cadeiras que pagamos de televisão. Em TV 1, avisava logo que a leitura de "Chatô, o Rei do Brasil" era obrigatória e, pra piorar, com prova oral. E fez mesmo. Lembro até que tirei um 8, em companhia do eu amigo Rodrigo Raposo.

Mas vamos aos clássicos "stelísticos". 

Filipe contava (fique claro que não sei se é lenda) que certa vez, assistindo a um stand up de uma aluna, Stella interrompeu e disse:

- Algo em você incomoda ao telespectador, mas ainda não sei o que é...

E reviu o vídeo mais duas vezes, até que:

- Aaaaah... é que você tem os olhos 'assimétricos'. Eu não sei se é o caso de uma intervenção cirúrgica ou se uma maquiagem resolveria o problema.

[Nesse momento, André diz: palmaaaaaaaaaas!!!]

Em outra vez (essa eu estava na sala), ela virou-se para uma colega nossa e disse, com o script da matéria na mão:

- Minha filha, antes de qualquer coisa, sugiro que você faça um investimento em você. Compre uma gramática... seus erros de Português são inadmissíveis para uma aluna de jornalismo.

[momento tenso de silêncio...]

Num outro momento, também na nossa sala, Stella assistia a uma matéria de uma colega nossa. Até que aparece "Fofão", o dono de um dos bares do entorno da Católica. Digamos que Fofão não é das pessoas mais bonitas do Recife. Ele mais parece que pegou varíola... Stella então manda o pessoal parar a fita e diz:

- Minha filha, como é que você coloca um ser tenebroso desse no vídeo?

A "repórter" se zangou com o "preconceito" da professora, que deu logo um corte:

- Nada, menina, nada pode chamar mais atenção na reportagem do que a notícia. Nem você, nem seu cabelo, nem seus brincos e, muito menos, o personagem.

Mas Stella tem uma coletânea de frases impagáveis:

- "Olhe, Tatiana, sua matéria sai do nada para canto nenhum" - sim, essa foi comigo.
- "Você tem a voz infantilizada. E quem vai dar credibilidade a uma criança?" - essa foi com uma amiga nossa, Ana Patrícia.
- "Meu filho, o seu sotaque não precisa gritar: EU SOU DE CARUARU" - essa foi pra André.

Ai, ai... Neide e Stella são tudo! E que fique claro que são profissionais exemplares, excelentes mestras! Amor eterno às duas!

* segundo Neide ensinou: ORTOGRAFIA ["orto" - correta; "grafia" - escrita]

segunda-feira, 27 de setembro de 2010

"E eu vou ensinar a você tudo o que eu sei..."

Eu tenho um amigo que, vez ou outra, resolve filosofar sobre o universo feminino. Confesso que até agora não encontrei muita conexão entre as teorias de "Bonifácio" e as minhas verdades, mas as coisas são assim, tendem ao desencontro. Tenho muitos outros amigos homens e a nítida impressão de que eles entendem pouco nada sobre mulheres.


E falando nisso, estava lendo um texto sobre o filme “Comer, amar, rezar” de tanto ouvir as pessoas falando sobre o livro (homônimo). Eu ainda não vi, mas verei. Verei para atestar se não se trata de mais um clichê sobre o universo feminino, já tão incansavelmente debatido. Mas eu vou de boa vontade, já que o trailer é, digamos, inspirador.


[Dá até vergonha de dizer isso, machista que sou. Mas é isso mesmo. Deixemos a veia canceriana se sobressair um pouco]


A crítica de Martha Mendonça, de Época, destrincha um filme fácil de gostar, embora longo; fácil de gostar, embora livre dos clichês "novelísticos" que tanto buscamos,  mesmo que  inconscientemente.


[Penso nisso quando lembro do final de uma novela de Globo (sim, eu via, quando estava em casa à noite) em que a protagonista não terminava com seu par romântico oficial]


Pois então. Eu devo ir ao cinema ver o filme e, aí sim, dou minha singela opinião aqui. Estava em dúvida sobre a ordem: se lia o livro ou via o filme primeiro. Mas como Saramago ta na frente, melhor nem esperar.
Em Comer, rezar e amar, é uma mulher que cumpre essa jornada, que se torna ainda mais forte com o peso de ser uma história real. Para os homens, o fim da saga é geralmente feito de louros, poder ou dinheiro. Para as mulheres, depois da jornada e da tempestade, a bonança pode ser um homem que a faça feliz – e até atender pelo nome de Javier Bardem. E o melhor é ter toda a liberdade para dizer: e daí?
Não sei não. A cada dia, tenho mais dúvidas, mas ainda acho que há o que ensinar sobre isso. E aprender.



***

Eclipse oculto

A música é de composição de Caetano, eu sei. Inclusive, já falei dela em outro post.
Eu gosto demais na versão com o Barão Vermelho, mas para ouvir na voz do baiano, clica.

domingo, 26 de setembro de 2010

A valise mexicana*

A Guerra Civil Espanhola (1936-1939) através das lentes de Robert Capa, Gerda Taro e Chim (David Saymour). Tocante.
*Registro do ex-colega Alexandre Belém, aqui.


GERDA TARC – Multidão na porta do necrotério após ataque aéreo, Valencia, Espanha (maio,1937) – © International Center of Photography

sábado, 25 de setembro de 2010

Revivendo Jericoacoara

Então aproveitando que eu to aqui num banzo danado, faço um registro sobre a viagem à Jericoacoara, no Ceará. Já teve gente me perguntando o que precisava para fazer uma viagem dessas.
Pois vamos lá.

1. Uma dieta balanceada para aguentar 18 horas de viagem, desde o Recife, pegando carro, ônibus e jardineira







2. Arrume um motorista gentil, que torne a viagem o mais agradável possível




3. Aproveite os dotes de chef dos amigos





 4. O conforto do transporte local






5. A cidade dispõe de toda infraestrutura necessária para fazer da sua viagem o mais agradável (e segura) possível



6. Conte também com a solidariedade nos momentos de apuros






7. Animais exóticos e vegetação exuberante






8. Arquitetura de primeira






9. Paisagens inesquecíveis



10. Menu variado






11. Sombra e água (doce) fresca

12. Esportes radicais



13. E um banzo de leve, né?



14. De fato, um lugar de difícil acesso