segunda-feira, 30 de outubro de 2006

Analisando...

Os assuntos postos em pauta nesse espaço são sempre delírios dos meus miolos. Seguem em duas vertentes: a jornalística, quando eu paro para analisar fatos e dar-lhes um singelo pedaço em meus pensamentos, e o “egocentrismo”.

Esse último remete-me ao romantismo literário. Canso de dizer nas aulas que o poeta romântico, quando fala de sentimentos, reflete simplesmente aquilo que acontece dentro dele (é o que se define como o tal “egocentrismo”, característico dessa escola). Levanto uma série de exemplos que ilustram esse que é o mais popular gênero da literatura e questiono o porquê de ser tão fácil nos identificar com ele. Diante daqueles olhares perplexos, alguém diz que o que sentimos é sempre igual...

– “Você refere-se a quê?”, perguntei.

- “Ah, Tati. Sei lá. Acho que no fundo somos todos iguais”, respondeu aquela figura com cara séria na minha frente.

- “Natureza humana?”

- “É, isso mesmo.”, completou, perplexo.

Eu fiquei contente dele ter pensando tão “além”. Ele ficou ainda mais empenhado em ouvir tudo aquilo que eu falava. Parecia buscar, novamente, o fio da meada.

Palavras são preciosas

Semana passada, em uma apresentação que fiz sobre mim mesma, disse aos analisadores, que “a música é a mais inteligente forma que o homem encontrou de usar as palavras”.
Entretanto, uma gramática poderia ser comparada a um livro como as Barsas que meu avô tinha e eu adorava. Espécies mais diversas de palavras... de todos os tipos.

Palavras-fraternas

Lucas e eu conversando:

Tati... diz:
ai, meu deus...
Tati... diz:
vc me inclui nesse quebra-cabeças...
menino bonito diz:
claro
menino bonito diz:
pq sem vc ia ficar incompleto

Palavras-filosóficas

Meu Preto em um monólogo:

E DEUS DISSE: NÃO MATARÁS! diz:
Tati, eu to numa fase de determinação do meu futuro
E DEUS DISSE: NÃO MATARÁS! diz:
Meu irmão completou hoje 35 anos e ao invés de dar parabéns a ele ,eu dei meus pêsames, pois é um homem de 35 anos que não tem porra nenhuma
E DEUS DISSE: NÃO MATARÁS! diz:
e disse ainda mais, que não quero chegar até essa idade da forma que ele chegou
E DEUS DISSE: NÃO MATARÁS! diz:
é ele é uma pessoa que sempre deixou as oportunidades da vida passarem e ficou com a boca escancarada, cheia de dentes, esperando sabe lá o quê passar

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Diante de todas, eu ainda fico com as minhas músicas, embora seja muito difícil de escolher aquela que mais enche o peito.

No que diz respeito as que eu direciono a alguém, elas tomaram proporções muito maiores do que eu jamais pude cogitar. Eu só não conseguia criar uma espécie na qual as pudesse classificar. Então, hoje pela manhã, eu li uma entrevista com Lya Luft no JC, e foi ela quem acabou criando a nomenclatura. De início, ela diz:

- “ Escrever é lidar com meus fantasmas”.

Depois arremata:

- “Palavras e silêncio são complementares como bons amantes”.

Eu não entendo bem o que ela quer dizer, mas sinto perfeitamente que são verdades.

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Musique-se

Disritmia

Zeca Baleiro

Eu quero me esconder debaixo dessa tua saia, pra fugir do mundo
Pretendo também me embrenhar no emaranhado desses seus cabelos
Preciso transfundir teu sangue pro meu coração, que é tão vagabundo

Me deixe te trazer num dengo pra num cafuné fazer os meus apelos
Me deixe te trazer num dengo pra num cafuné fazer os meus apelos

Eu quero ser exorcisado pela água benta, desse olhar infindo
Que bom é ser fotografado, mas pelas retinas dos seus olhos lindos
Me deixe hipnotizado pra acabar de vez com essa disrtimia

Vem logo, vem curar teu nego que chegou de porre, lá da boemia
Vem logo, vem curar teu nego que chegou de porre, lá da boemia

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66 dias e uma ansiedade chata...
Mais trabalhos! Odeios câmeras na minha frente! Odeio microfones!

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